sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Granizo no sertão cearense vira lembrança e é usado para gelar a cerveja do natal

Moradores de Parambu, no sertão dos Inhamuns cearense, guardaram como lembrança granizo nos congeladores de suas residências, inclusive é usado para gelar a cerveja do jantar de natal. De acordo com a dona de casa Toinha Rocha o granizo foi algo "maravilhoso" e merece ser guardado até quando der. A "chuva de gelo" ocorreu na cidade na madrugada desta quarta (21) e surpreendeu a população local.

“Faz 48 anos que moro aqui, nunca tinha visto isso por aqui antes, de maneira nenhuma. Já andei em época de inverno em outros estados do Nordeste, mas nunca tinha visto nada igual. Nós colocamos em baldes, pequenas bacias. Tem uma na casa da minha mãe. O gelo ficou meio roxo pois estava na roça. Terra pronta para o plantio ai misturou com adubo da terra”, disse.

Toinha conta que sua mãe, a aposentada Raimunda Rocha, que mora em uma casa ao lado, falou também que nunca havia visto nada igual no local.

Após o granizo, Toinha disse que choveu apenas uma vez. E pouco. Todo o granizo derreteu. "Tudo foi embora. Depois de umas 24 horas tudo derreteu. Ficou só água empoçada como de uma chuva normal."

Possibilidade de novas chuvas de granizo - De acordo com o supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme, Raul Fritz, existe possibilidade de uma nova chuva de granizo ocorrer no Ceará e principalmente na Região do Sertão dos Inhamuns.

“Pode sempre ter um risco e possibilidade. Apesar de raro o sistema, as condições climáticas estiverem favoráveis pode sim repetir o fenômeno. A chuva de granizo é consequência do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), que dá origem às chamadas nuvens cumulonimbus. Se durar essas nuvens na região, pode sim ocorrer”.

Ainda segundo Fritz, a predominância das nuvens que ocasionam a chuva de granizo deve durar até domingo ou segunda-feira, mas em alguns casos pode permanecer até duas semanas. “Talvez essas nuvens fiquem no nosso estado até domingo ou segunda-feira. Varia da posição da nuvem. Pode durar também em alguns casos duas semanas”, explicou o meteorologista.

Explicação do fenômeno - A presença de uma nuvem cúmulo-nimbo gerou o fenômeno, de acordo com Raul Fritz. Essa nuvem, segundo Fritz, pode ultrapassar os 10 quilômetros de altura, da base ao topo. "Lá em cima é muito frio e cria-se o cristal de gelo. Em muitas ocasiões surgem pedras de gelo e, com as chuvas, acabam caindo junto com a água", explica.

O meteorologista ressalta que tanto as chuvas e o granizo foram influenciados também pela presença de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, sistema de baixa pressão atmosférica e circulação horária a aproximadamente 12 km de altura, sobre o Nordeste do Brasil.

Além dos registros em Parambu, houve também relatos de formação de granizo em Nova Olinda, cidade que também sofreu atuação do Sistema Convectivo de Mesoescala. Em ambos os municípios também houve chuvas de 18 e 12 milímetros, respectivamente.

A formação do granizo não está obrigatoriamente ligada à presença de chuvas intensas. Como se pode observar, em ambos os municípios com registros do gelo as precipitações foram fracas. Além disto, Fritz reforça ainda que a presença de granizo em nuvens cumulonimbus é comum, já que as temperaturas no topo delas chega a -60°C, porém, ao cair, acaba passando para o estado líquido com a variação da temperatura. Em regiões mais altas, como no caso da Serra dos Lopes, distrito de Parambu, a distância entre as nuvens é menor, tornando possível a percepção do fenômeno natural. (G1)

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