Moradores de Parambu, no sertão dos
Inhamuns cearense, guardaram como lembrança granizo nos congeladores de suas
residências, inclusive é usado para gelar a cerveja do jantar de natal. De
acordo com a dona de casa Toinha Rocha o granizo foi algo
"maravilhoso" e merece ser guardado até quando der. A "chuva
de gelo" ocorreu na cidade na madrugada desta quarta (21)
e surpreendeu a população local.
“Faz 48 anos que moro
aqui, nunca tinha visto isso por aqui antes, de maneira nenhuma. Já andei em
época de inverno em outros estados do Nordeste, mas nunca tinha visto nada
igual. Nós colocamos em baldes, pequenas bacias. Tem uma na casa da minha mãe.
O gelo ficou meio roxo pois estava na roça. Terra pronta para o plantio ai
misturou com adubo da terra”, disse.
Toinha conta que sua
mãe, a aposentada Raimunda Rocha, que mora em uma casa ao lado, falou também
que nunca havia visto nada igual no local.
Após o granizo, Toinha
disse que choveu apenas uma vez. E pouco. Todo o granizo derreteu. "Tudo
foi embora. Depois de umas 24 horas tudo derreteu. Ficou só água empoçada como
de uma chuva normal."
Possibilidade de novas
chuvas de granizo - De acordo com o supervisor da Unidade de Tempo e Clima da
Funceme, Raul Fritz, existe possibilidade de uma nova chuva de granizo ocorrer
no Ceará e principalmente na Região do Sertão dos Inhamuns.
“Pode sempre ter um
risco e possibilidade. Apesar de raro o sistema, as condições climáticas
estiverem favoráveis pode sim repetir o fenômeno. A chuva de granizo é
consequência do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), que dá origem às
chamadas nuvens cumulonimbus. Se durar essas nuvens na região, pode sim
ocorrer”.
Ainda segundo Fritz, a
predominância das nuvens que ocasionam a chuva de granizo deve durar até
domingo ou segunda-feira, mas em alguns casos pode permanecer até duas semanas.
“Talvez essas nuvens fiquem no nosso estado até domingo ou segunda-feira. Varia
da posição da nuvem. Pode durar também em alguns casos duas semanas”, explicou
o meteorologista.
Explicação do fenômeno
- A presença de uma nuvem cúmulo-nimbo gerou o fenômeno, de acordo com Raul
Fritz. Essa nuvem, segundo Fritz, pode ultrapassar os 10 quilômetros de altura,
da base ao topo. "Lá em cima é muito frio e cria-se o cristal de gelo. Em
muitas ocasiões surgem pedras de gelo e, com as chuvas, acabam caindo junto com
a água", explica.
O meteorologista
ressalta que tanto as chuvas e o granizo foram influenciados também pela
presença de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, sistema de baixa pressão
atmosférica e circulação horária a aproximadamente 12 km de altura, sobre o
Nordeste do Brasil.
Além dos registros em
Parambu, houve também relatos de formação de granizo em Nova Olinda, cidade que
também sofreu atuação do Sistema Convectivo de Mesoescala. Em ambos os municípios
também houve chuvas de 18 e 12 milímetros, respectivamente.
A formação do granizo
não está obrigatoriamente ligada à presença de chuvas intensas. Como se pode
observar, em ambos os municípios com registros do gelo as precipitações foram
fracas. Além disto, Fritz reforça ainda que a presença de granizo em nuvens
cumulonimbus é comum, já que as temperaturas no topo delas chega a -60°C,
porém, ao cair, acaba passando para o estado líquido com a variação da
temperatura. Em regiões mais altas, como no caso da Serra dos Lopes, distrito
de Parambu, a distância entre as nuvens é menor, tornando possível a percepção
do fenômeno natural. (G1)
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