sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

POUCAS & BOAS - artemisiodacosta@hotmail.com (Do Jornal Correio da Semana - Sobral-CE - Sábado - 22.02.25)

 "Isso me aguneia!" 

Essas palavras ainda ecoam na minha memória. Não porque minutos depois a pronunciante partiu, mas porque foram proferidas, com seu Português de quem nunca foi à escola, por alguém que marcou profundamente minha vida e por causa do seu insistente apelo que não era escutado.

Naquele momento, entendi perfeitamente seu pedido, reforcei-o junto àqueles que a “aguneiavam” e fomos atendidos. Creio que foi ela direto para o céu, pois era uma santa pessoa. 

Certamente o leitor esteja a perguntar: Mas qual a razão da “aguneiação” daquela pessoa? O que a inquietava tanto naquela ocasião?

A resposta é muito simples: Mesmo que sem querer, parte daquelas pessoas estava faltando com respeito à privacidade da doente e, principalmente, àquilo de que mais necessita alguém cuja vida se esvai lentamente: a paz, a tranquilidade e o silêncio nos últimos momentos.

Além do carinho, da atenção e do cuidado da numerosa família que a cercava, o excesso de vontade de que ela não se fosse, expressado através de orações em voz alta, mescladas com choro e imposição de mãos. Naquele momento, ao redor da velhina levantavam suas preces várias pessoas, dentre as quais, destacavam-se um católico, um evangélico e um espírita e cada um querendo demonstrar mais poderosa sua comunicação com o Criador. Mas aquele falatório, misturado ao choro dos demais assistentes, irritavam demasiadamente a moribunda, a ponto de ela exigir: “Parem, parem! Isso me aguneia!”

Ainda bem que tal fato ocorreu no seu lar e no meio dos seus, onde é mais fácil controlar os parentes e os visitantes rezadores.

Lamentavelmente, situações parecidas estão a acontecer em diversos hospitais, Santas Casas e abrigos de idosos. Tenho conhecimento de que até doentes em recuperação, sem risco de morte, estão sendo frequentemente perturbados por grupos de religiosos, que, mesmo bem-intencionados, estão trazendo transtornos aos pacientes.

Deliberadamente invadem apartamentos ou casas e se põem a orar em voz alta, impor mãos (nem sempre limpas)m tentando forçar o moribundo a que acompanhe a reza e até forçando a registrar/fotografar aqueles momentos angustiantes. Possivelmente, para depois serem exibidas como curadas pelos dons dos rezadores. Alô, alô, direção de hospitais!

Creio demais na oração, nas preces ecumênicas e sem alarido ou totalmente numa corrente espiritual silenciosa. Não só acredito nessa forma de orar, como também até sugiro e estimulo sempre que posso. Isso não somente para pedir ajuda nos momentos difíceis, mas também para agradecer nos momentos alegres. Só que tudo a seu tempo, lugar e respeitando cada situação.

Agora, em casos como o retromencionado, que prevaleça o bom-senso: os irmãozinhos repensem a ocasião e o local de suas rezas; a direção do Hospital faça valer as regras que primam pelo bem-estar dos pacientes; e todos priorizem a privacidade, a paz, a tranquilidade e o silêncio de alguém que busca recuperar a saúde ou mesmo que está em seus últimos momentos finais, procurando agarrar-se à mão de Deus e seguir em paz para a eternidade.

 ***** 

20 anos: Domingo sangrento 

Num domingo, 27 de fevereiro de 2005, em Sobral, Pedro Pecy Barbosa de Araújo, de 57 anos, Juiz de Direito, matou com um tiro na nuca José Renato Coelho Rodrigues, 32, vigilante do Supermercado Lagoa nesta cidade. Depois do crime, Pecy fugiu para Fortaleza, apresentou-se no Tribunal de Justiça do Estado, mas foi julgado somente seis meses depois. Por ter sido filmado pelas câmeras internas do estabelecimento comercial, o assassinato ganhou repercussão nacional e internacional. 

Motivação

Testemunhas e os autos citam que, mesmo já estando o Supermercado com expediente encerrado o Juiz Pecy tentava ingressar na empresa. Cumprindo ordens da direção, o vigilante Renato não permitiu seu ingresso, razão pela qual o magistrado ficou furioso. Apesar disso, a fim de tentar acalmar ânimos, a gerência permitiu seu acesso. Só que, em vez de efetuar a compra desejada, Pecy foi em direção a Renato, fisicamente frágil, esbofeteou-o a ponto de derrubá-lo. Com o vigilante já no chão e sem esboçar nenhuma reação, o juiz Pecy deu o tiro de misericórdia na nuca de Renato.   

Triste fim

Acusado de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e sem dar chance de defesa a vítima, o Juiz Pecy foi condenado a 15 anos de reclusão em regime fechado e à perda do cargo. Em 1º de julho de 2008, quando cumpria a pena numa cela especial no quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza, o juiz começou a sentir fortes dores no peito, sendo levado para a UTI do Hospital Unimed daquela capital. Faleceu no dia 08 do mesmo mês, aos 60 anos. 

Lição de vida

Como de tudo que acontece, seja de bom ou de ruim, pode-se e se deve extrair grandes ensinamentos disso. Segundo depoimentos de quem presenciou esta tragédia, ficou evidente que extrapolaram a arrogância e a imprudência por parte de quem tinha o dever de promover o respeito à lei, a ordem e a paz - o magistrado. Infelizmente, trata-se de uma falha clamorosa e inadmissível em que muita gente continua incorrendo. 

Portanto...
Fica o alerta para a necessidade de exercitar mais a humildade e o equilíbrio emocional da parte de quem tem o poder (da lei) nas mãos e o poder econômico ou ocupa cargos importantes. Com isso, evitar-se-ia a repetição de ocorrência de mais casos da espécie. Que fique esta lição! E a nós compete pedir a Deus que tenha compaixão das almas do Vigilante Renato e do Juiz Pecy!
 

Fazendo a festa

Ainda sobre terrenos baldios, à prefeitura, que parece estar preferindo optar pelo bem-estar do especulador ao dos moradores, vai daqui uma dica simples e prática: manda limpar o terreno, joga algumas carradas de areia, alguns balancinhos e pronto: está feita a festa para a meninada. Daí pra frente o proprietário do terreno que busque a justiça ou espere a meninada enjoar de brincar. 

Pérolas do Rádio

“Apresento seu progama sem poblema”, disse um radialista visando substituir um colega. Só que o “poblema” era o problema. A proposta foi recusada educadamente. Que da próxima vez ela seja pelo menos formulada assim: “Apresento seu programa sem problema”. 

DOMINGO NA EDUCADORA FM 107,5 - SOBRAL-CE

ÁUDIO: https://www.radios.com.br/play/12869

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Neste domingo (23), das 10h30 às 12h30, PROGRAMA ARTEMÍSIO DA COSTA, na Educadora FM 107,5 de Sobral. Com notícias, reportagens, entrevistas, curiosidades e música de boa qualidade. DESTAQUE: Entrevista, com o radialista, jornalista e escritor sobralense FIRMINO DIAS LOPES, há anos radicado em Curitiba (PR); Participe: 3611-1550 // 3611-2496 // Facebook: Artemísio da Costa.

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