A
Receita Federal estima que cerca de 30% das empresas aptas a integrarem a
modalidade de Microempreendedor Individual (MEI) farão a migração em 2018. A
partir do dia 1º de janeiro, entram em vigor as novas regras do MEI, entre
elas, o aumento do limite do faturamento anual, que passará dos atuais R$ 60
mil para R$ 81 mil.
Segundo a Receita,
com o novo limite, 172 mil empresas que integram outras modalidades estarão
aptas a integrar o MEI, mas apenas 52 mil devem de fato migrar para a
modalidade. Os microempreendedores individuais são enquadrados no Simples
Nacional e ficam isentos dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins,
IPI e CSLL).
A modalidade, no
entanto, também impõe restrições. Além do limite de faturamento, o
microempreendedor não pode participar como sócio, administrador ou titular em
outra empresa; não pode contratar mais de um empregado e deve exercer alguma
das atividades previstas para a modalidade. A partir de 2018, serão
incluídas 13 ocupações e excluídas três: personal trainer, arquivista de
documentos e contador/técnico contábil.
Para o contador e
advogado Antônio Gomes, da Liberal Contabilidade, o novo limite trará mais
conforto especialmente para os micro-empreendimentos que têm tendência a
crescer. “Com o aumento do valor de enquadramento, acredita-se que para algumas
atividades será de muita valia, por exemplo para quem faz reformas, tipo
pinturas, parte elétrica e hidráulica. Antes ficavam de olho no faturamento e
até mesmo deixavam de pegar serviço ou postergavam a emissão de nota fiscal
para não ser desenquadrados da condição de MEI. Com o aumento, para quem tem
tendência a crescer, com certeza ficou melhor”, disse Gomes.
Segundo o contador, o
MEI é ideal para regularizar empreendimentos. “Nesta modalidade são abarcadas
atividades que antes ficavam a mercê de benefícios por parte do governo, como o
previdenciário. O MEI tem direito a aposentadoria por idade, além de auxílio a
doença”, disse ao acrescentar: “O MEI é uma modalidade simplificadíssima para
abarcar aquelas atividades ditas como de fundo de quintal tipo pipoqueiro,
churrasqueiro, são aqueles empreendedores que estão em seguimento embrionário.
São, digamos, atividades que com o tempo podem se tornar grandes
empresários”.
Queda na arrecação - A entrada de novas
empresas na modalidade, no entanto, acarretará também em uma queda na
arrecadação, devido às concessões de incentivos fiscais. A Receita Federal estima
uma renúncia de R$ 150 milhões por ano.
“Como administração
tributária, não vemos com bons olhos, porque estende uma faixa de faturamento
muito alta, sem pagar praticamente nada”, diz o secretário-executivo do Comitê
Gestor do Simples Nacional, auditor-fiscal Silas Santiago. “Na avaliação da
administração tributária, não era necessário ter esse aumento”.
Mesmo com a queda na
arrecadação, a expectativa é de que as mudanças estimulem a economia do país.
Elas fazem parte do programa anunciado pelo governo no ano passado, Crescer sem
Medo.
Microempreendedores - Atualmente, de acordo
com dados do Portal do Empreendedor, o Brasil tem 7,7 milhões de MEI. De acordo
com dados divulgados este mês pela Serasa Experian, das 1,9 milhões de novas
empresas instaladas no país entre janeiro e outubro deste ano, 1,5 milhão são
micro-empreendimentos individuais, o que equivalente a 78,6% do total.
Os números são os
maiores já apurados pelo Indicador Serasa Experian de Nascimentos de Empresas
para os dez primeiros meses do ano. A quantidade de novos MEIs também é 11,7%
superior ao registrado entre janeiro e outubro de 2016, quando 1,3 milhão de
novas empresas desse segmento nasceram.
De acordo com o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) os micro e
pequenos empreendimentos representam 27% do Produto Interno Bruto do país (soma
dos bens e serviços produzidos no país) e são responsáveis por cerca de 52% dos
empregos formais no Brasil. (JB)
Nenhum comentário:
Postar um comentário