sábado, 1 de março de 2014

De Olho na Língua - Prof. Antônio da Costa - antoniodacosta53@hotmail.com – (Do Jornal Correio da Semana - 01.03.14)

ESTÁ E ESTAR

Abílio Costa, a quem agradeço a leitura da Coluna, gostaria de usar corretamente as formas verbais acima. Então, vamos lá!
Aos que confundem os infinitivos ESTAR, VER, DAR, CRER, etc. com as terceiras pessoas ESTÁ, VÊ, DÁ, CRÊ, etc. poderíamos lembrar-lhes que o infinitivo costuma vir regido por outro verbo, ao passo que a terceira pessoa não pode vir regida por verbo algum. Exs.: A sentinela precisa estar alerta/A sentinela está alerta; O professor quis  ver os trabalhos/O professor vê os trabalhos; Isto vai dar trabalho/Isto dá trabalho.
Há outro tira-dúvidas mais seguro e completo. Compare a forma verbal duvidosa com um verbo sinônimo, embora imperfeito, e logo verá se deve empregar o infinitivo ou a terceira pessoa: Estar = Permanecer/Está = Permanece; Ver = Enxergar/Vê = Enxerga; Dar = Oferecer/Dá = Oferece; Crer = Acreditar/Crê = Acredita. Exs:. A sentinela deve estar alerta. Como diríamos deve permanecer alerta. A sentinela está alerta. Como diríamos permanece alerta. Precisamos crê (acreditar) em Deus. É feliz quem crê (acredita) em Deus. Estar preparado para a luta é o seu dever (Permanecer preparado para a luta é o seu dever).

NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS
Quem proferiu a frase em epígrafe todos sabemos. Nosso grande Mestre sabia o que dizia. Veja que ele não confundiu morada com moradia, como muita gente boa hoje em dia não sabe fazer a distinção.
MORADA é a casa, o apartamento em que normalmente habitamos. MORADIA é o tempo durante o qual se morou ou se mora num lugar. Exs.: Ter uma moradia cheia de imprevistos no exterior; Ter moradia recente numa cidade. Poucos usam hoje morada; prefere-se moradia para ambos os casos.
Curioso, todavia, é notar que quando se controem suntuosos edifícios, seus idealizadores costumam dar-lhes nomes assim: Morada dos Deuses, Morada dos Ventos, Morada das Flores, Morada da Paz, Morada da Felicidade, etc.
Até hoje não conseguimos entender por que também aqui não se usa, como faz o povo, moradia por morada. Quando vamos desta para outra vida, dizemos que vamos descansar na morada eterna, e não na “moradia” eterna.

MORAR (MORO “EM” OU MORO “A”?)
Todos moramos em algum lugar, e não a algum lugar: Moro na Rua Mons. José Ferreira; Moro na Rua dos Ingleses; Moro na Praça 15 de Novembro. Note que ninguém mora “a” uma rua, mas numa rua; ninguém mora “a” um bairro, mas num bairro. Moro no Beco do Cotovelo (e não: Moro a Beco...).
É verdade que existe a regência do verbo morar com “a”, influência da língua francesa: Moro à Avenida da Universidade; Moro à Rua Cel. Diogo Gomes. A regência com “à” (craseado) está sendo muito usada pelos escritores contemporâneos. Os puristas a rejeitam.


(*) Professor Antonio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Contatos: (088) 9409-9922 e (088) 9762-2542.






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