segunda-feira, 4 de julho de 2022

POUCAS E BOAS - artemisiodacosta@hotmail.com - SOBRAL-CE – TERÇA-FEIRA - 05.07.22)

Sobral! 249 anos de progresso

Nesta terça-feira (5 de julho) Sobral vivencia o ducentésimo quadragésimo nono (249º) aniversário da sua emancipação política. Que o momento festivo também para estimular seus 205.529 habitantes (estimativa IBGE 2017) a conhecer um pouco mais da história da Fazenda Caiçara, passando pela Vila Distinta e Real até a atual cidade de Sobral. Eis, abaixo, minha contribuição visando a estimular o interesse pelo conhecimento da bela história deste município, principalmente por parte dos aqui nascidos ou que adotaram Sobral como segundo berço.

Além disso, torço para que também a data se reverta em ocasião para seu povo inteirar-se mais, questionar mais e exigir mais as providências cabíveis e necessárias, o que culminará em ações que tornem Sobral uma cidade melhor e seus moradores mais felizes. Para tanto, faz-se urgente exigir mais segurança, mais saúde e mais oportunidade de trabalho, a fim de que todos possam trilhar os caminhos do bem. Parabéns, Sobral! 

POR QUE CAIÇARA?

Atualmente, Boulevard do Arco 

Nome dado à porção de terra herdada por Quitéria Maria de Jesus, como dote de seu casamento com Antônio Rodrigues de Magalhães. Quitéria havia herdado de sua mãe, Apolônia da Costa, casada com o sargento-mor Antônio Marques de Leitão. E Apolônia, por sua vez, teve sua parte herdada de seu pai Antônio da Costa Peixoto, português, vereador em Aquiraz. A 14 de outubro de 1702, este edil conseguiu uma sesmaria às margens do rio Acaraú, medindo uma légua e meia de comprimento com meia légua de largura, indo da margem esquerda do rio Acaraú ao sopé da serra da Meruoca.  De suas terras, Antônio e Quitéria fundaram a fazenda à qual deram o nome de Caiçara pelo fato de ter sido no início protegida com uma cerca de varas. Isso é corroborado pela etimologia: a palavra Caiçara vem do tupi e significa “cerca feita de mato”. 

Protesto - Muitos que levam adiante a história de Sobral em seus escritos ou pronunciamentos têm pecado por omitir a grande importância do padre visitador Lino Correia Gomes. Para mim, ele foi o verdadeiro fundador de Sobral e não o fazendeiro Antônio Rodrigues de Magalhães. E explico: Pe. Lino foi o pai da ideia de instalar a sede de um curato por aqui. Com o curato, veio o desenvolvimento. Antônio simplesmente doou terras e não tinha a mínima intenção de fundar uma cidade, inclusive pouco permanecia nesta região. 

POR QUE VILA DISTINTA E REAL DE SOBRAL?

A 14 de novembro de 1772, por ordem do Governador e Comandante Geral de Pernambuco, Manuel da Cunha de Menezes, foi criada a Vila Distinta e Real de Sobral. Sua instalação oficial, bem como a eleição e posse da primeira Câmara de Vereadores só aconteceu no dia 5 de julho de 1773. O nome Vila Distinta e Real de Sobral traz consigo certo ar de nobreza. Senão vejamos:

DISTINTA - Porque não tivera origem indígena ou bárbara, nem fora sede de missões jesuíticas ou de outras congregações religiosas. Sobral fora colonizada por portugueses ou descendentes destes e catequizada por padres seculares.  Todas as vilas surgidas dessa forma, de colonização totalmente branca, eram consideradas com ares de nobreza e, portanto, distintas. 

REAL - Pelo fato de ter sido criada por ordem direta do Rei e, por isso, recebia dele proteção e simpatia. Existiam vilas criadas de aldeias indígenas, mas não recebiam os adjetivos “Distinta e Real”.  Eram chamadas apenas Vila ou Vila Nova, acrescido do nome do local. Vila formada de habitantes estritamente de origem portuguesas era Distinta e Real, como foi o caso de Sobral, exemplo único no Ceará. Quando foi baixado o decreto pelo Rei para criação das Vilas era uma ordem retirar todos os nomes indígenas e alterar para nomes de locais já existentes em Portugal.

No caso deste município, a denominação vem de Sobral da Lagoa de Óbidos, terra dos ancestrais de Quitéria Maria de Jesus, esposa de Antônio Rodrigues de Magalhães. 

OBS.: Em Portugal pode-se encontrar mais de uma dezena de localidades que recebem o nome Sobral acrescido de mais algum designativo.

SOBRAL - Sobral (ou sobreiral) é o coletivo da palavra sobro, sovro ou sobreiro (fotos). Trata-se da denominação popular de Quercus Súber, uma das árvores florestais mais abundantes em Portugal. 

É a única quercínea produtora de cortiça da região mediterrânea. O sobreiro é uma espécie que requer umidade e solos relativamente profundos e férteis, embora também tolere temperaturas altas e períodos secos de três a quatro meses, típicos do clima do sul de Portugal.

Entre as características que o distinguem dos restantes carvalhos, sobressaem: - o considerável desenvolvimento que pode atingir o invólucro suberoso do tronco e dos ramos; - a faculdade que a árvore possui de regenerar uma nova assentada geradora de cortiça quando se despojam aqueles órgãos do revestimento protetor; - a homogeneidade e pureza do tecido suberoso e as suas notáveis propriedades físicas, mecânicas e químicas. É devido à cortiça que o sobreiro tem sido cultivado desde tempos remotos. 

A extração da cortiça não é (em termos gerais) prejudicial à árvore, uma vez que esta volta a produzir nova camada de "casca" (súber) com idêntica espessura a cada 9 - 10 anos, período após o qual é submetida a novo descortiçamento. 

POR QUE FIDELÍSSIMA CIDADE JANUÁRIA DO ACARAÚ?

Vale lembrar que o município já recebeu o nome de Januária. Quando da elevação de Vila à categoria de cidade, o presidente da Província do Ceará (hoje equivalente a governador do Estado), José Martiniano de Alencar, que era padre e pai do famoso romancista cearense José de Alencar, através da Lei nº 229, de 12 de janeiro de 1841, deu o nome a esta terra de Fidelíssima Cidade Januária do Acaraú. Explica-se, também, esse pomposo nome. 

FIDELÍSSIMA - Pela fidelidade dos sobralenses ao Pe. Alencar, quando da revolta contra o seu governo ocorrida na então Vila Distinta e Real de Sobral em 1840. Houve sérios conflitos com várias mortes, saindo vitorioso o Pe. Alencar. 

JANUÁRIA - Homenagem que o presidente da Província queria prestar à jovem irmã do imperador D. Pedro II, a Princesa Januária, de 19 anos (Daí,  “Princesa do Norte”). A população não gostou nem pouco da mudança de Sobral para Januária, o que forçou, no ano seguinte, o novo presidente, José Joaquim Coelho, através da Lei nº 244, de 25 de outubro de 1842, atender aos reclamos da população retornando o nome do lugar para Sobral. Como Januária, Sobral ainda permaneceu durante um ano, nove meses e treze dias. 

SAIBA MAIS SOBRE SOBRAL  - Acesse o site oficial da Prefeitura do município: 


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