terça-feira, 8 de setembro de 2015
Como saber se você é viciado em tecnologia e 4 formas de combater
O perfil do paciente - O perfil dos viciados costuma ter características que se repetem:
perfeccionismo, tendência a controlar tudo e bruxismo. "Elas costumam ter
um tipo de personalidade: são pessoas automotivadas, competitivas, agressivas e
sentem uma necessidade imperiosa de realizar coisas", disse Ramlakhan.
"Para pessoas
com estes traços, é muito difícil se desconectar. Não conseguem relaxar e,
quando o fazem, se sentem rapidamente exaustos."
"Até quando veem
televisão usam várias telas. Têm um nível de hiperatividade que é produto do
medo de não estar no controle."
Por isso, o simples
ato de passar páginas no celular cria uma sensação de gratificação, semelhante
à que se sente ao degustar uma comida predileta, fazer algo que nos diverte ou
mesmo praticar sexo.
Embora muitos se
vangloriem de serem capazes de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, o
chamado multitasking, segundo a psicóloga Catherine Steiner-Adair é um perigo,
principalmente para crianças.
"Vivemos uma
diminuição da memória. Não estão desenvolvendo esta parte do cérebro, que é um
músculo que necessita de exercícios focados em uma só atividade", disse a
psicóloga.
O diagnóstico - Para Ramlakhan, nestes casos, as pessoas adquirem o padrão clássico do
ciclo da fadiga. Nesta situação, a pessoa só consegue se ativar ao receber
doses contínuas de dopamina, um hormônio liberado no cérebro pelo hipotálamo. A
consequência é maior motivação, aumento dos batimentos cardíacos, melhor humor,
maior capacidade de processar informação e mais sono.
Em outras palavras, o
vício em tecnologia transforma a pessoa em viciada em dopamina. "Os
pacientes vão para a cama e não conseguem dormir. E quando conseguem, acordam
cansados. As pessoas me dizem que simplesmente não conseguem 'desligar o
cérebro'", afirm Ramlakhan. A esta altura, pode-se dizer que a mente da
pessoa está "fundida", após tantas horas conectada a dispositivos
eletrônicos – seja por trabalho ou prazer.
A receita médica - Para a especialista Ramlakhan, o vício tem que ser atacado por vários
ângulos. Ela recomenda quatro ações simples:
- Criar o
"entardecer eletrônico" diário: quando a hora de dormir se aproximar,
afaste-se de todos os dispositivos tecnológicos e, por exemplo, leia um livro
(que não seja eletrônico).
- Mantenha o relógio
afastado durante a noite, de forma que não seja possível saber que horas são,
para que o passar do tempo não provoque ansiedade.
- Não usar o
smartphone como despertador. Recarregue-se com energia saudável: tome café da
manhã, ainda que leve, na primeira meia hora após se levantar e antes de tomar
qualquer bebida com cafeína.
- Mantenha-se
hidratado: tome pelo menos dois litros de água por dia.
Como prevenir - Um estudo recente da universidade London School of Economics indica
que as escolas em que os alunos são proibidos de usar telefones celulares têm
resultados melhorados em mais de 6%. A filosofia da escola Steiner-Waldorf
desestimula abertamente o uso de dispositivos para crianças menores de 12 anos.
A organização NICE,
dedicada à conscientização de hábitos saudáveis no Reino Unido, recomenda um
limite de duas horas diárias em frente a dispositivos, de forma a incentivar as
atividades físicas. Curiosamente, o problema parece ser mais agudo para a geração
que se lembra da vida antes do advento da internet. Para eles, a tecnologia
parece exercer uma atração irresistível, segundo Ramlakhan.
Ela diz que tem uma
filha de 11 anos que se cansou do Facebook, enquanto o filho de 4 anos não
pensa duas vezes antes de desligar todos os dispositivos eletrônicos da casa. "As
novas gerações serão mais sagazes. Nós, entretanto, ainda estamos na fase de
fascínio com a tecnologia, ainda estamos empolgados."
Enquanto isso
acontece, ela diz que é preciso lutar diariamente para recuperar o terreno do
sono e das atividades físicas na nossa rotina. (BBC)
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