Início dos
anos 50, ainda muito novo, encontrava-me de férias na nossa casa da Palma, que
era como chamávamos a casa de nossos avós, Quintina Fontenelle e João Batista
Gomes.
Já deitado, querendo dormir, não consegui. Começou a me faltar ar e uma tosse surgiu, sufocando-me, o que me era inconveniente, a ponto d’eu pensar que fosse naquela noite morrer, quando veio minha tia e madrinha Deusa.
- O que é
que você tem, meu amor?
- Eu nada respondi, por não consegui falar.
Veio a Dalila e me disse: Deusa, já é quase meia noite, é hora de assombração e esse teu afilhado está é “virando cachorro”. Deixe-o em paz, pelo menos ele morrerá ou sairá latindo por aí e não nos dará mais trabalho. Se a mamãe quiser, irei avisar ao Zé Pedro, para ele de manhã começar a cavar a cova no Cemitério dos Gomes.
Veio em seguida a vovô Quintina e, vendo o meu estado, diz: Deusa, vá correndo chamar o Carneirinho.
Seu Carneirinho, parecia até ser filho da vovó. A ela dispensava especial atenção e além do mais era amicíssimo do tio Dimas, o que o tornava muito ligado a nossa família. Havia aprendido seu ofício de enfermeiro com o médico Dr. Manuel de França e na prática evoluiu, a ponto de, às vezes, superar seu mestre, quer em diagnósticos ou tratamentos.
Todos os palmenses da época a ele devem o ônus impagável advindo dos cuidados e o do seu profissionalismo, que o obrigavam a atender de forma desinteressada a muitos daqueles tempos.
Foi ele, na verdade, um homem bom e de bem, além de um grande benfeitor da nossa Palma...
Não demorou, chegou seu Carneirinho. Depois de me ver, diagnosticou: Isso não é nada, dona Quintina. Seu neto está é com CRUPE.
- Mas ele irá virar cachorro, ou irá morrer, Carneirinho, como disse a Dalila?
- Que nada! Em dois dias ele voltará a ser o mesmo menino danado que é. Amanhã, pela manhã, já estará bem melhor. Deusa, você tem folhas de eucalipto?
- Remédio aqui, quem tem, guarda e cuida é a Dalila.
- Você tem, Dalila, continuou a indagar, seu Carneirinho?
- Eu tenho um remédio de eucalipto que a Dolores mandou de Sobral. Mas, eu não posso dar, pois é do Darcy. Vai buscar logo, Dalila, deixa de besteira, disse irritada a tia Deusa.
Ela foi e trouxe um vidro que, segundo seu Carneirinho, era um concentrado de eucalipto. Minha mãe Dolores havia mandando, atendendo às suas convicções premonitórias, das quais são possuidoras as mães zelosas.
Seu Carneirinho pediu à tia Deusa e essa repassou à Raimunda, uma empregada da vovó, para ferver uma bacia d’água e nela ele diluiu gotas do concentrado.
Tiraram-me da rede, flexionaram meu pescoço, de forma tal que eu pudesse inalar o vapor oriundo dessa aquecida mistura, possuidora de um forte cheiro de eucalipto. Para tal, cobriram minha cabeça e a bacia com uma toalha, e me mandaram inalar o vapor.
Embora no começo ter sido difícil, não demorou para minha respiração voltar quase ao normal, e eu deixar de tossir como cachorro.
Seu Carneirinho se foi, fez recomendações à tia Deusa para logo de manhã comprar um anti-inflamatório. Deu o nome, ela o atendeu e, várias vezes ainda na mesma noite, repetiu o cuidado por ele indicado. E também como nos dois dias seguintes, quando comecei a respirar e a falar, voltando a ser a alegre e saudável criança que sempre fui.
Dia seguinte, ao acordar, estavam em volta da minha rede as Três Irmãs Inseparáveis e meu dileto primo Anésio. Este já querendo marcar o dia que iríamos caçar na lagoa, com água pela cintura e barro pelas canelas, como soía acontecer.
- Eu nada respondi, por não consegui falar.
Veio a Dalila e me disse: Deusa, já é quase meia noite, é hora de assombração e esse teu afilhado está é “virando cachorro”. Deixe-o em paz, pelo menos ele morrerá ou sairá latindo por aí e não nos dará mais trabalho. Se a mamãe quiser, irei avisar ao Zé Pedro, para ele de manhã começar a cavar a cova no Cemitério dos Gomes.
Veio em seguida a vovô Quintina e, vendo o meu estado, diz: Deusa, vá correndo chamar o Carneirinho.
Seu Carneirinho, parecia até ser filho da vovó. A ela dispensava especial atenção e além do mais era amicíssimo do tio Dimas, o que o tornava muito ligado a nossa família. Havia aprendido seu ofício de enfermeiro com o médico Dr. Manuel de França e na prática evoluiu, a ponto de, às vezes, superar seu mestre, quer em diagnósticos ou tratamentos.
Todos os palmenses da época a ele devem o ônus impagável advindo dos cuidados e o do seu profissionalismo, que o obrigavam a atender de forma desinteressada a muitos daqueles tempos.
Foi ele, na verdade, um homem bom e de bem, além de um grande benfeitor da nossa Palma...
Não demorou, chegou seu Carneirinho. Depois de me ver, diagnosticou: Isso não é nada, dona Quintina. Seu neto está é com CRUPE.
- Mas ele irá virar cachorro, ou irá morrer, Carneirinho, como disse a Dalila?
- Que nada! Em dois dias ele voltará a ser o mesmo menino danado que é. Amanhã, pela manhã, já estará bem melhor. Deusa, você tem folhas de eucalipto?
- Remédio aqui, quem tem, guarda e cuida é a Dalila.
- Você tem, Dalila, continuou a indagar, seu Carneirinho?
- Eu tenho um remédio de eucalipto que a Dolores mandou de Sobral. Mas, eu não posso dar, pois é do Darcy. Vai buscar logo, Dalila, deixa de besteira, disse irritada a tia Deusa.
Ela foi e trouxe um vidro que, segundo seu Carneirinho, era um concentrado de eucalipto. Minha mãe Dolores havia mandando, atendendo às suas convicções premonitórias, das quais são possuidoras as mães zelosas.
Seu Carneirinho pediu à tia Deusa e essa repassou à Raimunda, uma empregada da vovó, para ferver uma bacia d’água e nela ele diluiu gotas do concentrado.
Tiraram-me da rede, flexionaram meu pescoço, de forma tal que eu pudesse inalar o vapor oriundo dessa aquecida mistura, possuidora de um forte cheiro de eucalipto. Para tal, cobriram minha cabeça e a bacia com uma toalha, e me mandaram inalar o vapor.
Embora no começo ter sido difícil, não demorou para minha respiração voltar quase ao normal, e eu deixar de tossir como cachorro.
Seu Carneirinho se foi, fez recomendações à tia Deusa para logo de manhã comprar um anti-inflamatório. Deu o nome, ela o atendeu e, várias vezes ainda na mesma noite, repetiu o cuidado por ele indicado. E também como nos dois dias seguintes, quando comecei a respirar e a falar, voltando a ser a alegre e saudável criança que sempre fui.
Dia seguinte, ao acordar, estavam em volta da minha rede as Três Irmãs Inseparáveis e meu dileto primo Anésio. Este já querendo marcar o dia que iríamos caçar na lagoa, com água pela cintura e barro pelas canelas, como soía acontecer.
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