Com notícias falsas presentes nas eleições
americanas em 2016 e relatos de que outros pleitos brasileiros já tinham se
valido do método em campanhas - antes conhecido apenas como "boatos"
-, era de se esperar que o fenômeno também afetaria as eleições de 2018 no Brasil.
Mas não da maneira amplificada como ocorreu.
O pleito deste ano, vencido por Jair Bolsonaro (PSL), teve uma campanha
inundada de desinformação, uma plataforma digital no centro de tudo, o
WhatsApp, sob fortes questionamentos, e o principal tribunal que fiscaliza as
eleições sendo acusado de não ter dimensionado corretamente o problema.
"A gente vai precisar de muita DR (discussão de relação) depois da
eleição", diz Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab, centro de
pesquisas sobre direito e tecnologia no campo da internet. Para ele, fatores
econômicos e políticos no Brasil contribuíram para o fenômeno - e a tecnologia
foi apenas o cenário onde isso tudo aconteceu.
Outros pesquisadores veem um papel mais importante do WhatsApp na
dinâmica observada durante a campanha.
Nas palavras do procurador regional eleitoral de São Paulo, Luiz Carlos
dos Santos Gonçalves, "cada eleição traz uma surpresa, essa trouxe
muitas". "Não é que o sistema de Justiça tenha sido pego de calça
curta. Acho que foi, mas não foi sozinho. Todo mundo foi pego de
surpresa", afirma, citando o espaço inesperado que as redes ocuparam
durante a campanha, na sua opinião.
Afinal, o Brasil tinha as condições ideais para a propagação de notícias
falsas durante as eleições? E como solucionar esses problemas, pensando no
futuro?
1) Sociedade, política e acesso à internet
Na visão de pesquisadores, a difusão de notícias falsas no Brasil é
causada por fatores sociais e políticos, antes que tecnológicos.
"No mundo todo, passamos por um processo no qual as instituições
que fazem a mediação da relação das pessoas com a busca da verdade, como a
ciência e o jornalismo, estão numa crise", observa Cruz, do InternetLab.
"As novas tecnologias têm um papel de diversificar as fontes de informação
das pessoas, que procuram outros tipos de produtores de informação - não só jornalística."
Muitos acabam caindo, diz ele, em fontes de informação que produzem, na
realidade, propaganda política - e acreditam nela e propagam o conteúdo por
causa de sua posição dentro de uma sociedade extremamente polarizada.
Na sua visão, então, a crise das instituições de mediação se soma a uma
divisão política muito agravada no Brasil desde 2013, ano das grandes
manifestações no país, e em especial em 2014, quando novos atores surgiram:
"uma nova safra de militantes de direita, mais massificados e organizados
em rede".
E os novos atores, com quem a mídia tem dificuldade de competir
"porque um veículo de propaganda faz dez manchetes em uma hora"
enquanto a imprensa profissional mobiliza mais recursos para produzir
reportagens de verdade, produzem só para um lado do espectro político e se
projetam.
Pablo Ortellado, pesquisador do Monitor do Debate Político no Meio
Digital, da USP concorda. Para ele, o problema não é tecnológico e tampouco tem
a ver especialmente com a educação.
É social e político, ligado diretamente a uma sociedade polarizada como
o Brasil está agora. O segundo turno, por exemplo, foi uma "disputa de
rejeição". De acordo com pesquisa Datafolha de 25 de
outubro, poucos dias antes da votação, 44% dos eleitores disseram que não
votariam de jeito algum em Bolsonaro, enquanto 52% rejeitavam o rival Fernando
Haddad (PT). Bolsonaro cresceu com o sentimento de antipetismo.
"A polarização é uma organização do debate político em dois polos,
na qual um considera o outro polo ilegítimo, gerando tomadas de posição
automaticamente contrárias ao outro", afirma Ortellado. "Isso torna
as pessoas muito apaixonadas, e a capacidade de reflexão crítica cai. É por
isso que as pessoas não conseguem reconhecer que estão recebendo notícias
falsas."
Campanhas e redes só se aproveitam da polarização, diz ele, e a
desinformação se propaga independentemente da rede social usada. E há, sabemos,
produção profissional de notícias falsas: empresas que vendem perfis
falsos - mantidos por pessoas reais - para campanhas,
produção de boatos (em 2010, em blogs;
atualmente, no Facebook, WhatsApp etc) e páginas profissionais de notícias
falsas no Facebook, entre outros.
Então, "se existe terreno fértil - e no Brasil a polarização
política e ascensão da militância mais conservadora explicam isso - o receptor
de notícias falsas está mais propenso a não só recebê-las, como
repassá-las", avalia Cruz.
'Acesso limitado à internet'
Yasodora Córdova, pesquisadora da Digital Kennedy School e do First
Draft News, de Harvard, elenca outros fatores sociais para a difusão de
desinformação no Brasil: a falta de veículos de imprensa locais, a falta de
bibliotecas e o acesso limitado à internet no Brasil.
Para ela, o combate à proliferação de notícias falsas deve apoiar-se nos
pilares da educação, de bibliotecas e de "instituições que se comunicam
online com frequência, de modo que pudéssemos confiar nas informações".
Ela explica: ministérios, prefeituras, órgãos de governo não têm estrutura para
fazer comunicação online e não têm páginas informativas.
"Não temos um mínimo de estrutura informacional online",
afirma. Além disso, "não temos veículos locais, mas temos uma tradição de
fazer fofoca". "A notícia sempre se espalhou no boca a boca. Ambiente
perfeito pra migrar para o WhatsApp - que permite até áudio."
2) Papel do WhatsApp
Com 120 milhões de usuários no país, o WhatsApp virou um importante
campo de batalha durante a campanha, embora seu real impacto seja difícil de
medir.
Por ser uma rede gratuita e oferecida amplamente no Brasil por
operadoras que não descontam o uso da internet no WhatsApp do pacote de dados -
ou seja, na prática, oferecendo acesso à internet só pela rede - ela adquiriu
usos diferentes no país.
Não é só apenas um aplicativo de mensagens instantâneas, é também uma
espécie de rede social, com pessoas participando de grupos para papear com quem
não conhecem, além de se informarem por meio do WhatsApp. Tudo isso em uma rede
criptografada - o que significa que o aplicativo não tem acesso ao conteúdo
compartilhado entre as pessoas.
Segundo o WhatsApp, mais de 90% das mensagens enviadas na plataforma no
Brasil são entre duas pessoas, e a maioria dos grupos tem cerca de seis
pessoas. Conforme definiu o jornal Washington Post em editorial no dia 25/10, o
aplicativo não é só um de mensagens privadas, é, assim como o Facebook, um
publicador também e, por isso, deve ter responsabilidades iguais às da rede
social.
Na visão de Ortellado, o WhatsApp nasceu como ferramenta de comunicação
interpessoal, mas aos poucos somou funcionalidades de comunicação de massa, com
grupos grandes e transmissão de mensagens e reencaminhamentos.
"A comunicação de massa sigilosa é um problema porque é uma
comunicação com o público fora da esfera pública. Você não sabe o que está
sendo feito, não consegue fazer contraponto e não consegue identificar os
autores da comunicação."
Para alguns pesquisadores, essas características de comunicação de massa
e quase de rede social criaram o ambiente ideal para a proliferação de notícias
falsas. Além disso, o fato de que muitas pessoas só têm acesso à
internet por ali - sem poder checar outras fontes de
informação - também pode contribuir para o fenômeno. E, sendo gigante no
Brasil, o WhatsApp acabou servindo não só como meio, mas como catalisador do
problema.
Importância da rede - Antes de a campanha começar, políticos participaram de seus tradicionais
encontros para traçar alianças e conseguir mais tempo de TV. O ganhador do
pleito, Jair Bolsonaro (PSL), começou com 8 segundos em cada bloco no horário
eleitoral da TV, o que levou a análises apontando que ele poderia ter
dificuldades no pleito.
Mas Bolsonaro terminou o primeiro turno com 46% dos votos. Diferença
enorme de Geraldo Alckmin (PSDB), que começou as eleições com quase metade do
total de tempo de TV reservado a todos os candidatos e uma votação de 4,76% no
primeiro turno.
O que explica esse fenômeno? - Não significa, diz Cruz, da InternetLab, que o WhatsApp tenha
substituído sozinho a TV. "A TV deixou de ter um papel preponderante, mas foi substituída por
vários coadjuvantes." Para ele, é preciso levar em consideração o
"intricado hábito de consumo de informação no Brasil", onde nenhuma
rede é unanimidade.
Ele observa que os debates de TV e entrevistas no Jornal Nacional, da
Globo, por exemplo, tiveram picos enormes de engajamento nas redes sociais e
"repercutiram de forma dilatada no tempo porque os vídeos de candidatos
foram repercutidos no Facebook, no YouTube e no WhatsApp".
De qualquer forma, segundo pesquisa Datafolha, o WhatsApp era a rede
mais utilizada pelos eleitores - 65% declararam ter conta. E quase metade diz
acreditar nas informações compartilhadas pelo aplicativo. O levantamento foi feito nos dias 24 e 25 de outubro de 2018, com 9.173
entrevistas presenciais em 341 municípios.
Campanhas no WhatsApp - O que se sabe é
que, em 2018, as campanhas identificaram a rede social como relevante para
convencer eleitores e investiram nela. Reportagem da BBC News Brasil mostrou
como elas obtiveram softwares capazes de
coletar dados de usuários no Facebook - telefones
segmentados por curtidas em páginas, sexo, idade, região, por exemplo - e
enviar mensagens em massa no WhatsApp, com softwares que permitiam o disparo
para até 300 mil números. Também criaram grupos na plataforma com esses números
e se utilizaram de outros tipos de bancos de dados (vendidos ilegalmente, por
exemplo).
Além disso, diversas reportagens mostram como a campanha de Bolsonaro
investiu na rede. Uma reportagem da Folha de S.Paulo afirmou que a campanha de
Bolsonaro teria se valido de caixa 2 para financiar uma rede de notícias falsas
no WhatsApp. O candidato do PSL nega a acusação e diz que a militância a seu
favor na plataforma é orgânica.
E muita desinformação circulou pela plataforma. Um trabalho da agência
de checagem de notícias Lupa, com base no sistema que monitora conteúdo
disseminado por meio de grupos públicos de WhatsApp desenvolvido por Fabrício
Benevenuto, professor de Ciência da Computação da UFMG, mostrou que só 4 das 50
imagens que mais circularam em grupos entre os dias 16 de agosto e 7 de outubro
de 2018 eram 100% verdadeiras.
Resultados de uma pesquisa Ibope/Estado/TV Globo mostrou, no entanto, um
impacto menor do WhatsApp Nas eleições. Três em cada quatro eleitores disseram
não ter recebido mensagens desfavoráveis a algum candidato à Presidência na
semana que antecedeu o primeiro turno. E só um quarto daqueles que viram
propaganda na rede disseram que isso ajudou na decisão do voto. O Ibope ouviu
3.010 eleitores de 21 a 23 de outubro. A margem de erro das duas pesquisas de
dois pontos porcentuais para mais ou para menos.
Por que tanta diferença nos resultados, pensando no que mostrou a
pesquisa Datafolha? Para Ortellado, "as pessoas que recebem notícias
falsas não as reconhecem como notícias falsas" - então não poderiam ter
respondido à pesquisa de forma precisa. "Aliás, as notícias falsas só se
propagam quando não são percebidas como tal."
Soluções para a plataforma - Antes do segundo turno, Ortellado, a jornalista Cristina Tardáguila,
diretora da Lupa, e Benevenuto, da UFMG, publicaram uma carta no jornal
americano The New York Times pedindo que o WhatsApp promovesse mudanças na
plataforma no Brasil.
Exemplo: por que o número escolhido para limitar o encaminhamento de
mensagens por usuário é 20? Na Índia, o número máximo foi reduzido para cinco
depois de casos de linchamento provocados por notícias falsas disseminadas pelo
aplicativo.
À BBC News Brasil, antes da publicação da carta no New York Times, o
WhatsApp havia dito: "A Índia tem uma das mais altas quantidades de
conteúdo encaminhado, por isso estamos testando um limite mais baixo no país
para ajudar a enfrentar o desafio da desinformação. O limite em todo o mundo,
incluindo o Brasil, é de 20 mensagens".
Os pesquisadores sugerem que essa regra mude durante períodos
eleitorais. Também propõem que a empresa diminua o tamanho de grupos - que hoje
podem ter até 256 participantes - durante o período e limite o envio de
mensagens simultâneas, hoje para até 256 contatos de uma vez.
A rede, sob muitas críticas no Brasil, respondeu dizendo que não seria possível implementar
as mudanças a tempo. Usuários teriam que atualizar o aplicativo
para que as mudanças se concretizassem, entre outros obstáculos.
Claire Wardle, diretora de pesquisa do First Draft News, laboratório
ligado à Universidade Harvard, e uma das idealizadoras do Comprova (a coalizão
de jornalistas contra notícias falsas), admite que um dos grandes desafios do
grupo foi difundir o conteúdo verdadeiro no WhatsApp. A ideia para o futuro,
diz ela, é criar uma espécie de rede de "embaixadores" importantes em
diferentes grupos que possam receber a checagem de notícias em mensagens
individuais e difundi-las nos grupos.
Cruz, da InternetLab, pensa em uma solução que vai pelo mesmo caminho:
um em que o WhatsApp funcionasse para que os veículos de imprensa atuassem bem
dentro da rede. "A gente tem que tentar produzir arranjos políticos e
econômicos que privilegiam a mediação por veículos profissionais", afirma.
Hoje, esses veículos praticamente não difundem seu conteúdo no espaço do
WhatsApp.
Wardle diz que o ideal é que, ao menos no dia das eleições, governo,
instituições e plataformas trabalhem juntos para conter notícias falsas. Mas a pesquisadora faz um alerta: uma regulação das redes pode
potencialmente levar a censura - uma preocupação compartilhada por todos os
pesquisadores entrevistados pela BBC News Brasil. A ideia, dizem, não é
interferir na criptografia do WhatsApp ou no conteúdo distribuído pela rede,
mas pensar em soluções focadas em seu modelo de distribuição de conteúdo.
Na Índia, o professor de Ciência da Computação Ponnurangam Kumaraguru, o
PK, está desenvolvendo um aplicativo que poderá possivelmente verificar as
notícias compartilhadas no WhatsApp do usuário.
PK está monitorando 800 grupos públicos no WhatsApp no país e coletando
mensagens para criar um modelo de como são notícias falsas em texto, áudio,
vídeo e imagem. Com isso e a partir de machine learning ("aprendizado de
máquina", que reconhece padrões e aprende com seus erros para evoluir e
refinar sua atuação), espera conseguir mostrar se um conteúdo é falso. A ideia,
explica ele à BBC News Brasil, é criar um aplicativo que funcionaria no celular
junto com o WhatsApp e mostraria, a pedido do usuário, uma espécie de nota para
a mensagem selecionada.
Há soluções diferentes. O WeChat, aplicativo de mensagens, rede social e
de pagamentos extremamente popular na China, por exemplo, criou uma espécie de
"aplicativo dentro do aplicativo" que mostra, em abas diferentes, os
boatos mais difundidos, as notícias falsas que o usuário leu ou compartilhou, o
número de notícias desmentidas e quem as checou.
O WhatsApp tem afirmado que trabalha no Brasil com agências de checagem
de notícias e que bloqueou milhares de contas durante as eleições que tinham
comportamento de spam.
3) Como a Justiça enfrentou a difusão de
notícias falsas
A suposta omissão ou demora do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) para lidar com o problema da
proliferação de notícias falsas no Brasil foi alvo de
críticas durante a campanha, e é o terceiro fator para a composição de um
"ambiente fértil" para o fenômeno no Brasil.
Embora especialistas sejam categóricos em dizer que a regulação de
plataformas e legislação específica sobre notícias falsas possam incorrer em
censura, os entrevistados pela BBC News Brasil concordam que os esforços do TSE
deixaram a desejar.
Para investigar casos específicos, os TREs têm que ser provocados pelos
Ministérios Públicos ou partidos políticos. Em 28/10, a ministra Rosa Weber, presidente do TSE, disse que o tribunal
saiu como vencedor, e não derrotado, no combate às notícias falsas. No primeiro
turno, quando boatos sobre fraudes nas urnas tomaram o pleito, ela havia dito
que o TSE ainda estava "entendendo o fenômeno" das notícias falsas,
que não seriam "de fácil compreensão, de fácil prevenção".
Para combater o problema, o TSE promoveu um seminário internacional
sobre o tema, criou acordos com partidos e especialistas em marketing político
e criou um conselho consultivo no ano passado para discutir o fenômeno (que se
reuniu poucas vezes desde sua criação). Mas não foi o suficiente.
No dia do primeiro turno, apenas um TRE, o TRE-MG, conseguiu desmentir
uma notícia falsa relacionada a uma urna. E então, só depois do dia do primeiro
turno, o TSE chamou reuniões com pesquisadores e fez reuniões e exigências ao
WhatsApp.
"O TSE foi pego de surpresa no volume de notícias falsas
difundidas. Já havia uma previsão, era uma coisa estimada inclusive por causa
das eleições nos Estados Unidos", diz Roberta Gresta, assessora jurídica
do TRE-MG e professora de direito eleitoral da PUC Minas. "Mas a
intensidade surpreendeu, principalmente daquelas atacando a própria Justiça
eleitoral."
A rede social usada para essa difusão também. A reforma eleitoral do ano
passado, que rege a forma como as eleições serão reguladas, não foi pensada
considerando o WhatsApp, por exemplo.
"A legislação para a eleição futura é baseada na eleição passada.
Há sempre um hiato, não tem como ser diferente", afirma Luiz Carlos dos
Santos Gonçalves, procurador regional eleitoral de São Paulo.A Constituição
exige que as normas sobre o processo eleitoral tenham sido aprovadas um ano
antes da eleição. Ou seja, as eleições de 2018 estão sendo regidas pela
legislação de 2017, que foram baseadas nas eleições de 2016.
"Achávamos que o Facebook ia ser o grande problema da internet
nessas eleições porque foi em eleições passadas. Não tinha como razoavelmente
prever que seriam grupos fechados no WhatsApp que iam fazer a diferença",
afirma. "E vai acontecer de novo a mesma coisa no futuro."
De qualquer forma, para Gabriela Rollemberg, vice-presidente da comissão
de direito eleitoral da OAB Nacional, a solução do problema não passa pela
legislação. "A lei não dá conta. O WhatsApp é uma rede fechada. A gente
acaba tendo uma dificuldade de compatibilizar as normas com a realidade",
afirma.
E o que a Justiça poderia fazer?
Se soubesse como se daria a dinâmica de difusão de notícias falsas na
campanha, o procurador regional eleitoral Luiz Gonçalves diz que teria
reorientado suas prioridades de trabalho, criando grupos de monitoramento da
internet, oficiando empresas e exigindo compromissos, fazendo outro tipo de
acompanhamento.
Daqui para frente, na opinião da advogada Gabriela Rollemberg, a Justiça
terá que abrir "canal de diálogo mais amplo com WhatsApp para criar algum
tipo de ferramenta de controle, mas sem censura". O diálogo e o trabalho
em conjunto também deverão ser tocados com agências de checagem de notícias.
"Não é um desafio que a Justiça Eleitoral vai resolver sozinha. É um
trabalho coletivo e a sociedade civil tem papel importante, com a colaboração
não só das empresas de tecnologia, mas também dos estudiosos da matéria e da
própria imprensa."
A BBC News Brasil pediu uma entrevista com um representante do TSE para
falar do tema, mas não obteve resposta. Para Gresta, do TRE-MG, a atuação do tribunal mineiro na resposta
imediata à acusação de fraude "é exemplar e devemos nos pautar por isso
para enfrentar o problema". "Mas um tribunal não pode se precipitar
se não conseguir obter um esclarecimento necessário."
De qualquer forma, diz ela, "se a gente não contar com a capacidade
crítica das pessoas, vai ser um eterno enxugar gelo". Cruz, do InternetLab, lembra que estamos passando por "um período
de transição importante". Para ele, Judiciário, Legislativo, academia e a
mídia não previram como seria a campanha. "É um processo. Não dá para
pular a curva de aprendizado." (BBC)
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