Couto também destaca a aprovação unânime na Câmara da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, como um marco da boa fase do governo no Congresso. “O governo conseguiu uma vitória muito grande. Foi um momento importante, e política é também timing. O governo acertou na velocidade e teve sorte na conjuntura”, avalia.
Mesmo assim, ele considera que ainda falta ao governo “propagar mais suas conquistas”. “O Brasil saiu do mapa da fome, e isso não está sendo suficientemente comunicado. Mas há uma correção de rota, o governo está mais leve, e as pessoas mais receptivas a ouvir coisas positivas”, analisa.
Couto aponta ainda que, se o governo conseguir reverter ou reduzir as tarifas impostas pelos Estados Unidos, o impacto será “muito significativo” junto a setores empresariais e do agronegócio, historicamente refratários ao petista. “Se o governo se mostrar efetivo nesse tipo de negociação, tem um avanço significativo que pode atenuar essa relação difícil com esses setores”, diz.
Ele também avalia que Lula pode sair fortalecido no cenário internacional. “Se o presidente for capaz de ter essa conquista, ele pode se colocar como um verdadeiro estadista, aquele que defende a soberania nacional e consegue obter resultados”, indica.
Racha e desespero na extrema direita
Por outro lado, o cientista político acredita que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão e o desgaste de seus filhos, especialmente do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aprofundam as divisões da direita. “O bolsonarismo é, antes de mais nada, um projeto político familiar. Eduardo Bolsonaro prejudicou o Brasil em função desse tipo de interesse familiar”, afirma.
Segundo ele, é provável que o campo conservador entre em disputa interna com nomes como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e os governadores Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO) e Tarcísio de Freitas (SP), cotados para a eleição presidencial de 2026. “A direita vai se bater. Pode não ser uma guerra fratricida, mas há tendência de divisão, inclusive da direita não extremada, que vem se alinhando à extrema direita por conveniência”, projeta.
Enquanto isso, na extrema direita, Couto alerta para o comportamento “desesperado”, típica reação à perda de força política. “A extrema direita é antidemocrática, traiçoeira, mente e inventa notícias falsas. Dali se pode esperar qualquer coisa menos lealdade à democracia”, destaca.
Sobre o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas, ele ironiza que “se a anistia é a grande pizza dos golpistas, a dosimetria é a pizza brotinho. Diminuiu o tamanho da pizza, mas nem por isso deixa de ser pizza”.
(Brasil de Fato)
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