Alberto Fernández, presidente do país, classificou
o ataque como "o mais grave desde 1983, quando o país voltou a ser uma
democracia". Ele também declarou feriado nacional nesta
sexta-feira (2).
Abaixo, leia perguntas e respostas com o que se
sabe e o que falta esclarecer sobre o caso.
Quem é Cristina Kirchner?
Atual vice-presidente da Argentina, Cristina
Kirchner tem 69 anos e já governou o país por dois mandatos — em 2007, quando
sucedeu seu falecido marido, Néstor Kirchner (morto em 2010), e em 2013, quando
foi reeleita. A administração dos Kirchner, a chamada "era K",
começou em 2003, no desfecho de uma severa crise econômica, e durou 12 anos.
Durante seu primeiro mandato, Cristina tinha Néstor
como seu principal aliado e conselheiro. O ex-presidente morreu em outubro de
2010 vítima de um ataque cardíaco. Apesar das insistentes recomendações médicas
para que reduzisse o nível de tensão após duas intervenções coronárias.
Néstor e Cristina, que militaram juntos na ala
juvenil do peronismo dos anos 1970 e se casaram em 1975.
Kirchner está sendo julgada por corrupção ligada a
contratos públicos concedidos no início dos anos 2000. Os promotores
acusam a vice-presidente de participar de um esquema para desviar dinheiro
público quando ocupava a presidência do país. Segundo a promotoria, empresários
que participavam do esquema faziam contratos com o Estado e repassava uma parte
das verbas a então presidente.
Ela, que nega as acusações, pode enfrentar uma
sentença de 12 anos de prisão e possível desqualificação para cargos públicos
se for condenada.
Quem é o atirador?
Fernando Sabag Montiel, de 35 anos, nasceu em 13 de
janeiro de 1987, reside no bairro de La Paternal, em Buenos Aires, e tem
permissão para trabalhar como motorista de aplicativo na Argentina. O documento
do brasileiro obtido pela Polícia Federal mostra que ele nasceu em São Paulo,
mas que não é filho de brasileiros e que vive desde o começo da década de 1990
no país vizinho.
Segundo o blog da Andréia Sadi, as primeiras
informações do Itamaraty são de que o atirador seria de São Paulo, filho de mãe
argentina e pai chileno, que teria sido expulso do Brasil em 2021.
Montiel tem antecedentes por porte de arma ilegal
não-convencional. Em 17 de março de 2021, ele alegou "segurança
pessoal" ao ser flagrado com um facão de 35 cm.
De acordo com o site "Infobae", vizinhos
definiram Montiel inconstante, propenso a dizer "tolices" e que tem o
hábito de esperar músicos famosos em hotéis.
Onde aconteceu o ataque?
O atentado aconteceu quando Kirchner acenava para
apoiadores na frente de sua casa, no bairro da Recoleta, em Buenos Aires. A
vice-presidente conta com uma equipe de segurança de 100 policiais federais.
Como aconteceu o ataque?
As imagens mostram que Montiel aparece de gorro
preto entre as pessoas que aguardavam a chegada de Kirchner em frente à sua
casa. O brasileiro estica o braço esquerdo e aponta a pistola na altura da
cabeça da vice-presidente. Também é possível ouvir o gatilho antes do disparo.
Kirchner, ao ver a arma, chega a se abaixar. Ela
continuou a assinar livros, a tirar fotos e a cumprimentar as pessoas após o
ataque, como se nada tivesse acontecido.
Qual foi a motivação do ataque?
Ainda não se sabe qual foi a motivação. Também não
há informações sobre um possível depoimento ou declarações do brasileiro à
polícia argentina.
O que aconteceu com o atirador?
Os seguranças de Kirchner conseguiram deter Montiel
com a ajuda dos militantes que estavam em volta da vice-presidente. Em
seguida, o brasileiro, que tem
antecedentes policiais, foi preso.
Segundo o ministro da Segurança da Argentina,
Aníbal Fernández, a situação ainda vai ser analisada. "Agora a situação
tem que ser analisada pelo nosso pessoal da [polícia] Científica para avaliar
os rastros e a capacidade e disposição que essa pessoa tinha."
Qual foi a arma usada?
A arma de calibre .38 estava carregada com cinco
balas, mas falhou na hora do disparo.
O que aconteceu após o ataque?
Fernández, o presidente da Argentina, declarou feriado nacional nesta
sexta-feira (2).
"Decidi declarar feriado nacional para que, em
paz e harmonia, o povo argentino possa expressar-se em defesa da vida, da
democracia e solidarizar-se com nossa vice-presidente", anunciou durante
pronunciamento em rede nacional.
"Estamos diante de um fato com uma gravidade
institucional e humana extrema. Atentaram contra a nossa vice-presidente e
a paz social foi alterada",
afirmou o presidente, acrescentando que "este atentado merece o mais
enérgico repúdio de toda a sociedade argentina e de todos os setores
políticos".
Juan Manzur, o chefe de gabinete da Casa Rosada, a
sede da presidência da Argentina, convocou uma reunião de ministros para esta
sexta-feira (2). Segundo informaram fontes da Chefia de Gabinete ao
site "Infobae", a reunião será realizada a partir das 8h30 no horário
de Brasília.
"Hoje mais do que nunca temos a obrigação e a
responsabilidade de defender a democracia, o diálogo, o consenso e a paz
social", declarou Manzur em uma rede social logo após o ataque. (g1)
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