sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Decreto aprova novas regras para concessão de rádio e TV no País


Infelizmente o Brasil é um dos países que mais pecam na hora de distribuir instrumentos poderosos que, se bem utilizados, poderiam fazer a diferença na educação do seu povo e no alavancamento do seu progresso.

Esse pecado reside nas regras que ultimamente disciplinavam a concessão de emissoras de rádio e televisão. Era notório o vergonhoso beneficiamento a políticos e grandes empresários, fato que se pode comprovar descobrindo a atividade exercida pela maioria dos donos de emissoras. Tem mais: Muitas vezes o político não aparece como proprietário, mas é substituído por alguém tão íntimo seu, o chamado laranja, que não dá para disfarçar de quem realmente é a empresa. Diante disso, a manipulação dos que vão atuar junto ao povo vai depender apenas do caráter do profissional. E tem sido intensa a luta dos muitos comunicadores que ainda existem. São os que sonham com uma categoria independente e desatrelada dos maus propósitos de alguns empresários.

Por outro lado, são flagrantes as enormes dificuldades enfrentadas por pessoas comuns, de outras áreas profissionais, para adquirir um canal. Enfim, quem produz as leis? Políticos. Agora, quem os coloca lá é o povo, que já deveria ter mudado essa regra ou, pelo menos, exigir a participação de outros segmentos da sociedade na confecção da legislação. Mas muita coisa tende a mudar depois do decreto publicado no Diário Oficial da União, em 17.12.2011, sancionado no dia anterior pela presidenta Dilma Rousseff. Ele altera as regras para a concessão de novas emissoras de rádio e televisão.


De acordo com o Ministério das Comunicações, o novo decreto torna o processo mais rápido e impede que empresas sem qualificação participem e ganhem a outorga e, depois, tenham dificuldade de operar. Até então, o item que mais pesava era o prazo oferecido pelo concessionário para colocar a emissora no ar.

A medida muda principalmente as regras para a licitação, com exigência de garantias financeiras para participar dos leilões. Outra alteração do decreto é que as outorgas de rádio passarão a ser assinadas pelo Ministério das Comunicações. Já as concessões de TV continuarão sob responsabilidade da Presidência.

As mudanças começaram a ser articuladas depois que o ministério recebeu denúncias de pessoas que venceram licitações de concessões sem capacidade financeira para manter emissoras de rádio e TV. Os leilões de novas concessões estavam suspensos desde o ano passado.

A partir de agora, os interessados em obter uma concessão têm que comprovar capacidade técnica e financeira de manter a emissora no ato da inscrição no processo licitatório. Eles terão que enviar dois pareceres independentes que comprovem a capacidade econômica da empresa para executar o serviço. Também será obrigatória a comprovação de origem dos investimentos e a apresentação de balanço patrimonial e contábil, de acordo com o Ministério das Comunicações.

O pagamento da outorga, que antes era parcelado em duas vezes, agora tem que ser feito à vista, de acordo com o decreto. A caução exigida da empresa pode chegar até 10%. Na regra anterior, o valor não passava de 1%. Se o vencedor do leilão não fizer o pagamento, será desclassificado e a concessão será repassada ao segundo colocado no certame. Se a concessão não for aprovada pelo Congresso Nacional, o dinheiro será devolvido, com correção pela taxa Selic.

Conteúdo das emissoras terá mais peso
O decreto também altera questões de conteúdo. Com a mudança, o tempo destinado a programas locais (produzidos no município de outorga) e a produções independentes será utilizado como critério para decidir os vencedores dos leilões. O conteúdo jornalístico, cultural e educativo será decisivo na escolha do vencedor da licitação.

Segundo o Ministério das Comunicações, a nova exigência segue uma diretriz da Constituição, que prevê a valorização das produções locais e as independentes. Para o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a reformulação do processo licitatório visa a tornar as licitações mais transparentes, rápidas e eficientes. “É uma garantia para o Estado que as licitações feitas serão implementadas e virarão emissoras de radio e televisão, evitando que pessoas entrem [na licitação] simplesmente para especular. Estamos empurrando regras para maior profissionalização dos licitantes. Estamos fazendo mais exigências que vai tornar esse processo mais seguro”, disse.

Com as mudanças, o governo pretende retomar os leilões de concessões de emissoras comerciais de rádio e TV e deve lançar em março um planejamento com datas de novas concorrências. (Com informações da Agência Brasil)

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