sábado, 10 de dezembro de 2016

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa (Do Jornal Correio da Semana - 10.12.16)

UM GESTO ATENTATÓRIO DOS DIREITOS HUMANOS
O adjetivo atentatório é da família de “atentar”, verbo que, entre outros significados, possui o de “despertar atentado”. Em atentatório está presente o sufixo “(t) ório”, acrescentado à forma verbal atentar. Vale lembrar que o adjetivo atentatório pode reger também as preposições “a” e “contra”. Ou seja: pode-se dizer também “um gesto atentatório aos direitos humanos”, “um gesto atentatório dos direitos humanos” ou “um gesto atentatório contra os direitos humanos”. A terminação “(t) ório” aparece, com o mesmo valor, em várias palavras, como probatório e comprobatório.

CURINGA OU CORINGA
Em muitas das nossas palavras, o “o” é lido como “u”. Isso nos faz ter um certo receio de escrever alguns vocábulos com a bendita letra “u’. É o caso de bueiro, que se escreve com “u” mesmo, mas não é o caso de poleiro, que se escreve com “o”, já que deriva de “pôlo” (falcão ou gavião com menos de um ano).

Nos baralhos, há uma carta que pode substituir outra: o curinga, com “u”. Jogador de futebol que joga em várias posições também é curinga, com “u”. Coringa é outra coisa. É um tipo de vela que se coloca em algumas embarcações.

O QUE É RESERVISTA
Não é difícil entender porque o reservista tem esse nome. A razão é simples: ele pertence à reserva (das forças militares do país). O que talvez seja difícil é relacionar reservar com observar, conservar e preservar. Pois pode relacionar, porque tudo isso é farinha do mesmo saco. A raiz dessa família “-serv-“ é latina. Vão para a reserva o cidadão e o que foi dispensado (que é o meu caso) de servir.

Por falar em “servir”, qual é a regência desse verbo? O que se diz: “servir ao Exército” ou “servir no Exército”? Embora a maioria das pessoas optem pela primeira frase (servir ao Exército), a expressão correta é: servir no Exército. Anote também: Ele queria servir na Aeronáutica, mas acabou servindo na Marinha.

ABERTO (REGÊNCIA NOMINAL)
Rege “a” na acepção de receptivo, franqueado ou acessível. Exs.: Este é um governo aberto ao diálogo; É uma exposição aberta ao público; É um curso aberto a qualquer interessado. A regência “aberto para” deve ser desprezada.

Na acepção de que tem acesso ou comunicação visual, rege “contra”, “para” ou “sobre”: Era uma janela aberta contra (ou para ou sobre) um belo jardim.

MAIS / A MAIS
Convém não confundir: “MAIS” se usa nas comparações: Carro importado no Brasil custa cem por cento mais que no país de origem. “A MAIS” é o mesmo que “de mais”; Recebi troco a mais. O mesmo se verifica com “menos” e “a menos”.

MAIORMENTE
Mormente, principalmente: Ele não admite brincadeiras, maiormente as de mau-gosto.



(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Contatos: (088) 9409-9922 e (088) 9762-2542.




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