Foi nesse tom que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se referiu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes durante entrevista à BBC News Brasil concedida em Washington, momentos antes de se reunir com autoridades do governo americano para discutir possíveis novas sanções ao Brasil ou a autoridades brasileiras.
Eduardo Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo chegaram na
quarta-feira (13/8) a Washington para uma série de reuniões com representantes
do governo do presidente Donald Trump.
Eles são vistos, inclusive por autoridades do governo brasileiro, como
dois dos principais articuladores das sanções impostas pelos Estados Unidos ao
Brasil.
Na tarde desta quarta-feira, Eduardo concedeu entrevistas à BBC News
Brasil e à BBC News.
Na entrevista à BBC News Brasil, ele disse que o governo Trump tem diversas outras ferramentas
para exercer pressão sobre o Brasil para que o país, na avaliação dele, volte à
normalidade democrática.
"Trump segue tendo uma possibilidade muito grande na a sua mesa
sobre a aplicação de sanções. Há a extensão da Lei Magnitsky para outras pessoas. Há, na
mesa do secretário Marco Rubio, a retirada de vistos, entre outros mecanismos
de pressão para tentar fazer com que o Brasil saia dessa crise institucional
que nós vivemos", diz o parlamentar.
Eduardo Bolsonaro também não descartou sanções aos presidentes da Câmara
dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre
(União Brasil-AP), caso eles não dêem início à tramitação do projeto de anistia
aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e ao processo de impeachment de
Alexandre de Moraes.
"Se no futuro nada for feito, talvez aí a gente tenha também o
Alcolumbre e o Hugo Motta figurando nessa posição. Eu sei que é o seguinte:
eles já estão no radar e as autoridades americanas têm uma clara visão do que
está acontecendo no Brasil."
Eduardo Bolsonaro tem 41 anos de idade e é o terceiro dos cinco filhos
do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 2014, foi eleito deputado federal pela
primeira vez. Em 2018, foi eleito com mais de 1,8 milhão de votos, o que lhe
garantiu o título de deputado federal mais bem votado da história de do Brasil.
Em 2022, foi reeleito.
Em março deste ano, no entanto, Eduardo Bolsonaro anunciou que tirou
licença do cargo de deputado federal e se mudou para o Texas, onde está vivendo com a sua família. Ele diz
viver em "exílio" numa crítica ao que chama de perseguição política
que ele, seu pai e apoiadores bolsonaristas estariam sofrendo das autoridades,
especialmente, de Alexandre de Moraes.
Desde então, ele se tornou um dos principais defensores das sanções
impostas pelo governo americano ao Brasil.
'Liberdade vale mais do que a economia'
No dia em que Donald Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e
vinculou-as ao julgamento de Jair Bolsonaro por seu suposto envolvimento em uma
tentativa de golpe de Estado, Eduardo foi às redes sociais e celebrou o tarifaço.
"Obrigado a você, presidente Trump – torne o Brasil livre de novo –
nós queremos Magnitsky", disse o parlamentar em uma postagem no X (antigo
Twitter), em uma menção à Lei Global Magnitsky, criada para punir violadores de
direitos humanos e que foi utilizada posteriormente pelo governo Trump para
impor sanções econômicas a Alexandre de Moraes.
Jair Bolsonaro é réu no processo que apura uma suposta trama golpista
para impedir que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
assumisse o poder após vencer as eleições de 2022.
Bolsonaro nega seu envolvimento no caso e alega ser vítima de uma
perseguição política.
Eduardo Bolsonaro é alvo de uma investigação que também tramita no STF e
que apura os supostos crimes: coação no curso do processo, obstrução de
investigação e abolição violenta do Estado democrático de direito.
Um dos fatos investigados pela Polícia Federal (PF) é a suposta atuação
de Eduardo junto a autoridades norte-americanas contra a soberania do Brasil no
caso das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Eduardo classifica os crimes atribuídos a ele como acusações
"fantasiosas".
Atualmente, o destino do mandato do parlamentar é incerto, já que o
prazo da sua licença expirou em 20 de julho.
Nesta quarta, no mesmo dia em que Eduardo chegou novamente a Washington,
Marco Rubio anunciou uma nova rodada de sanções contra autoridades brasileiras,
desta vez contra pessoas envolvidas no programa Mais Médicos, que, segundo
Rubio, faria parte de um "esquema" para explorar a força de trabalho
de médicos cubanos.
Novamente, Eduardo comemorou as sanções.
"EUA anunciam mais restrições e perda de vistos para autoridades
brasileiras! Obrigado Presidente Trump e secretário Rubio", disse o
parlamentar.
Na entrevista à BBC News Brasil, Eduardo Bolsonaro disse que apoiará
qualquer candidato que seu pai apoie caso ele não possa ser o candidato da
direita às eleições presidenciais.
Sobre os impactos do tarifaço sobre a população brasileira, ele defendeu
que ela suporte os efeitos negativos da medida.
"Vale a pena lutar. A nossa liberdade vale mais do que a
economia".
Leia a seguir a entrevista com o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
BBC News Brasil - O senhor teve uma série de agendas hoje em Washington.
Estão sendo preparadas mais sanções contra o Brasil ou contra autoridades
brasileiras?
Eduardo Bolsonaro – Certamente, durante
essas agendas, a gente vai ter a possibilidade de levar as atualizações daquilo
que está acontecendo no Brasil, os últimos acontecimentos como as repercussões
da prisão domiciliar do meu pai, o ex-presidente Bolsonaro, e certamente Trump
segue tendo uma possibilidade muito grande sobre a sua mesa sobre a aplicação
de sanções.
Há a extensão da Lei Magnitsty para outras pessoas. Há, na mesa do
secretário Marco Rubio, a retirada de vistos, entre outros mecanismos de
pressão para tentar fazer com que o Brasil saia dessa crise institucional que
nós vivemos.
Uma grande batalha que nós temos, e a gente tem batido nessa tecla,
seria aprovar, ou pelo menos, apreciar o projeto de lei da anistia [aos
envolvidos no 8 de Janeiro].
Essa é uma pauta do maior partido da Câmara de Deputados, que é o PL,
nosso partido. Há mais de cinco meses o PL tenta pautar sem sucesso.
Chega um momento em que as promessas de tratativas não dão mais certo e,
realmente, você começa a ter algo tido como mais radical, como por exemplo, que
foi a ocupação da mesa da Câmara dos Deputados.
BBC News Brasil – O senhor vai defender diretamente, na Casa Branca,
sanções contra os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi
Alcolumbre?
Eduardo Bolsonaro - O que nós fazemos
aqui é que nós entregamos os nossos pontos de vista, às vezes, documentos, matérias
de imprensa. O que eu posso te dizer é que a própria inteligência americana já
produziu muitos relatórios. Dezenas de relatórios.
Eles têm uma possibilidade muito grande na mesa deles para apertar os
botões que eles entenderem pertinentes e se isso for levado à mesa do
presidente Trump, ou do secretário Marco Rubio ou até mesmo do secretário do
Tesouro [Scott Bessent] eles é que vão escolher o que fazer. Eu sou apenas um
conselheiro informal.
BBC News Brasil - Mas o senhor pessoalmente defende que sanções sejam
impostas a Alcolumbre e Motta?
Eduardo Bolsonaro - Eu acho que
nesse momento você tem que permitir o Congresso trabalhar. A gente está num
momento de pressão, tem muita novidade acontecendo, Alexandre Moraes
sancionado, oito ministros da Suprema Corte que perderam seus vistos.
A gente tem que dar a oportunidade do Congresso funcionar. Eu acho que
nesse momento, agora, não. Certamente, assim como muitos enxergam o
[ex-presidente do Senado] Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como uma peça que protegeu
esse regime, se no futuro nada for feito, talvez aí a gente tenha também o
Alcolumbre e o Hugo Motta figurando nessa posição.
O que eu sei é o seguinte: eles já estão no radar e as autoridades
americanas têm uma clara visão do que está acontecendo no Brasil e sabem que,
por exemplo, o processo de anistia depende de ser iniciado pela mesa do
presidente Hugo Motta.
O processo de impeachment [de Moraes] já tem 41 assinaturas no Senado e
deveria ser ao menos iniciado e tudo está em jogo e acontecendo neste momento.
BBC News Brasil - Deputado, o senhor diz que o Brasil hoje vive uma
espécie de ditadura...
Eduardo Bolsonaro – Só para
ratificar, eu digo que o Brasil hoje vive uma ditadura, não uma espécie de
ditadura. Quero ser mais enfático.
BBC News Brasil - O senhor afirma que o Brasil hoje vive uma ditadura,
mas o Congresso Nacional continua aberto, continua funcionando, com votações
que continuam ocorrendo. Em 2024, houve eleições municipais aqui no Brasil, a
direita venceu em mais de 2,7 mil cidades. Em 2022, o seu partido elegeu a
maior bancada da história. Inclusive o senhor foi reeleito com uma votação
expressiva. Que ditadura é essa que o senhor descreve?
Eduardo Bolsonaro – É a ditadura que
matou o Clezão, que coloca o deputado federal mais votado da história [o
próprio Eduardo Bolsonaro] em exílio nos Estados Unidos e me acusa por crimes
fantasiosos que podem me levar a 20 anos de cadeia se retornar ao Brasil.
É a ditadura que não permite o líder das pesquisas concorrer nas
eleições do ano que vem e que corre, à luz do dia, acelerando o máximo possível
o processo [criminal contra Jair Bolsonaro], inclusive violando a ampla defesa
[...]
Essa é a ditadura que o Brasil vive. Se o Congresso Nacional estivesse
livre, poderia perfeitamente ter iniciado o processo de impeachment de
Alexandre de Moraes ou ter iniciado o processo de votação da anistia. Por que
isso não acontece? Moraes mandou a Polícia Federal na casa do pai do Hugo
Motta, presidente da Câmara.
Depois, chamou o Hugo Motta para conversar num jantar e, depois de
jantar, Hugo Motta mudou totalmente o seu discurso.
Quem antes era a favor da anistia, pelo menos para levar a votação,
depois passou a ser contra a anistia. Me surpreende as pessoas não enxergaram
isso daí como sendo uma ditadura.
[Nota da redação: "Clezão" é o Cleriston Pereira da Cunha,
preso por envolvimento no 8 de Janeiro de 2023 e que morreu, segundo
autoridades, de mal súbito durante um banho de sol em uma penitenciária de
Brasília. Sua família, no entanto, argumenta que ele teria sido submetido a
maus-tratos durante sua detenção]
BBC News Brasil - Ontem, o Departamento de Estado divulgou um relatório
sobre os direitos humanos no Brasil. Esse relatório cita uma piora nos direitos
humanos, mas não classifica o Brasil como uma ditadura ou como um regime
autoritário. Nenhum órgão internacional ou governo internacional corrobora a
tese que o senhor está defendendo...
Eduardo Bolsonaro - É que isso tem um
processo para a mudança de percepção dos outros países. Ela vai amadurecendo com
o passar do tempo.
No passado, você conseguiria imaginar que o The New York Times,
Financial Times e outros jornais internacionais relevantes estariam fazendo
críticas ao ministro da Suprema Corte brasileira?
O mundo está conhecendo Alexandre Moraes nesse momento e eu tenho
certeza que o relatório do Departamento de Estado no ano que vem virá pior.
BBC News Brasil - O senhor vai pleitear junto às autoridades
norte-americanas e quem seriam as autoridades ou setores econômicos, por
exemplo, para quem o senhor defende sanções? O senhor está defendendo, nesse
momento, mais sanções econômicas ao Brasil como um todo?
Eduardo Bolsonaro – Não. Normalmente, eu
pleiteio sanções individuais para pessoas específicas. Por exemplo, para a
esposa do Alexandre Morais, que é o braço financeiro dele.
É uma pessoa que eu não posso entender, que coincidentemente, teve um
sucesso e se tornou milionária após o seu marido ser nomeado para a Suprema
Corte, sendo que a Viviane Barci Moraes advoga em processos dentro da Suprema
Corte. Isso é um caso clássico de corrupção. Ela é uma das pessoas sobre quem
nós pleiteamos que seja sancionada.
Se os próximos acontecimentos no cenário político brasileiro vierem a
transformar outras pessoas em merecedoras de sanção, certamente a gente vai
estar aqui também trabalhando para isso.
Mas eu creio que se Alexandre de Moraes for isolado, não serão
necessárias novas sanções e o Brasil vai poder retornar a ter harmonia entre os
poderes [...] Alexandre de Moraes se comporta como um mafioso [...] Eu não
posso entender que uma pessoa dessas seja merecedora de estar na cadeira do STF
e siga dando as cartas no Brasil. Um juiz está fazendo todo o Brasil de refém.
[Nota da redação: a BBC pediu ao STF uma resposta às acusações feitas
por Eduardo Bolsonaro à mulher de Moraes, mas não havia recebido uma resposta
até a manhã desta quinta-feira]
BBC News Brasil - Alguns estudos apontam que o tarifaço anunciado por
Donald Trump pode afetar até 700 mil empregos no Brasil. Há casos de produtores
de café, de carne e mel que podem perder a produção inteira, que antes estava
destinada à exportação nos Estados Unidos, e isso pode afetar a vida delas
profundamente. Como o senhor se sente sabendo que sua atuação pode vir a
prejudicar a vida dessas pessoas?
Eduardo Bolsonaro – Não é a minha
atuação. É a atuação do regime. Você espera que Lula seja recebido de tapete
vermelho nos Estados Unidos depois de se aliar ao Hamas, depois de criticar o
dólar americano, depois de falar em criar uma moeda dos Brics, depois do Alexandre
de Moraes estar fazendo o que faz com Bolsonaro basicamente a mesma coisa que
Trump sofreu nos Estados Unidos em termos de ativismo judicial querendo jogar
ele na cadeia por dezenas de anos só para tirá-lo do tabuleiro político? [...]
O Brasil está se comportando mais como um país parecido com a Venezuela
do que com os Estados Unidos. Uma ditadura merece sanção. Não sou eu (o
responsável).
O responsável por tudo isso é o Lula que dá suporte ao regime
capitaneado pelo Alexandre de Moraes. E os brasileiros estão entendendo que
existe um sacrifício a ser feito.
Eu não estou preocupado com cálculo eleitoral ou se isso vai aumentar ou
diminuir a popularidade. Eu estou preocupado com a liberdade do meu país e a
liberdade vem antes da economia.
BBC News Brasil – O senhor diz que não está preocupado com cálculo
eleitoral, mas o senhor está preocupado com o prejuízo que o tarifaço anunciado
por Donald Trump vai ter na vida cotidiana de milhares de brasileiros?
Eduardo Bolsonaro - Estou preocupado [com
a possibilidade] de o Brasil consolidar esse regime e viver durante décadas
igual a Cuba, igual à Venezuela. Se a gente chegar nesse ponto, o Brasil vai
ter saudades de um tarifaço de só 50%. Eu estou preocupado em resgatar a dignidade
do Brasil [...] eu estou preocupado em ter uma eleição em 2026, com a ampla
participação da oposição, com Jair Bolsonaro concorrendo, comigo concorrendo,
com várias outras pessoas podendo disputar o pleito [...]
Eu não posso admitir que a gente vá ter uma eleição em 2026, quando o
Alexandre Moraes vai decidir quem podem ser os candidatos. Isto está fora de
cogitação.
E eu estou disposto a ir às últimas consequências para retirar esse
psicopata do poder.
Se depender de mim, a gente vai continuar aqui, dobrando a aposta até que a pressão seja insustentável e as pessoas que sustentam Moraes larguem a mão dele para que ele vá sozinho para o abismo.
BBC News Brasil - Uma pesquisa recente do Datafolha aponta que 55% da
população brasileira é contra a anistia aos envolvidos no 8 de setembro. Uma
outra pesquisa também aponta que 61% dos brasileiros não votariam em candidatos
que prometem a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Por que o senhor se
posiciona a favor de uma pauta que, segundo todas as pesquisas, não tem apoio
da população ou da maioria da população?
Eduardo Bolsonaro – Desculpe-me a
ignorância, mas qual é a fonte das pesquisas, por favor?
BBC News Brasil – Datafolha.
Eduardo Bolsonaro – Desculpe a minha
ironia, mas Datafolha errou tudo no ano passado. O Datafolha é um instrumento
de manipulação. Não consigo levar a sério...
Mas se a maioria das pessoas acha que um político que defenda anistia
não merecem o voto delas, deixem ele se candidatar e deixem ele colherem o
fruto desse insucesso. Eu acho o contrário. Eu acho que tem um apelo
gigantesco.
BBC News Brasil - O senhor menciona o fato de que o senhor não gostaria
que o Brasil fosse tomado como refém. Mas quando a maior potência do mundo
ameaça tarifas sobre o Brasil, caso o Brasil não dê anistia ao seu pai, por
exemplo, isso não é também colocar o Brasil como refém?
Eduardo Bolsonaro - Na verdade, o meu pai
é só uma das vítimas no meio disso tudo. O nosso trabalho quando falamos de
anistia vai muito além dele. Eu faço só pontuação para deixar claro que não é
uma questão pessoal o que me move aqui. Eu discordo de você porque é o
seguinte: os Estados Unidos, o governo Trump, ele está limpando a bagunça
deixada para trás pelo governo [Joe] Biden. O Biden mandou seu diretor da CIA
[William Burns], o secretário da Defesa [Lloyd Austin], o Conselheiro de
Segurança Nacional [Jake Sullivan] [...] e vários outros agentes para o Brasil,
nos bastidores, para ameaçar que se o Brasil não reconhecesse o resultado da
eleição, parece até que eles já sabiam qual seria o resultado, o Brasil
sofreria sanções. Isso, sim, é uma ameaça. Isso é típico de um governo
criminoso.
Quando Trump coloca tarifa e vai ao Truth Social [rede social de Trump]
e escreve o que está acontecendo no Brasil, quando Christopher Landau
[vice-secretário de Estado dos EUA], o secretário [de Estado] Marco Rubio
colocam tudo isso a público, eles fazem isso porque eles estão do lado certo e
não há por que esconder quando fazem a coisa certa. Eles não querem que esse
câncer do Brasil dê metástase e se espalhe por outros países [...] Trump está
tomando uma ação preventiva para não deixar a coisa se alastrar ainda mais.
BBC News Brasil – O senhor disse que "se o cenário for de terra
arrasada, pelo menos eu estarei vingado". Na sua avaliação, essa vingança
que o senhor menciona é mais importante que o bem-estar da população do Brasil
alvo das tarifas anunciadas pelo governo norte americano?
Eduardo Bolsonaro - Se você me explicar
que eu devo parar meu trabalho, as sanções serem retiradas, e que isso vai
trazer benefícios para a população brasileira, eu paro agora. Mas se a gente
fizer isso, o Brasil vai voltar para o caminho em que ele estava, de
consolidação do atual regime, e vai virar uma Venezuela. A gente só vai ter uma
direita permitida no fantasioso do jogo democrático onde o Brasil vai ser
apenas uma democracia formal. E não é isso que eu desejo.
BBC News Brasil - O julgamento na esfera criminal vai começar em alguns
algumas semanas, mas se as coisas continuarem como estão, independente do
julgamento na esfera criminal, seu pai não vai poder participar das eleições de
2026. O senhor apoiaria a candidatura de Tarcísio de Freitas caso seu pai não
seja candidato?
Eduardo Bolsonaro – Isto está fora de
cogitação para mim. Para mim, o candidato é Jair Messias Bolsonaro. Ele é o
líder das pesquisas e se ele decidir que ele não será o candidato e resolver
apoiar a outra pessoa, certamente eu também estarei apoiando essa outra pessoa,
porque eu sigo a sua liderança.
BBC News Brasil - E qual a sua opinião pessoal sobre a conduta de
Tarcísio de Freitas ao longo de todo esse episódio?
Eduardo Bolsonaro – O Tarcísio tem uma
visão diferente da minha e não há nenhum problema com isso. Ele acredita que
ainda há espaço para o diálogo. Eu acho que não. Eu acho que o tratamento a ser
dado para Alexandre Morais é um tratamento de um criminoso e de um bandido.
O Alexandre de Moraes só vai respeitar alguém que demonstrar ser mais
forte que ele. É por isso que são necessárias as sanções [...] Com o Alexandre
de Moraes não tem outro caminho que não a radicalização. É sempre dobrar a
aposta.
Para Alexandre de Moraes, não há qualquer tipo de negociação. Ele tem
que ser sancionado com a Lei Magnitsky. Espero que não demore muito para os
Estados Unidos aceitarem a minha humilde sugestão que é de sancionar a esposa
dele, para que as outras pessoas ao redor entendam que não vale a pena seguir o
caminho ilegal e inconstitucional para o qual Alexandre de Moraes guiou o
Brasil.
BBC News Brasil – O senhor vem falando que pede à população que entenda,
que faça um sacrifício por conta das tarifas. O senhor acha justo pedir a
população, especialmente a população mais pobre, que se sacrifique por conta da
anistia que o senhor defende?
Eduardo Bolsonaro - Se realmente o
coração das autoridades brasileiras estivessem pensando em sacrifício, não
estariam aumentando imposto para bancar hotel de cinco estrelas de Lula e Janja
pelo mundo [...] Na verdade, não sou eu que estou causando essas mazelas. Eu só
estou reagindo para que essas mazelas não sigam adiante.
Se nada for feito, o Brasil provavelmente seguirá com esse mesmo regime,
com esse mesmo sistema e o futuro do brasileiro será trabalhar, trabalhar e
trabalhar para pagar impostos e sustentar esse regime. É para isso também que a
gente está lutando.
BBC News Brasil - Mas qual é o recado que passa para a população que vai
ser afetada, que já está sendo afetada pelo tarifaço?
Eduardo Bolsonaro - Vale a pena lutar. A
nossa liberdade vale mais do que a economia.
(Fonte: BBC
Brasil)
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