

Na saúde
suplementar, que cobre 25% da população, o cenário é mais favorável: 6,54
aparelhos por 100 mil beneficiárias, quase o triplo da rede pública. O Acre
exemplifica essa disparidade — são 35,38 mamógrafos por 100 mil habitantes na
rede privada, contra 0,84 no SUS.
Há disparidades regionais. Roraima tem a menor proporção (1,53 por 100
mil), seguida do Ceará (2,23) e Pará (2,25). A Paraíba lidera o
ranking (4,32), à frente do Distrito Federal (4,26) e do Rio de Janeiro (3,93).
Segundo a
coordenadora da Comissão Nacional de Mamografia do CBR, Ivie Braga de Paula,
todos os estados têm número suficiente de aparelhos para o exame. Mas um
conjunto de gargalos dificultam o acesso e geram subutilização.
“Há problemas de informação, de comunicação, de acesso e
logística, principalmente na Região Norte. Por exemplo, os mamógrafos ficam nas
cidades mais centrais e a população ribeirinha não consegue chegar. Às vezes,
tem que andar seis a sete horas de barco para fazer uma
mamografia. Até nos grandes centros, as pacientes da periferia não têm
informação suficiente e enfrentamdificuldades para marcar e chegar em um local
com mamógrafo”, diz Ivie.
O Brasil tem uma cobertura muito baixa de mamografias: 24%. O ideal
recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 70%. Mesmo em lugares como o
estado de São Paulo, que tem a maior concentração de mamógrafos do país, a taxa
gira em torno de 26%.
Em setembro, o
Ministério da Saúde ampliou as diretrizes de rastreamento, recomendando que
mulheres entre 40 e 49 anos realizem mamografias, mesmo sem sintomas. De acordo
com o Instituto Nacional do Câncer (Imca), mais de 73 mil mulheres recebem
o diagnóstico de câncer de mama anualmente no Brasil.
“O que é efetivo na redução da mortalidade é você descobrir o
tumor antes de ter sintoma clínico. Quanto menor o tumor, melhor para a gente
descobrir o tratamento e maior a chance de cura. E a gente só consegue fazer isso
com exames de imagem", diz Ivie.
Ela explica que no caso de diagnóstico de um câncer de mama com
menos de 1 cm, a chance de cura é de 95% em cinco anos, independentemente
se ele é do tipo mais agressivo. "E esses tumores só vão ser detectados na mamografia.
Essas pessoas que têm que ir fazer mamografia são mulheres saudáveis. Não são
mulheres doentes”, acrescenta.
(Ag. Brasil)
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