ESTÁ E ESTAR
Abílio
Costa, a quem agradeço a leitura da Coluna, gostaria de usar corretamente as
formas verbais acima. Então, vamos lá!
Aos
que confundem os infinitivos ESTAR, VER, DAR, CRER, etc. com as terceiras
pessoas ESTÁ, VÊ, DÁ, CRÊ, etc. poderíamos lembrar-lhes que o infinitivo
costuma vir regido por outro verbo, ao passo que a terceira pessoa não pode vir
regida por verbo algum. Exs.: A sentinela precisa estar alerta/A sentinela está
alerta; O professor quis ver os trabalhos/O professor vê os
trabalhos; Isto vai dar trabalho/Isto dá trabalho.
Há
outro tira-dúvidas mais seguro e completo. Compare a forma verbal duvidosa com
um verbo sinônimo, embora imperfeito, e logo verá se deve empregar o infinitivo
ou a terceira pessoa: Estar = Permanecer/Está = Permanece; Ver = Enxergar/Vê =
Enxerga; Dar = Oferecer/Dá = Oferece; Crer = Acreditar/Crê = Acredita. Exs:. A
sentinela deve estar alerta. Como diríamos deve permanecer alerta. A sentinela
está alerta. Como diríamos permanece alerta. Precisamos crê (acreditar) em
Deus. É feliz quem crê (acredita) em Deus. Estar preparado para a luta é o seu
dever (Permanecer preparado para a luta é o seu dever).
NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS
Quem
proferiu a frase em epígrafe todos sabemos. Nosso grande Mestre sabia o que
dizia. Veja que ele não confundiu morada com moradia, como muita gente boa hoje
em dia não sabe fazer a distinção.
MORADA é a casa, o apartamento em que normalmente
habitamos. MORADIA é o tempo
durante o qual se morou ou se mora num lugar. Exs.: Ter uma moradia cheia de
imprevistos no exterior; Ter moradia recente numa cidade. Poucos usam hoje
morada; prefere-se moradia para ambos os casos.
Curioso,
todavia, é notar que quando se controem suntuosos edifícios, seus idealizadores
costumam dar-lhes nomes assim: Morada dos Deuses, Morada dos Ventos, Morada das
Flores, Morada da Paz, Morada da Felicidade, etc.
Até hoje
não conseguimos entender por que também aqui não se usa, como faz o povo,
moradia por morada. Quando vamos desta para outra vida, dizemos que vamos
descansar na morada eterna, e não na “moradia” eterna.
MORAR (MORO “EM” OU MORO “A”?)
Todos
moramos em algum lugar, e não a algum lugar: Moro na Rua Mons. José Ferreira;
Moro na Rua dos Ingleses; Moro na Praça 15 de Novembro. Note que ninguém mora
“a” uma rua, mas numa rua; ninguém mora “a” um bairro, mas num bairro. Moro no
Beco do Cotovelo (e não: Moro a Beco...).
É verdade
que existe a regência do verbo morar com “a”, influência da língua francesa:
Moro à Avenida da Universidade; Moro à Rua Cel. Diogo Gomes. A regência com “à”
(craseado) está sendo muito usada pelos escritores contemporâneos. Os puristas
a rejeitam.
(*) Professor Antonio da Costa é graduado em Letras
Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade
Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água
e Esgoto (SAAE) de Sobral. Contatos: (088) 9409-9922 e (088) 9762-2542.
Nenhum comentário:
Postar um comentário