Coloquemo-nos,
por um momento, na pele dos ministros e ministras do Supremo Tribunal
Federal. Tiveram que se confrontar com um processo de 60 mil páginas: a
Ação Penal 470, chamado também de mensalão. Enfrentaram uma tarefa hercúlea.
Após leitura e meditação do volumoso acervo, impõe-se à Suprema Corte a
primeira e desafiadora tarefa: formar convicção sobre a condenação ou
não dos incriminados e o tipo de pena a ser cominada. Mas quando se trata
de tirar o dom mais precioso de um cidadão depois da vida – a liberdade –
especialmente de políticos que ocupavam altos cargos de governo e que em suas
biografias ostentam marcas de prisões, torturas e exílios por conta da
reconquista da democracia, sequestrada pela ditadura militar, devem prevalecer
rigorosamente a isenção e a independência; devem falar mais alto as provas nos
autos que os meros indícios, ilações, a pressão da mídia e o jogo político.
Para conferir ordem à argumentação fez-se mister criar uma narrativa coerente
que, fundada nos autos, sustentasse uma decisão convincente e justa. Continue lendo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário