
“A gente
começou a coleta da pesquisa em março, quando a medida de restrição de celular
nas escolas já tinha sido implementada. Então, a gente pode ver uma relação
entre a restrição do celular e a queda do acesso à internet na escola”,
salientou ela, em entrevista à Agência
Brasil.
O
estudo Tic Kids Online Brasil 2025 - conduzido pelo Centro Regional de Estudos
para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de
Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br), apontou, ainda, que o número de crianças e
adolescentes com acesso à internet se manteve com certa estabilidade em relação
aos dois anos anteriores.
Segundo o estudo,
92% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de todo o país são usuárias
de internet no Brasil, pouco abaixo do que a pesquisa apontou no ano passado
(93%) e no ano retrasado (95%). Isso significa que quase 24,6 milhões de
pessoas nessa faixa etária acessaram a internet nos últimos três meses no
Brasil.
Embora
haja uma certa estabilidade nesse número, a coordenadora do estudo apontou que
houve mudanças nas formas de uso da rede.
“A gente começa a
ver uma queda no acesso à internet na escola e uma queda no uso de rede social
para as faixas etárias mais novas, retomando a um patamar parecido ao que a
gente tinha antes da pandemia”, argumentou.
Segundo
o estudo, o celular foi o principal dispositivo de acesso usado pela população
de 9 a 17 anos, sendo citado por 96% dos entrevistados, seguido pela televisão
(74%), computador (30%) e pelo videogame (16%).
Ainda de acordo com
a pesquisa, 84% dos usuários dessa faixa etária fazem esse acesso à internet de
suas casas, várias vezes ao dia. Nas escolas, 12% reportaram acesso à internet
várias vezes ao dia, 13% uma vez por semana e 9% uma vez ao mês.
Entre
as atividades mais desenvolvidas na internet estão o uso para pesquisas
escolares (81%), pesquisas sobre temas que interessam (70%), leitura ou vídeos
com notícias (48%) e informações sobre saúde (31%).
Cresce
total dos que nunca acessam a internet
O
número de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos que afirmam nunca terem
acessado a internet também cresceu este ano. Se no ano passado esse público
somava 492.393 pessoas, agora em 2025 710.343 pessoas dessa faixa etária
revelaram jamais ter acessado a rede.
“A
gente já tinha o dado [em outras pesquisas] de que a atividade multimídia
era das mais realizadas e que 80% declaravam ter assistido a vídeos. Mas,
a gente queria saber que vídeos são esses. Fomos atrás de algumas
opções e a que aparece em maior proporção e frequência são os influenciadores”,
explicou a coordenadora do estudo. Outro dado da pesquisa é que quase metade
(46%) das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos acessam a internet para ver
vídeos feitos por influenciadores digitais. E isso ocorre várias vezes ao dia.
“Não perguntamos
qual o conteúdo que foi produzido por esse influenciador, mas sabemos que tem o
módulo de consumo, com pessoas divulgando produtos, pessoas indo a lojas pela
primeira vez, pessoas divulgando jogos de apostas e proporções superiores a 50%
para todos esses tipos de conteúdo vinculados. Claro que pode ter um outro
tipo de conteúdo divulgado por esses influenciadores digitais que não seja
potencialmente danoso, mas a gente sabe que tem uma parte que pode ser”,
argumentou Luísa Adib.
Como o uso da
internet sempre pode estar associado a riscos, a coordenadora do estudo alerta
para que os pais estejam sempre atentos ao acesso feito por seus filhos. “A
gente sabe, pela pesquisa, que a mediação ativa é mais eficiente. Então, quando
há diálogo e um acompanhamento das práticas que a criança realiza, isso tende a
ter resultados mais efetivos”, observou.
Mediação
Também
é importante, destacou ela, que as próprias plataformas façam um tipo de
mediação sobre isso, o que já está previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente - ECA Digital. “Mas é importante saber que nenhuma estratégia
isolada vai ser efetiva. Então, a partir do momento que esse responsável faz o
uso de um recurso técnico [das plataformas], isso vai funcionar se também
estiver alinhado a uma mediação ativa, através de um diálogo, de um
monitoramento e de um acompanhamento”, avaliou.
A pesquisa ouviu
2.370 crianças e adolescentes de todo o país, com idades entre 9 e 17 anos e
2.370 pais e responsáveis. O estudo foi realizado entre março e setembro deste
ano. O Tic Kids Online Brasil é uma pesquisa feita anualmente desde 2012 e só
não foi realizada em 2020 por causa da pandemia de covid-19.
(Ag.
Brasil)
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