Na previsão do
cientista político da Universidade de Campinas (Unicamp), Valeriano Costa, já
nos próximos dois meses os brasileiros devem observar uma mudança no perfil da
gestão federal, resultante das medidas colocadas em prática imediatamente após
a reeleição. Costa considera que a instabilidade no mercado financeiro,
observada nesta segunda-feira (27/10), um dia após a eleição presidencial,
aponta para dificuldades no setor, mas ele acredita também que a presidente
Dilma vai sinalizar com a mesma rapidez para metas no sentido de aliviar os
investidores.
"A presidente
Dilma Rousseff não vai esperar a sua posse para tomar providências. Ela pode
até assumir diretamente o comando da pasta econômica e, assim, acalmar os
ânimos", arrisca o especialista. Para Costa, a etapa que inicia com a
reeleição deve ser delineada pelas novas ideias e mudanças estruturais nos ministérios,
anunciadas pela própria presidente durante a campanha eleitoral.
O diretor do
Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, Geraldo Tadeu
Monteiro, acredita que duas pastas devem receber maior atenção nos primeiros
momentos do novo governo: a da Educação e da Economia. Em uma análise mais
ampla do cenário da educação no país, Monteiro explica que a área educacional
passa por um processo de expansão, mas que ficou mais evidente no seu aspecto
quantitativo, necessitando de melhoramentos na qualidade dos serviços.
"Melhorar a
qualidade do ensino no Brasil será um dos maiores desafios do governo reeleito.
O país ainda não tem as suas universidades no ranking das melhores do
mundo", destacou Monteiro. Para ele, o objetivo imediato do governo será encontrar
as bases para o crescimento econômico, assim como reconquistar a confiança do
mercado, sinalizando que questões importantes serão atacadas, como o acerto das
contas públicas, visando acelerar o crescimento. "O governo é de
continuidade, então não vai aguardar para promover melhorias e tomar
determinadas medidas", destacou.
O crescimento
econômico também é cogitado pelo professor de Mestrado em Economia da
Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles Carvalho, como meta
prioritária que a presidente deve atacar logo no início da sua segunda gestão.
O especialista comenta que o modelo de desenvolvimento econômico e de
inclusão social que teve início no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em
2012, atingiu um esgotamento. "É um modelo vitorioso, mas precisa de
ajustes para que possa permitir novos saltos nos investimentos federais,
especialmente para atrair a participação do capital privado. Observamos uma
participação tímida dessa classe nos investimentos, por exemplo, no
agronegócio", destaca.
Carvalho acha que a
equipe ministerial que será empossada em janeiro, deve abrir portas para uma
nova política industrial, que irá criar incentivos necessários para superar a
crise internacional no setor. Na classificação do especialista, o Brasil ainda
está em uma posição desfavorável. No campo das políticas sociais, Carvalho
observar que a presidente aponta para a manutenção das principais conquistas,
mas deve abrir um debate mais acirrado com a macro economia, de forma
imediata, assim que a nova equipe for anunciada, especialmente relacionada ao
Banco Central e a pasta da Economia.
No entanto, mesmo
antes da posse da presidente, a sua equipe deve antecipar algumas mudanças para
estimular o crescimento econômico, com os reajustes fiscais e determinados
cortes, apesar do orçamento brasileiro já ter 90% das suas despesas
obrigatórias. O sistema financeiro federal deve incidir outras medidas
mais fortes para estimular o capital de financiamento. (Jornal do Brasil)
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