Já o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) ficou na condição de coadjuvante em
meio à troca de comando e à orientação de desmontar a “caixa-preta”.
As vendas por parte dos bancos públicos são uma orientação da equipe
econômica do governo, que não quer “competir com banqueiro”. Em suas
apresentações ao mercado, o secretário especial de Desestatização e
Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, tem reforçado a necessidade de
desestatizar o crédito no Brasil, reduzindo o tamanho das instituições oficiais
no setor.
Novas vendas já estão engatilhadas para o segundo semestre, com
potencial de multiplicar o volume arrecadado e contribuir com os planos do
governo de alcançar US$ 20 bilhões em privatizações só este ano. As operações
envolvem não só negócios do setor financeiro, mas também a participação dos
bancos estatais em empresas de outros segmentos, como energia, saneamento,
logística.
A União ganha de duas formas com as vendas de ativos por meio dos bancos
públicos. Além dos impostos das operações, considerando o ganho de capital,
ainda se beneficia de dividendos distribuídos, uma vez que é o acionista
controlador.
“A maioria dos ativos vendidos pelos bancos públicos já estava listada
na Bolsa e, por isso, é muito mais fácil vender. Além de já ter um valor
estabelecido, o mercado conhece a história das empresas”, diz o analista do
Brasil Plural, Eduardo Nishio. “Se a história é boa, tem comprador”,
acrescenta.
Segundo ele, a estratégia dos bancos estatais é se desfazer de
investimentos que não são foco da operação bancária. No caso da Caixa,
acrescenta Nishio, pesa ainda a “reestruturação profunda” da nova gestão para
torná-la mais eficiente e diminuir a intervenção do governo no sistema
financeiro.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou recentemente que estão
previstas “outras 15” operações. A meta da instituição para o ano era levantar
R$ 15 bilhões. No primeiro semestre, já foram R$ 10 bilhões, com a venda de
ações do ressegurador IRB Brasil Re e da Petrobrás. A Caixa vai listar os
negócios de seguros, cartões, lotéricas e gestão de recursos na Bolsa e vender
as participações detidas pelo FI-FGTS.
Horizonte - Só a venda da área de seguros pode superar o valor de tudo do que a
Caixa se desfez até agora. Neste momento, segundo Estadão/Broadcast apurou, o banco resolve questões de
governança para enviar a segunda leva de informações para os interessados. De
posse desses dados é que os candidatos farão as ofertas para disputar o ativo.
Enquanto isso, a Caixa negocia também com a sócia francesa CNP
Assurances e tenta elevar o preço fechado pela nova parceria, de R$ 4,65
bilhões, ainda na gestão do ex-presidente Michel Temer. Além das operações que
deseja levar à Bolsa, o banco público vai colocar à venda sua fatia no BB e na
Alupar, de energia.
O BB também tem uma fila de vendas pela frente. Entre elas, estão sua
empresa de recuperação de créditos vencidos, a Ativos, o banco Votorantim, do
qual é sócio com a família Ermírio de Moraes; BB Americas, sua filial nos
Estados Unidos, além do argentino Patagônia. O BB procura ainda parceiro nas
áreas de banco de investimento e gestão de recursos.
Até o momento, além de vender a participação na Neoenergia, em que
levantou R$ 1,775 bilhão, o BB saiu do IRB por meio de uma venda de ações em
Bolsa e que lhe rendeu R$ 4,181 bilhões. Encerrou também as atividades da
BBTur, de viagens, e vendeu, juntamente com o BNDES, a fatia que detinha na
Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação (SBCE) por R$ 3,27 milhões.
Para o segundo semestre, o mercado espera que o BNDES, que passou a ser
comandado por Gustavo Montezano após a saída de Joaquim Levy, seja mais ativo em
desinvestimentos. Em sua posse, o executivo disse que suas metas são explicar a
“caixa-preta” do banco e acelerar a venda de participações por meio da
BNDESPar, seu braço de investimento em empresas, que somam em torno de R$ 100
bilhões. (Estadão)
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