O
texto determina que os golpistas passem a um regime menos rigoroso depois de
1/6 do cumprimento da pena em regime fechado. A matéria recebeu apoio de
partidos do chamado centrão, como o União Brasil, Republicanos, MDB e
Progressistas.
O
relator, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), apresentou o parecer nesta terça e o
presidente da Câmara anunciou que o texto seria votado no início da tarde.
O governo afirmou ter sido pego de surpresa com a votação.
Em
seu discurso, Paulinho agradeceu uma série de políticos da direita pela
construção do projeto e que este “não era um gesto de esquecimento, mas um
gesto de conciliação” para que o povo não fique “refém de um passado recente”.
A
aprovação ajuda não só os bolsonaristas que invadiram e depredaram os prédios
públicos, mas também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi condenado a
27 anos e três meses de prisão, mas pode ser liberado com 6 anos de reclusão.
Com as normas de hoje, ele deixaria a prisão em regime fechado somente em 2033.
Os
congressistas da extrema direita celebraram a votação. Aos gritos de “anistia
já”, os deputados chegaram a comparar a anistia para os bolsonaristas à anistia
dada para quem lutou contra a ditadura militar e com a anulação da condenação
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O
líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), questionou a votação feita em um
horário em que uma parte pequena da população poderia acompanhar. Ele também
questionou o fato de a sessão ser retomada depois dos episódios de violência
registrados no Congresso.
“O
senhor está colocando para votar um tema de extrema importância às 23h30. Pelo
menos tenha a decência de votar à luz do dia. A decisão de votar isso hoje foi
tomada ontem à noite com deputados do centrão. Estamos rasgando a Constituição.
Isso é um atentado à democracia”, afirmou.
A
votação se deu dois dias depois do senador Flávio Bolsonaro sugerir que a
sua candidatura à presidência teria “um preço”. A fala foi interpretada
como uma barganha para tentar aprovar justamente o PL da Dosimetria no
Congresso.
Internamente,
a leitura do governo é de que Motta fez um gesto político para votar o PL da
Dosimetria, já que a votação anterior foi justamente o Projeto de Lei
Complementar (PLP) 125/22, que prevê o combate às empresas que reiteradamente
não cumprem as obrigações fiscais. Esse era um dos projetos prioritários para o
governo por aumentar a arrecadação para o ano que vem.
Senado
votará rápido
O
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), disse que votaria o projeto
assim que o texto fosse aprovado pela Câmara. Segundo ele, a ideia é apreciar o
mais rápido possível em plenário, sem que o texto passe por qualquer comissão
temática.
“Eu
fiz um compromisso de que se a Câmara deliberasse esse assunto, o Senado
deliberaria”, declarou. “Nós vamos deliberar assim que a Câmara deliberar. Este
ano ainda.”
A
fala foi feita durante a sessão do plenário do Senado. O senador Otto Alencar
(PSD-BA) defendeu que o texto ainda fosse discutido na Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ) da Casa Alta. Ele entende que o projeto é “delicado” e vai
movimentar a política nacional.
“Presidente,
liberar neste ano? Sai de lá, vem para cá e vota? Me permita discordar, porque
não é possível que não passe na Comissão de Constituição e Justiça. Passou um
tempão, meses, lá [na Câmara]. Vai chegar aqui e votar imediatamente?”,
questionou.
(Brasil de Fato)

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