A
análise divulgada nesta quinta-feira (25) mostra que, apesar da melhora geral,
o país ainda tem desafios no enfrentamento do atraso escolar. O Unicef aponta
desigualdades principalmente quando se leva em consideração a raça/cor e gênero
dos estudantes.
A
distorção idade-série entre estudantes negros da educação básica é quase o
dobro da registrada entre brancos, respectivamente 15,2% e 8,1%. O atraso
também atinge mais meninos do que meninas, chega a 14,6% entre eles e a 10,3%
entre elas.
Para a
especialista de educação do Unicef no Brasil, Julia Ribeiro, o atraso
escolar não deve ser visto como um fracasso unicamente do estudante, mas deve
levar em consideração a conjuntura social e deve ser preocupação de diversos
agentes, desde a família, aos governos, terceiro setor e comunidade escolar.
“Quando
a gente fala em fracasso escolar, muitas vezes a gente responsabiliza o
estudante, né? A gente precisa entender isso como uma cultura, como um conjunto
de fatores que faz ou que contribui para que esses meninos e meninas comecem a
reprovar, que eles entrem em uma situação de atraso escolar ou uma situação de
distorção idade-série e fiquem mais propensos a abandonar a escola”, diz.
E
complementa: “Quando o estudante entra em atraso escolar, ele passa a se sentir
não pertencente à escola. Então, sobretudo, o convite que a gente faz é
compreender que a situação singular acontece de forma diferente para os
estudantes, acontece de forma diferente nos diferentes territórios. Então,
compreender os motivos que estão por trás é algo que é fundamental. Para
isso, é preciso ouvir os estudantes”.
Uma pesquisa realizada pelo
Unicef e Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), em 2022,
mostrou que 33% dos adolescentes acreditam que a escola não sabe nada sobre a
sua vida e da sua família.
Abandono
Como
destacado por Ribeiro, uma das consequências mais preocupantes do atraso
escolar é o abandono dos estudos. No Brasil, de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), embora os indicadores tenham
melhorado ao longo dos últimos anos, muitos adultos (25 anos ou mais) ainda não
têm ensino médio completo.
Em 2024, o país alcançou o maior percentual da série histórica,
56% da população adulta com ensino médio completo. Em 2016, início da série,
eram 46,2%.
Maior
escolaridade possibilita maior participação cidadã na sociedade, além de
conferir melhores salários e melhores condições socioeconômicas.
De
acordo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE),
ter um diploma de ensino superior no Brasil pode mais
que dobrar o salário.
Para
contribuir com governos e escolas, em parceria com o Instituto Claro e apoio da
Fundação Itaú, o Unicef desenvolve a estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar,
voltada para a elaboração, implementação e o monitoramento de políticas de
enfrentamento da cultura de fracasso escolar nas redes públicas de
ensino.
“Acreditamos
na mudança e na transformação social por meio da educação e para alcançar esse
objetivo é fundamental conhecer os desafios para estabelecer estratégias de
enfrentamento. Trajetória de Sucesso Escolar do Unicef vem fazendo isso com
excelência, oferecendo uma visão ampla do cenário atual e uma nova perspectiva
para milhões de estudantes”, diz a diretora de Desenvolvimento Humano
Organizacional, Cultura e Sustentabilidade da Claro e vice-presidente do
Instituto Claro, Daniely Gomiero.
(Ag. Brasil)

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