Como havia sinalizado na
primeira parte, a discussão entre o campo progressista e o conservador,
efetivamente, tomou às rédeas do debate nestas eleições, mesmo que a discussão
não seja feita na profundidade que o embate ideológico seja merecedor.
Após o término do primeiro
turno, e como já era esperado – salvo algumas análises otimistas e discrepantes
da melhor visão do quadro político nacional - nada de novo se sucedeu além do
que já era esperado. Confirmadas a ida, para o segundo turno, do candidato do
PSL, Jair Bolsonaro, e do PT, Fernando Haddad. Surpreendente foi o primeiro,
com grande votação, não identificada pelos institutos de pesquisas. Faltou
pouco para liquidar a fatura já no primeiro turno.
Doutra parte, não obstante o
grande apelo popular do próprio candidato e de suas propostas, falo do
representante do PDT, Ciro Gomes, mais uma vez não consegue chegar ao segundo
turno, mantendo razoável aceitação nas urnas, mas longe de consagrar-se como
efetiva opção para a disputa final à Presidência da República.
Nesta toada, e com profunda
demonstração de que não consegue emplacar na disputa presidencial, foi a
vexatória votação do tucano Geraldo Alckmin, que, não obstante ter governado o
maior PIB brasileiro, amargou o quarto lugar, numa clara prova de que o
desgaste de seu partido e aliados até então vitoriosos, não são mais vistos
pelos eleitores como opção no quadro político brasileiro.
As demais candidaturas,
principalmente a do EX-MINISTRO Meireles, MDB, registrou a mesma marca do
primeiro candidato da legenda pós-redemocratização, Deputado Ulisses Guimarães,
em que, novamente, fica consolidado que o partido não é visto como opção
principal de governança, voltando ao seu status de coadjuvante.
Por fim, nessa análise das
legendas que se designou de palatáveis ao eleitorado (1ª parte do artigo, publ.
em 21.09/2018), o mais decepcionante e surpreendente fracasso nas urnas se deu
com a candidata da REDE, Marina Silva. Sucumbiu no primeiro turno, totalmente,
desidratada, quando, nas últimas eleições, 2014, havia registrado auspiciosos
21 milhões de votos, reduzidos, agora, para Um milhão de sufrágios.
O resultado das urnas, por sua
vez, sinaliza que, dos nomes sufragados, alguns deverão definitivamente sair do
embate para a Presidência, como é o caso de Geraldo Alckmin, Ciro Gomes,
Meireles e Marina Silva. No caso do candidato do MDB pela idade já avançada, e
os demais em face dos contínuos fracassos nas urnas. Há a perda natural de
apelo popular.
Entretanto, dentro do que se
propôs, observa-se que há preocupação latente em vários setores da sociedade de
como será possível governo do candidato da DIREITA, PSL, que para muitos tem
demonstrado viés ultraconservador. Tem maquiado informações em nome da
“proteção da família”, quando, na verdade, suas sinalizações são havidas, não
só pela imprensa nacional e internacional, como retrocesso e inaceitáveis para
os dias atuais, principalmente em relação às minorias e direitos sociais já
consagrados.
Esta preocupação não deixa de
ser legítima, pois o General Mourão, vice do candidato Jair Bolsonaro, tem-se
manifestado pela extinção de direitos dos trabalhadores, no que denominou de
“jabuticabas” brasileiras.
Ademais, o candidato
ultraconservador não enfrenta claramente os grandes problemas nacionais, e, até
o presente, não se sabe o real plano econômico que pretende emplacar, ficando
sempre a jogar para o que denominou de “Posto Ipiranga” que é o seu guru da
área econômica, economista Paulo Guedes, a quem caberá à condução da economia
brasileira em eventual mandato.
Frise-se, ainda, na toada
conservadora e com viés fascista como é retratado, por muitos analistas, a
discussão da pena de morte, redução da maioridade penal, prisão perpétua e a
excludente de ilicitude para policiais, tudo em nome do combate à violência,
que sem sombra de dúvidas é reclamo da sociedade. Sabe-se que o Brasil, com sua
dimensão continental, tem problemas que vão muito além de ser resolvido à BALA.
Tende a agravar mais e mais a já dividida pirâmide social, a par do agravamento
da homofobia, inclusive já posta em prática por muitos de seus admiradores.
Na contramão do perfil
autoritário, muito oportunas são as legítimas palavras do antropólogo, escritor
e político Darcy Ribeiro, saudoso Senador da República, que trabalhou nos
governos de Jânio Quadros, João Goulart e Leonel Brizola, de que “Se os governantes não construírem escolas,
em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”, demonstrando àquela época que a educação é o
caminho para reduzir a criminalidade.
Machado de
Assis, com o brilhantismo de sempre, também nos presenteou com sábias
reflexões, tendo afirmado que “Se a educação modifica a natureza, a natureza
pode em suas exigências mais absolutas readquirir os seus direitos e manifestar
a sua força”. É a senha de que o caminho para as grandes mudanças
passa necessariamente pela educação.
Por outro lado, e ao inverso
do que propaga o antagonista, o candidato do campo progressista Fernando Haddad
tem como sua agenda principal a continuidade dos ganhos sociais dos governos do
EX-PRESIDENTE LULA, quando o povo brasileiro teve efetivamente significativas
conquistas, as quais são reconhecidas como a “maior inclusão social já
praticada mundo afora”.
O candidato do PT, outrora
Ministro da Educação dos governos LULA, proporcionou que as classes menos
favorecidas tivessem oportunidades de qualificação. Foram criados mecanismos
como o FIES, PROUNI, CIÊNCIAS SEM FRONTEIRAS e a abertura de 18 UNIVERSIDADES
FEDERAIS, número recorde, constituindo-se no maior investimento na educação já
praticado pelos governos brasileiros.
Na contramão das conquistas
sociais reconhecidas, além do salto da economia brasileira para patamares
jamais vistos, o Partido dos Trabalhadores enfrenta desgaste profundo em face
dos escândalos ocorridos durante os governos petistas, agravado pela crise
econômica pós-impeachment, com sistemáticos ataques de setores da imprensa e
das classes dominantes economicamente, temerosas em perder seus contínuos
privilégios.
Assim, não obstante as
conquistas indiscutíveis nos governos do Partido dos Trabalhadores, que atendeu
aos anseios de larga percentagem da população, dando voz e vez aos milhares de
nacionais excluídos, há a disseminação de uma onda antipetismo, decorrente dos
escândalos e da prisão de muitos integrantes do partido, inclusive de seu líder
maior o ex-presidente Lula, para muitos observadores é típico preso político,
ceifado da vida pública por até então ter sido líder absoluto da intenção de
votos.
Assim, o embate nas urnas é o
enfrentamento dessas duas frentes ideológicas, uma conservadora e a outra
progressista, ou direita e esquerda.
Frise-se, finalmente, que essa
tipificação é o menos importante, relevante o é o espectro das diretrizes
econômicas que serão empreendidas pelo candidato eleito para salvaguardar as
garantias individuais, os direitos constitucionalmente assegurados e a
continuidade do regime democrático, traduzido no exercício da cidadania e na
liberdade de expressão, a par do fortalecimento do Estado brasileiro.
Francisco José Rodrigues Bezerra de
Menezes, Franzé Bezerra Advogado.
Pós-graduado em Direito Processual Civil e Direito e Processo Eleitoral.
Especialista em Direito Civil. Sócio fundador da Bezerra de Menezes Advogados
Associados. (E-mail: bezerrademenezesadv@gmail.com).
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