De acordo com Sóstenes Cavalcante, líder do Partido Liberal (PL) Câmara, já há maioria dos deputados para pautar o assunto.
Segundo Cavalcante postou em suas redes sociais, somando as bancadas que seriam favoráveis a colocar a pauta em análise — PSD, Progressistas, União Brasil, Republicanos, Novo e PL —, haveria 292 deputados com essa posição, de um total de 513.
Os presidentes do Progressistas e União Brasil,
Ciro Nogueira e Antonio Rueda, anunciaram nesta terça-feira que seus partidos
deixarão o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso implicará na perda
de cargos, como o comando dos ministérios do Turismo e Esportes.
Em entrevista a jornalistas nesta terça, Cavalcante
afirmou que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), teria avisado
a líderes partidários que o assunto seria pautado — embora ainda não haja data
determinada para isso.
O líder do PL na Câmara afirmou que a ideia é que a
anistia abranja desde os atingidos pelo chamado "inquérito das fake
news", de 2019, ao "presente momento" — incluindo um mecanismo
para beneficiar Bolsonaro, em caso de condenação do ex-presidente, por exemplo.
O polêmico
"inquérito das fake news" é conduzido em sigilo pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) e está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro
é um dos investigados.
O ex-presidente é réu em uma ação penal
que começou a ser julgada nesta terça-feira e está em prisão
domiciliar, como medida cautelar. Moraes também é relator desse
processo.
Sóstenes Cavalcante afirmou que o avanço do assunto
teve "grande ajuda" do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos).
"Ele trabalhou comigo todo fim de semana. Me
ligou na quinta, trabalhou sexta, trabalhou sábado, trabalhou domingo...",
disse o líder do PL sobre a atuação do governador.
Líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara,
Lindbergh Farias publicou um vídeo denunciando a movimentação.
"No momento em que todo o Brasil tem a
expectativa de condenação e prisão de Jair Bolsonaro, aqui no Parlamento, com
articulação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, os maiores
partidos anunciam que, acabado o julgamento, eles vão colocar pra votar a
anistia de Jair Bolsonaro", disse o petista.
Segundo relato de Sóstenes Cavalcante, Farias
estava na reunião entre Motta e lideres partidários e ficou "bem
chateado" com a perspectiva da pauta andar.
O julgamento de Jair Bolsonaro e
mais sete réus em uma ação penal sobre uma trama golpista começou nesta
terça-feira na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF)
e está previsto para
durar até 12 de setembro.
A BBC News Brasil procurou a assessoria do
presidente da Câmara, Hugo Motta, para confirmar se o projeto seria pautado e
quando, mas ainda não recebeu confirmação.
A reportagem também pediu o posicionamento do
governador de São Paulo, que teve agenda em Brasília nesta terça —
oficialmente, consta no site do governo que ele se reuniu com o diretor-geral
da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Tarcísio de Freitas, cotado para ser candidato à
presidência em 2026, afirmou na última sexta-feira (29/08) que seu "primeiro
ato" no cargo seria conceder uma anistia a Bolsonaro.
"Na hora. Primeiro ato. Primeiro ato seria
esse. Porque eu acho que tudo isso que está acontecendo é absolutamente
desarrazoado", disse Tarcísio ao jornal Diário do Grande ABC, quando
perguntado sobre a possibilidade de um indulto a Bolsonaro.
"Eu tenho plena convicção da inocência do
presidente. Plena convicção. E, para mim, isso tudo que está acontecendo é
extremamente injusto. E é por isso que a gente vai trabalhar para que uma
anistia seja construída no Congresso Nacional, que é um remédio político e é um
remédio que garante a pacificação."
Entretanto, Freitas logo negou que seria candidato
ao Planalto.
"Eu não sou candidato à Presidência, vou
deixar isso bem claro. Todo governador de São Paulo é presidenciável pelo
tamanho do Estado, mas na história recente só Jânio Quadros e Washington Luís
chegaram à Presidência", disse o governador, que foi ministro da
Infraestrutura no governo Bolsonaro.
A situação de Bolsonaro na Justiça tem motivado
retaliações do governo dos Estados Unidos, comandado por Donald Trump. Ao anunciar
tarifas de 50% contra o Brasil em julho, o republicano justificou
que o ex-presidente estaria sofrendo uma "caça às bruxas" no Brasil.
Depois, cerca de
centenas de produtos brasileiros passaram a ser isentos da tarifa, mas vários
outros itens relevantes para a agenda exportadora brasileira — como carne e
café — continuam taxados.
O ministro Alexandre de Moraes foi sancionado no
fim de julho com a Lei Magnitsky, criada nos EUA para punir estrangeiros
considerados autores de graves violações de direitos humanos e práticas de
corrupção.
Considerando uma eventual anistia aos apoiadores de
Bolsonaro envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de
2023 em Brasília, uma pesquisa do instituto Datafolha realizada no
fim de julho mostrou que a maioria dos brasileiros é contra um perdão para
essas pessoas.
A anistia aos envolvidos no 8 de janeiro foi
rejeitada por 55% dos brasileiros e aprovada por 35%.
(Fonte:
BBC)
Nenhum comentário:
Postar um comentário