Logo amanhã, 30
de Maio, festejamos a Santíssima Trindade. 03 de Junho, Corpus
Christi. Dia 11, Sagrado Coração de Jesus. Dia 12, Imaculado
Coração de Maria; e tanto para os que se divertem nas festas folclóricas,
como para os que têm fé e rezam, todos têm o “eterno Dia dos Namorados” no
dia 12 de Junho. Pena é que, desde o ano passado, tudo continua mudado da
tradição junina, devido a Pandemia de que estamos sendo vítimas, por causa da
COVID-19 que tanto está tirando a vida, a tranquilidade, como a normalidade das
sociedades: familiar, religiosa, política, estudantil, econômica e social de
todo mundo.
A verdade é que
estamos cheios de Festejos e datas importantes a serem celebradas. Depois de
celebrarmos amanhã, a SS Trindade, logo na 5ª feira, dia 03, será a Festa
do Corpo de Deus, motivando todos a adorarem, publicamente, o Corpo e o
Sangue de Cristo, no Dia Santo de Guarda, em homenagem ao
Milagre da Transubstanciação.
Feito por Jesus,
uma única vez, na última ceia e repetido pelos seus presbíteros, para sempre, “até a consumação dos séculos”. “Tomai
e comei. Isto é o meu corpo. Tomai e bebei. Este é o cálice do meu sangue.
Fazei isso em memória de mim”. Aí estava instaurado “o milagre da
transubstanciação”, isto é, o pão e o vinho perderiam a própria força, a
própria substância, para receber em si, a “substância de Jesus”. “Isso é
impossível aos homens? A Deus não o é”. Está fechada a questão.
Isso aconteceu no
ano 33 da era cristã, antes de Sua morte. Mesmo ano em que ressuscitou, subiu
ao céu, enviou o Espírito Santo e fundou a Igreja. Faz 1988 anos que tudo isso
se deu. Somadas as datas, dá o ano em que nos encontramos: 2021. Não se pode
duvidar. É uma conta simples de matemática. O que dificulta para entender isso,
é a nossa falta de fé.
Até o século XIII
a Igreja celebrava a Eucaristia, “recordava a memória de Jesus”, levava
ao povo a mensagem da “comunhão”, da vida comunitária, mantinha Jesus, preso ao
Sacrário, o povo O via na celebração da Santa Missa, nas exposições do
Santíssimo, mas não O encontrava nas vias públicas, não manifestava sua alegria
em vê-Lo, não enfeitava as ruas para que Ele passasse. Jesus havia ficado
conosco pela instituição da Eucaristia, mas era conservado tão “oculto” quanto
lá longe, junto ao Pai e ao Espírito Santo, antes da Encarnação e depois de Sua
Ascensão ao Céu. O próprio Jesus quis fazer-se presente através de inúmeras
ocasiões, além das celebrações eucarísticas, sobretudo nos constantes, famosos
e históricos “milagres eucarísticos”, tão divulgados pelo mundo e reconhecidos
como verdadeiros, que levou o Papa Urbano IV a criar a Solenidade do Corpo de
Deus, a ser celebrada na 5ª Feira após a Festa da SS. Trindade, todos os anos, “para testemunhar, publicamente, a adoração
e veneração da Santíssima Eucaristia”. Isto se deu através da Bula “Transiturus de hoc mundo” de 11 de agosto
de 1264. Faz, portanto, 757 anos que se celebra, publicamente, o “tão sublime sacramento” de uma maneira
mais próxima do povo, caminhando pelas nossas ruas, avenidas, praças,
logradouros e de passagem pelas portas de nossas casas. Todos merecem vê-Lo de perto,
falar com Ele, pedir-Lhe uma graça e saudá-Lo como Aquele que veio para nos
unirmos em Comunhão. Claro que neste ano, a Pandemia vai impedir-nos de
prestar-Lhe a pública homenagem que Ele merece receber. Assim, já o fizemos na
quaresma, Semana Santa, Páscoa, Ascensão, Pentecostes e na S.S. Trindade
amanhã. Todas, virtualmente, celebradas pelas Redes Sociais.
É tão importante a
Festa de Corpus Christi que o Código de Direito Canônico, em seu Cânon 395
recomenda – extensivamente aos Párocos - que “o Bispo não se ausente da Diocese neste dia, dada a extraordinária
solenidade em honra do Corpo do Senhor” e o Concílio de Trento, no século
XVI, “oficializou as Procissões
Eucarísticas como Ação de Graças pelo dom supremo da Eucaristia e como
manifestação pública de fé na presença real de Cristo na Hóstia Consagrada”.
Não podemos solenizar como merece, mas o faremos.
O que se espera é
que, mesmo sem a participação presencial, se celebre, virtualmente, com muita
fé e entusiasmo, a Festa do Corpo de Deus, neste dia 03 de Junho, de
nossas casas, seguindo a orientação da Paróquia, com todo o respeito que a
Eucaristia merece e lembrando-nos que a Comunhão só deverá ser recebida, embora
espiritualmente, quando a gente está, verdadeiramente, na graça de Deus: sem
pecado. No mínimo, que se reze o Ato de Contrição, com um propósito firme
de não voltar a pecar, até aparecer uma oportunidade favorável à recepção do
Sacramento da Reconciliação com um Sacerdote. É o nosso reconhecimento ao Senhor
pela sua doação generosa e completa a favor de nossa salvação. A Solenidade dos
Santíssimos “Corpo e Sangue de Cristo” é a demonstração pública de nossa fé e a
nossa gratidão pela dádiva da Eucaristia. É nossa correspondência ao Convite do
Senhor que nos chama a tomar parte na Refeição Maior ou no Banquete do Reino:
de sua vida e de sua misericórdia.
Diz a sabedoria
popular que “há males que nos trazem um
bem” ou que “Deus escreve certo por
linhas tortas”. O COVID-19 nos levou a refletir nessas máximas para
descobrir o ‘bem’ e ‘acertar o passo certo na vida’.
Adorar o Corpo de
Deus não é simplesmente uma devoção. É a busca, a aceitação, a certeza, a prova
da verdadeira fé no Sacramento do Amor.
(*)
Mons. Assis Rocha
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