

O
documento - denominado Ampliando o Financiamento de Soluções
Baseadas na Natureza para Proteger a Amazônia: Um Roteiro de Ação -
além de propor uma arquitetura para criar fluxos de financiamento climático
para a Amazônia, também visa consolidar ações que viabilizem o desenvolvimento
da economia verde na região e o fortalecimento da capacidade de implementar
ações sustentáveis no bioma.
A
iniciativa partiu de sete organizações sociais que atuam na região amazônica há
mais de 30 anos, explica Gustavo Souza, diretor sênior de políticas públicas e
incentivos da organização não-governamental Conservação Internacional (CI).
“A
gente vê que essas propostas em favor da Amazônia podem ser construídas dentro
do High Level Climate Champions Office [órgão que articula
governos, investidores e voluntários no âmbito da convenção do clima], para que
a gente possa levar o tema da Amazônia de uma forma com maior visibilidade e
com mais interação com outros setores produtivos, como setor privado e setor
financeiro.”, explica.
Recursos
Segundo
Gustavo, o tema financiamento climático da maior floresta tropical do mundo
ganhou destaque a partir da informação fornecida pelo Banco Mundial de
que, apesar de a Amazônia injetar anualmente na economia pelo menos US$ 317
bilhões - os investimentos para que o bioma permaneça existindo somaram apenas
US$ 5,81 bilhões entre 2013 e 2022. A estimativa da instituição financeira é de
que o mínimo necessário para manter esse ecossistema saudável é de US$ 7
bilhões.
O valor
seria capaz de evitar que o bioma chegue ao chamado ponto de não retorno, limiar
em que os cientistas apontam a conversão de áreas da Amazônia em savana, a
modificação drástica do regime de chuvas e extinção de espécies, decorrentes da
mudança do clima.
De acordo
com Gustavo Souza, o Banco Mundial também trouxe dados que demostram a
destinação de apenas 3% desses investimentos para soluções baseadas na natureza
para reduzir os efeitos das mudanças climáticas e 11% para adaptação das
infraestruturas locais.
Combate
ao desmatamento
“A gente
não chegou nem a 10% dos recursos necessários para evitar o tipping
point [ponto de não retorno] da Amazônia e combater o desmatamento.
Então, esse é o panorama de fundo da carta. Mirando em algumas soluções
inovadoras, ambiciosas, a gente consegue endereçar parte dessa lacuna de
financiamento para a Amazônia”, explica.
Entre as
sugestões de soluções estão o redirecionamento de subsídios de cadeias
produtivas de alta emissão para uma economia verde, a rastreabilidade produtiva
por meio de tecnologias como o uso de imagem de satélite e promoção do
pagamento por serviços ambientais, além do combate à economia ilegal
transnacional como tráfico de animais, bens e especulação imobiliária com
apropriação de terras públicas.
Um dos
instrumentos de destaque para viabilizar as ações é o Fundo Florestas Tropicais
para Sempre (TFFF na sigla em inglês), que projeta a captação anual de doações
de US$ 5 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões deverão ser destinados à floresta
Amazônica, enumera Gustavo. “Isso é quatro vezes mais do que todo o fluxo
financeiro anual que a gente teve nos últimos 10 anos”, reforça.
Mudanças
climáticas
A partir
dessas iniciativas, a proposta é que seja construída uma Declaração Global pela
Amazônia, para que os países que integram a Convenção do Clima assumam o
compromisso de contribuir para que o bioma continue sendo uma frente importante
no enfrentamento às mudanças climáticas.
Para o
diretor executivo da organização não governamental Rainforest Trust,
James Deustch, é fundamental fortalecer os guardiões da floresta, que são os
povos indígenas e as comunidades locais, pelo papel que desempenham na
preservação de toda a vida na terra.
“A
primeira COP do clima a ser realizada na maior floresta tropical do mundo deve
assumir compromissos concretos de apoio financeiro e político para que a
Amazônia e as demais florestas tropicais do planeta continuem a armazenar e
capturar carbono com segurança”, finaliza.
(Ag. Brasil)
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