Os
dados foram divulgados nesta sexta-feira (27) pela Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No
trimestre anterior, encerrado em fevereiro, a taxa era de 6,8%. Já no mesmo
período do ano passado, 7,1%.
Além de
ser recorde para o período, o IBGE aponta que outros dados da pesquisa são
também os melhores já registrados, como o patamar de empregados com carteira
assinada, o rendimento do trabalhador, a massa salarial do país e o menor nível
de desalentados - pessoas que, por desmotivação, sequer procuram emprego -
desde 2016.
A desocupação de
6,2% no trimestre representa 6,8 milhões de pessoas. Esse
contingente fica 12,3% abaixo do apurado no mesmo período do ano passado, ou
seja, redução de 955 mil pessoas à procura de emprego. O Brasil terminou o
período com 103,9 milhões pessoas ocupadas, alta de 1,2% ante o trimestre
anterior.
Mercado
aquecido e resistente
De acordo com o
analista da pesquisa William Kratochwill os dados mostram a economia
aquecida, resistente a questões externas do mercado do trabalho. Segundo ele,
as informações retratam que efeitos da política monetária (juro alto) não
afetou o nível de emprego.
"Observando
os dados, está claro que o mercado de trabalho continua avançando,
resistindo", disse a jornalistas.
Ele
acrescenta que é esperado para os trimestres mais próximos do fim do ano novos
recuos na taxa de desocupação, mas que isso depende de medidas do poder
público.
"Como estamos
com economia aquecida, o que vem pela frente vai depender muito das políticas
econômicas", aponta.
Desde
setembro do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco
Central (BC) tem mantido trajetória de alta da taxa básica de juros da
economia, a Selic, de forma a conter a inflação, que está acima da meta do
governo. A inflação oficial acumula 5,32% em doze meses, acima da meta, que tem
tolerância até 4,5%.
O juro mais alto –
atualmente em 15% ao ano - encarece o crédito, de forma que desestimula o
consumo e investimentos produtivos, o que tende a, por um lado, frear a inflação;
por outro, desaquecer a economia e o nível de emprego.
Carteira
assinada
A
pesquisa do IBGE apura o comportamento no mercado de trabalho para pessoas com
14 anos ou mais e leva em conta todas as formas de ocupação, seja emprego com
ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo. São
visitados 211 mil domicílios em todos os estados e no Distrito Federal. Só é
considerada desocupada a pessoas que efetivamente procura emprego.
O número de
trabalhadores com carteira assinada no setor privado foi recorde: 39,8 milhões,
apontando crescimento de 3,7% na comparação com o mesmo trimestre do ano
passado.
O IBGE
estima que a taxa de informalidade – proporção de trabalhadores informais dentro
do total de ocupados – ficou em 37,8%. São 39,3 milhões de informais. Esse
nível de taxa fica abaixo da registrada no trimestre anterior (38,1%) e do
mesmo período do ano passado (38,6%).
De acordo como
IBGE, além da estabilidade no contingente de trabalhadores sem carteira
assinada (13,7 milhões), ajudou a diminuir a taxa de informalidade a alta de
3,7% do número de trabalhadores por conta própria com CNPJ (mais 249 mil).
O
Brasil fechou março com 26,1 milhões de trabalhadores por conta própria, o maior
contingente já registrado. Dessa forma, de todos os ocupados, 25,2% são por
conta própria. Dentro desse universo, 26,9% são formalizados com Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).
“As pessoas
percebem o mercado favorável, com mais pessoas trabalhando. Se ela não
encontrou trabalho como empregado, ela percebe que existe a possibilidade de um
trabalho autônimo e entra no mercado. Muitas vezes, com aquecimento da
economia, essa pessoa sente necessidade de se formalizar”, analisa Kratochwill.
Menos
desalentados
A pesquisa revela
que o número de trabalhadores desalentados foi de 2,89 milhões de pessoas, o
menor desde 2016. De acordo com William Kratochwill, a queda pode
ser explicada pela melhoria consistente das condições do mercado de trabalho.
“O aumento da ocupação gera mais oportunidades, percebidas pelas pessoas que
estavam desmotivadas”, diz.
De
todas as atividades pesquisadas, o IBGE identificou que apenas o grupo
administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e
serviços sociais teve crescimento no número de ocupados (+3,7% ante o trimestre
encerrado em fevereiro).
De
acordo com o analista, isso tem a ver com características do período, marcado
pelo início do ano letivo. “Incentiva a contratação no setor público, tanto professores
como outros profissionais que dão suporte, como cozinheiros”, explica.
Rendimento
O rendimento médio
do brasileiro foi recorde, alcançando R$ 3.457. O valor é 3,1% superior quando
comparado ao mesmo trimestre do ano anterior. A massa de
rendimentos - total de salários recebido pelos brasileiros – também foi a maior
registrada, atingindo R$ 354,6 bilhões, dinheiro na mão dos trabalhadores, que
pode ser usado para movimentar a economia ou poupança.
O
mercado formal aquecido levou ao recorde no número de pessoas
contribuintes para instituto de previdência, que alcançou 68,3 milhões de
pessoas.
(Ag.
Brasil)
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