Carne, frutas e café não entraram na lista de exceções - produtos
exportados em grandes quantidades por Estados que concentram eleitores de Bolsonaro.
Na terça-feira (29/7), o secretário de Comércio dos Estados Unidos abriu
possibilidade de tarifa zero para produtos agrícolas que os americanos não
cultivam — algo que seria aplicado a todos os parceiros comerciais, não apenas
o Brasil.
A agência publicou que "foi um choque para o governo brasileiro,
que teve contato limitado com a Casa Branca nas últimas semanas, confiando em
um grupo de líderes empresariais, incluindo o presidente da fabricante de
aviões Embraer SA, para defender o caso do Brasil em Washington."
A Bloomberg afirmou que Lula "se manteve firme contra a pressão dos
EUA para interferir no sistema judicial e interromper o processo contra o
ex-presidente de direita Jair Bolsonaro" e reforça que Lula sequer teria
poder sobre o Supremo Tribunal Federal. "Sua decisão de defendê-lo, embora
popular no Brasil, também pareceu tornar os aumentos de tarifas
inevitáveis", diz o texto.
Julgamento de Bolsonaro pode impactar as tarifas?
As novas tarifas entrarão em vigor a partir do dia 6 de agosto. Antes a
previsão era que as novas taxas seriam implementadas já na sexta-feira (1º/8).
A agência diz que o desafio de Lula agora "é transformar o
adiamento em uma distensão mais duradoura com o segundo maior parceiro
comercial do país" e que o julgamento de Bolsonaro poderia fazer com que
Trump suspendesse as isenções.
A Bloomberg lembra que Trump e os EUA têm se manifestado repetidamente
sobre o caso nas últimas semanas, com a imposição de sanções da Lei Magnitsky
contra o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, "que já
entrou em conflito com plataformas de mídia social americanas como Trump Media
& Technology Group, Rumble Inc. e X, de Elon Musk."
A Lei Magnitsky é uma das mais severas punições disponíveis para
Washington contra estrangeiros considerados autores de graves violações de
direitos humanos e práticas de corrupção.
Há três consequências principais para quem é colocado na lista de
sancionados pela legislação: proibição de viagem aos EUA, congelamento de bens
nos EUA e proibição de qualquer pessoa ou empresa nos EUA de realizar
transações econômicas com o indivíduo penalizado.
Não há definição clara sobre se ele seria impedido de usar cartões de
crédito. Segundo especialistas, decisões como essa costumam ser analisadas caso
a caso pelas instituições financeiras.
Moraes já estava impedido de entrar em território americano. O
secretário de Estado americano, Marco Rubio, já havia anunciado, em 18 de
julho, a revogação do visto do ministro, seus familiares e "aliados"
— sem detalhar quem são esses.
Também existe a possibilidade do ministro ser impedido de manter conta
em bancos brasileiros com ligação ao sistema americano, já que instituições
financeiras de qualquer país que mantêm contas ou cartões para pessoas punidas
pela Lei Magnitsky podem ser alvo de sanções.
(Fonte: BBC)
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