O
movimento para pressionar por uma punição partiu de bolsonaristas que
acreditavam que a eventual medida enfraqueceria a imagem do magistrado —
responsável pelos interrogatórios de Bolsonaro e outros sete investigados — e,
em última instância, poderia até desestabilizá-lo. O deputado federal
licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que atua diretamente nos Estados Unidos
nessa articulação, vinha alimentando expectativas de que uma resposta do
governo de Donald Trump viria ainda em maio.
A
expectativa era que a sanção enfraquecesse Moraes às vésperas das oitivas,
afirmaram fontes próximas ao entorno bolsonarista. Os depoimentos dos réus da
trama golpista, no entanto, ocorreram sem qualquer interferência internacional,
e o ministro do STF seguiu conduzindo os interrogatórios normalmente.
Até o momento, o desdobramento mais concreto dessa ofensiva foi uma carta enviada pelo Departamento de Justiça dos EUA a Alexandre de Moraes, em maio. O documento indicava que ordens judiciais brasileiras — como as que determinaram o bloqueio de redes sociais como o Rumble — não têm validade legal nos Estados Unidos, nem podem ser executadas no país. No dia 21 de maio, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, chegou a declarar que Moraes poderia, sim, ser alvo de sanções por parte da gestão Trump. No entanto, mesmo com essa sinalização, nenhuma medida formal foi anunciada até o momento.
Enquanto
o grupo bolsonarista esperava um gesto de Washington que pudesse alimentar sua
narrativa contra o Judiciário brasileiro, o curso dos processos ligados à
tentativa de golpe que culminou no 8 de janeiro de 2023 avança no Brasil sob
comando do STF, sem que as ameaças externas tenham surtido o efeito desejado.
(JB
- Por Guilherme Levorato)
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