As
manifestações foram convocadas por entidades sindicais, como a Central Única
dos Trabalhadores (CUT) e União Geral dos Trabalhadores (UGT), e coletivos como
a Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo, o Movimento dos Trabalhadores
sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em São
Paulo, a manifestação começou na Avenida Paulista e seguiu pela Vila
Mariana até o prédio do antigo Destacamento de Operações de Informação - Centro
de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), onde eram presos e torturados os
adversários da ditadura cívico-militar instaurada em 1964.
O
sentido simbólico das manifestações foi o de ressaltar a importância da defesa
da democracia e lembrar como a última ditadura impedia as vozes e os
atos. Para uma das participantes do ano, Lenir Correia, a anistia dos atos
de 8 de janeiro viria como uma carta branca para futuras tentativas de golpe:
"É contra a injustiça que estamos aqui. Ele [Bolsonaro] foi uma pessoa que
agiu contra o Brasil."
"Quebraram
todo o Congresso, picharam, fizeram o que fizeram. Trata-se de defender tudo
que é público, que é nosso", completou Lenir. Para ela, este tipo de
protesto é importante para aumentar o número de pessoas contra a anistia e
contra atos deste tipo.
Para
o manifestante Sada Shimabuko, discutir anistia agora equivale a se
colocar contrário à democracia. Para Rosemeire Amadeu, que também acompanhava a
manifestação, com uma anistia é questão de tempo para que surjam novas
tentativas de golpe.
Também
participante do ato, Emmanuel Nunes disse que é importante dar apoio para
que os réus sejam julgados nas vias normais, segundo o processo legal.
"Para que não haja um conflito de poderes, pois se o Legislativo vota a
anistia geraria uma crise entre poderes muito grande. Então a gente tem que
garantir que haja o julgamento, e é importante o recado das ruas",
concluiu.
Rio
de Janeiro
Na
capital fluminense, o domingo foi de planfletagem e de mobilização para o ato
unificado contra a anistia que ocorrerá nessa terça-feira (1º). Quem
passou por pontos da cidade, como a Feira da Glória, na zona central da cidade,
pelo Museu da República, pelo Aterro do Flamengo e Praia de Copacabana, na zona
sul, por pontos do Grajaú, na zona norte da cidade, encontrou grupos com
cartazes, adesivo e panfletos.
"É
uma questão que envolve pessoas de direita, pessoas de centro, pessoas de
esquerda, pessoas que defendem a democracia. Essa é uma pauta até
suprapartidária", defendeu Sérgio Santana, que faz parte da Associação
Brasileira de Juristas pela Democracia e da organização Advogadas e Advogados
Públicos para a Democracia e estava na manhã deste domingo participando da ação
em frente ao Museu da República, no bairro do Catete.
O
grupo conversava com as pessoas e entregava materiais explicativos, que
defendem que os atos orquestrados e até mesmo os planos para envenenar o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva são criminosos e que aqueles que
participaram de alguma forma devem ser punidos.
"Nós
estamos aqui contra o golpe. Nós não queremos nem ditadura, nem tortura nunca
mais. Esse é o nosso lema", diz Regina Toscano, que também participou da
ação e faz parte do Núcleo Resistência do PT.
Na
terça-feira, ocorrerá o ato unificado no Rio de Janeiro. Os manifestantes
caminharão do edifício que abrigou o Departamento de Ordem Política e Social
(Dops) até a sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
A
manifestação lembra também o aniversário do golpe de 1964 (31 de março),
com o início da ditadura, e a busca ainda hoje pela preservação da memória, por
verdade e por justiça. Segundo Sérgio Santana, o golpe de 1964 e os atos
golpistas estão relacionados na medida em que atentam contra o Estado
Democrático de Direito.
Vários
outros atos foram registrados pelo país, porém com menor participação do que em
São Paulo. Em Brasília, a manifestação aconteceu no Eixão Norte, altura das
quadras blocos 106 e 107. Belo Horizonte, Fortaleza, São Luís, Belém, Recife e
Curitiba foram outras capitais com mobilizações previstas para este
domingo. (JB/Ag. Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário