O
estudo sobre o plástico feito por Geyer e seus colegas da
Universidade de Califórnia, nos Estados Unidos foi divulgado pela publicação
científica Science Advances. Trata-se da primeira estimativa
global de quanto plástico foi produzido, como o material é usado em todas as
suas formas e aonde ele parar. Estes são alguns dos principais dados.
§ 8,3 milhões de
toneladas de plástico virgem foram produzidas nos últimos 65 anos;
§ Metade deste
material foi produzido apenas nos últimos 13 anos;
§ Cerca de 30% da
produção histórica continua sendo usada até hoje;
§ Do plástico
descartado, apenas 9% foi reciclado;
§ Cerca de 12% foi
incinerado, mas 79% terminou em aterros sanitários;
§ Os itens de menos
uso são embalagens, utilizadas por menos de um ano;
§ Os produtos
plásticos com uso mais longo estão nas áreas de construção civil e maquinaria;
§ Tendências atuais
apontam para a produção de 12 bilhões de toneladas de lixo plástico até 2050;
§ Em 2014, a Europa
teve o maior índice de reciclagem de plástico: 30%. A China veio em seguida com
25% e os EUA reciclaram apenas 9%.
Resíduo -
Não há dúvida de que o plástico é um material impressionante. Sua
adaptabilidade e durabilidade fizeram com que a produção e uso ultrapassasse a
maior parte dos materiais feitos pelo homem, com a exceção de aço, cimento e
tijolos.
Desde o
começo da produção em massa do plástico nos anos 1950, os polímeros estão em
toda parte - incorporados a tudo, desde embalagens até roupas, de partes de
aviões a retardadores de chamas. Mas são justamente essas qualidades
maravilhosas do plástico que representam um problema crescente.
Nenhum
dos plásticos normalmente usados são biodegradáveis. A única forma de se
desfazer de seus resíduos é destrui-los através de um processo de decomposição
conhecido como pirólise ou por simples incineração - apesar de que este último
é mais complicado, por causa de preocupações com as emissões de gases
poluentes.
Enquanto
não se desenvolve uma maneira eficiente e sustentável, o resíduo se acumula.
Atualmente, segundo Geyer e seus colegas, há restos de plástico suficientes no
mundo para cobrir um país inteiro do tamanho da Argentina
A
expectativa da equipe é que o novo levantamento dê impulso ao diálogo sobre
como lidar com a questão. "Nosso mantra é: não dá para administrar o
que não dá pra medir. Então queremos divulgar esses números sem dizer ao mundo
o que ele deveria estar fazendo, mas para começar uma discussão real",
afirma o pesquisador.
Os
índices de reciclagem no mundo estão aumentando e a química moderna trouxe
alternativas biodegradáveis ao plástico, mas fabricá-lo continua sendo tão barato
que é difícil deixar de lado o produto.
A mesma
equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia, Santa Barbara já havia
produzido, em 2015, um levantamento do total de resíduos plásticos que vai para
os oceanos a cada ano: 8 milhões de toneladas.
'Tsunami' -
A ida dos resíduos plásticos para o mar, em particular, é o principal alvo da
preocupação dos cientistas nos últimos anos, por causa da comprovação de que
parte deste material vai para a cadeia alimentar dos peixes e de que outras
criaturas marinhas ingerem pequenos fragmentos de polímeros.
"Estamos
enfrentando um tsunami de resíduos plásticos e precisamos lidar com isso",
disse à BBC o oceanógrafo Erik van Sebille, da Universidade de Utrecht, na
Holanda, que monitora a presença do plástico nos oceanos.
"Precisamos
de uma mudança radical na maneira como lidamos com os restos do plástico.
Mantendo os padrões atuais, teremos que esperar até 2060 para que mais plástico
seja reciclado do que jogado em aterros e no meio ambiente. É devagar demais,
não podemos esperar tanto", afirmou.
Outro
motivo pelo qual a reciclagem de plástico ainda pode estar avançando lentamente
é o design dos produtos, segundo Richard Thompson, professor de biologia
marinha na Universidade de Plymouth, no Reino Unido.
"Se
os produtos de plástico fossem criados com a reciclagem em mente, eles poderiam
ser reutilizados muitas vezes. Uma garrafa, segundo alguns estudos, poderia ser
reciclada até 20 vezes. Isso seria uma redução significativa dos
resíduos", disse à BBC.
Para
Rolando Geyer, o ideal da reciclagem "é manter o material circulando pelo
maior tempo possível".
"No
entanto, percebemos no nosso levantamento que 90% do material que de fato foi
reciclado - cerca de 600 milhões de toneladas - só foi reciclado uma vez",
explica. (BBC)


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