"Embora
os dados sejam escassos, estimativas recentes mostram que até 20% das
pessoas com covid-19 experimentam doença contínua durante semanas ou meses após
a fase aguda da infeção", diz o Relatório Europeu da Saúde 2021 da OMS,
divulgado nesta quinta-feira.
Segundo
o documento, a condição clínica conhecida por long
covid ocorre em pessoas com histórico de infecção pelo
SARS-CoV-2 geralmente três meses a partir do início da doença, com sintomas que
duram pelo menos dois meses, sendo as mais comuns a fadiga, falta de ar e
disfunção cognitiva.
"A
condição pós-covid-19 é imprevisível e debilitante e pode, posteriormente,
levar a problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e sintomatologia
pós-traumática", alerta capítulo do relatório dedicado à pandemia.
De
acordo com o documento da OMS Europa, o que influencia o desenvolvimento e
gravidade do long covid é, até agora, desconhecido, mas não parece estar
correlacionado com a gravidade da infecção inicial ou com a duração dos
sintomas associados, sendo, porém, mais comum em pessoas que foram
hospitalizadas.
"Espera-se
que o número absoluto de casos aumente à medida que ocorrem novas ondas de
infecção na região europeia e é preciso mais investigação e
vigilância" a essa condição específica provocada pela
covid-19".
O
relatório sobre Saúde na Europa, publicado a cada três anos, diz ainda que
as medidas de contenção da pandemia, como os confinamentos, "influenciaram
negativamente os comportamentos de saúde" da população.
As
restrições tiveram impacto nos padrões de consumo de álcool, tabaco e de drogas
em "partes significativas da população",
além do "aumento do comportamento sedentário e alterações
negativas" em nível alimentar.
A
OMS acrescenta que o fechamento de escolas e universidades em
diversos países, durante as fases mais críticas da pandemia, teve "impacto
no bem-estar mental" das crianças e adolescentes.
"Análise
recente mostra número significativo de crianças que sofrem de ansiedade,
depressão, irritabilidade, desatenção, medo, tédio e distúrbios do sono",
afirma a OMS. Para a organização, o fechamento de escolas durante os
picos da pandemia em 2020 e 2021causaram perdas na aprendizagem e perturbação
no desenvolvimento cognitivo de crianças e adolescentes.
"Os
dados emergentes mostram perdas de aprendizagem de um terço a um quinto de um
ano letivo e foram relatadas mesmo em países com aplicação relativamente
curta das medidas de saúde pública e sociais e acesso generalizado à internet.
Isso sugere que as crianças fizeram pouco ou nenhum progresso enquanto
aprenderam em casa", destaca a organização.
O
relatório mostra ainda que, devido à natureza do trabalho, os profissionais
de saúde estão em maior risco de infecção por SARS-CoV-2, e a prevalência de
doença é ligeiramente maior entre os profissionais de saúde do que na
população em geral.
"As
estimativas atuais mostram que cerca de 10% dos profissionais de saúde foram
infectados. Cerca de 50% deles eram enfermeiros e 25%, médicos".
A
covid-19 provocou pelo menos 5,90 milhões de mortes em todo o mundo desde
o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A
doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detectado no
fim de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A
variante Ômicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se
dominante no mundo desde que foi detectada pela primeira vez, em novembro, na
África do Sul. (Ag. Brasil)
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