A presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei do feminicídio nesta segunda-feira (9). O projeto de lei foi aprovado na última terça-feira (3), durante votação na Câmara dos Deputados. O anúncio da sanção foi realizado nesse domingo (8), durante discurso da presidenta em rede nacional por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
Durante o evento, a presidenta Dilma condenou veementemente o
machismo instaurado na sociedade há séculos e lembrou que "15 mulheres são mortas por dia no Brasil. As mortes
são pelo simples fato de ser mulher, uma questão de gênero".
A presidenta falou, ainda, sobre as 500 mil mulheres que são
vítimas de estupro no país e sobre o fato de apenas 10% dos casos chegarem ao
conhecimento das autoridades. "As mulheres muitas vezes têm medo e
vergonha de denunciar", disse. "Esses números nos chocam e mostram brasileiras submetidas a
uma violência inaceitável, que percorre em todas as classes sociais, nas ruas,
no trabalho, nas escolas e, sobretudo, dentro de casa", afirmou Dilma.
A presidenta também condenou a
violência contra os negros e a população LGBT e afirmou que "o Brasil é
uma terra generosa e não deve aceitar jamais ser a terra de intolerância e do
preconceito".
Ainda em seu pronunciamento, Dilma deixou bem claro que o papel do
Estado deve ser sempre defender a integridade da mulher. "Em
briga de marido e mulher, nós achamos que se mete a colher sim. Principalmente
se resultar em assassinato", afirmou.
A presidenta exaltou as políticas que visam o empoderamento feminino,
citou a Lei Maria da Penha e lembrou que, apesar do machismo, os homens devem
sempre lembrar que vieram de uma mulher.
"Quando tratamos a mulher como protagonista, o que queremos é
dar poder a ela. Por isso no Bolsa Família é preferencialmente a mulher que
recebe o cartão. No Minha Casa Minha Vida a mulher tem preferência também por
ter a propriedade no seu nome", afirmou a presidenta.
Por fim, Dilma lembrou que parte desse empoderamento, além da
independência financeira, é o
fomento à capacitação profissional. Segundo dados apresentados por ela, no
Pronatec, 58,4 milhões de formandos são mulheres; e, nas bolsas do Prouni e do
Fies, o sexo feminino é responsável por 52% e 58% dos contratos,
respectivamente.
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora
Menicucci, também discursou no evento e exaltou a sanção da Lei, além de
ressaltar a sua importância para que haja uma redução desse tipo de crime. "Ofeminicídio é a morte
violenta por conta do gênero, é uma crime de ódio", explicou.
Menicucci disse que o Brasil é o
sétimo país com o maior número de casos de violência contra a mulher. Além
disso, a ministra detalhou que, na maioria dos casos, os praticantes do delito
são seus companheiros, ex-parceiros ou filhos.
A ministra também elogiou a
articulação da bancada feminina no congresso e lembrou que a
Lei Maria da Penha, segundo dados do Ipea, diminuiu em 10% os assassinatos de
mulheres em suas residências. "A
partir de hoje, com a Lei do Feminicidio, as brasileiras conquistam mais
um instrumento para garantir uma vida livre da violência", complementou
Menicucci.
Feminicídio - O assassinato de mulheres pela condição de serem mulheres é chamado de "feminicídio" - sendo também chamado de “femicídio” ou “assassinato relacionado a gênero”. O termo se refere a um crime de ódio contra mulheres, justificado por uma história de dominação da mulher pelo homem e estimulado pela impunidade e indiferença da sociedade e do Estado.
Feminicídio - O assassinato de mulheres pela condição de serem mulheres é chamado de "feminicídio" - sendo também chamado de “femicídio” ou “assassinato relacionado a gênero”. O termo se refere a um crime de ódio contra mulheres, justificado por uma história de dominação da mulher pelo homem e estimulado pela impunidade e indiferença da sociedade e do Estado.
O
feminicídio abrange desde o abuso emocional até o abuso físico ou sexual. De
acordo com a Organização Mundial da Saúde, esse crime envolve o assassinato
intencional de mulheres apenas por serem mulheres.
Na América Latina, México, Chile e Argentina já incorporaram o
crime de feminicídio às respectivas legislações penais. No Brasil, O
projeto foi elaborado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da
Violência contra a Mulher.
A proposta aprovada estabelece que as penas podem variar de 12
anos a 30 anos de prisão, a depender dos fatores considerados. Se forem cometidos
crimes conexos, as penas poderão ser somadas, aumentando o total de anos que o
criminoso ficará preso, interferindo, assim, no prazo para que ele tenha
direito a benefícios como a progressão de regime
O projeto prevê ainda aumento da pena em um terço se o crime
acontecer durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto, se for
contra adolescente menor de 14 anos ou adulto acima de 60 anos ou ainda pessoa
com deficiência, e se o assassinato for cometido na presença de descendente ou
ascendente da vítima.
Segundo dados apresentados pela CPMI, entre 2000 e 2010, 43,7 mil
mulheres foram assassinadas no Brasil. Desse total, mais de 40% das vítimas
foram assassinadas dentro de suas casas, muitas pelos companheiros ou
ex-companheiros. Essa estatística colocou o Brasil na sétima posição mundial de
assassinatos de mulheres.
Crimes hediondos - O
crime é considerado hediondo quando o delito em questão é caracterizado como
repugnante, bárbaro ou asqueroso. Nesses casos, não é possível conceder anistia, graça,
indulto e fiança.
Em casos de crimes tipificados como hediondos, o cumprimento da
pena estipulada, e sua possível redução, são realizados de maneira diferente.Segundo a Lei nº
8.072, "a pena
por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado". Além disso, a progressão de regime só poderá ocorrer após o
cumprimento de dois quintos da pena, em caso de ser a primeira incidência do
infrator, e de três quintos, se houve reincidência. (Portal
Brasil)
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