O dispositivo, chamado
mempo-kei, estabelecia essa meta de 10 mil passos por dia (cerca de 8km).
Desde então, a comunidade
científica vem testando essa hipótese para entender qual deve ser realmente a
meta.
É importante lembrar que,
independentemente da quantidade de passos dados, os benefícios do exercício
físico de caminhada já são fartamente comprovados pela ciência e pela medicina.
A caminhada, no curto prazo,
favorece a liberação de endorfinas no cérebro, o que faz a pessoa se sentir
melhor, mais feliz.
Também melhora o equilíbrio e
fortalece as pernas, como disse Borja del Pozo Cruz, principal pesquisador de
ciências da saúde na Universidade de Cádiz, na Espanha em um artigo
publicado pela BBC.
Além disso, se a caminhada se
tornar um hábito, ela fortalece o coração e o sistema imunológico.
Outra vantagem, explicou Pozo
Cruz, é que ela facilita a eliminação da gordura, e por isso pode ser
considerada uma ferramenta eficaz para perder peso.
Pesquisas mais recentes
indicam que também pode reduzir o risco de doenças como câncer, alguns
problemas cardiovasculares e demência.
Mas o quanto é necessário para
atingir cada benefício? 10 mil passos deve realmente ser a meta?
De passo em passo
A análise de hábitos de saúde
de mais de 226 mil pessoas em todo o mundo mostrou que 4 mil passos já estão
associados com uma redução no risco de morrer prematuramente por qualquer
causa.
Cada mil passos extras além
dos 4 mil estão associados a uma redução do risco de morte prematura em 15%,
diz o estudo, até o limite de 20 mil passos (ou seja, mais exercício do que
isso não traz benefício extra).
Pouco mais de 2,3 mil são já
beneficiam o coração e os vasos sanguíneos.
Os pesquisadores confirmaram
que a caminhada traz benefícios para pessoas de todas as idades e gêneros,
independentemente de onde elas moram. No entanto, os maiores benefícios foram
vistos entre os menores de 60 anos.
"Acredito que devemos
sempre enfatizar que as mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e
exercícios, que foram os principais heróis de nossa análise, podem ser pelo
menos tão ou mais eficazes na redução do risco cardiovascular e no
prolongamento da vida do que remédios", disse ele Maciej Banach, da
universidade de Lodz.
Caminhar é um hábito adequado
para "quase qualquer pessoa" porque é uma atividade de baixo impacto
e fácil para as articulações e músculos.
Para Pozo Cruz, 10 mil passos
é uma ótima meta, mas o mais importante é as pessoas não desistirem caso não
consigam cumpri-la.
"Outra conclusão a que
chegamos é que dar 4 mil passos por dia está associado a uma diminuição de até
25% do risco de demência", escreveu ele.
Entender que mesmo uma
quantidade menor de caminhada já traz benefícios, diz, é um dado reconfortante
e que ajuda na motivação.
"As pessoas que não estão
motivadas ou estão começando a adquirir o hábito de caminhar devem saber que os
benefícios começam a se acumular a partir de alguns passos ao dia",
escreveu.
Ou seja, quem busca os
benefícios máximos da caminhada pode estabelecer a meta de 10 mil - mas o mais
importante é não ficar parado.
Segundo dados da OMS, a
atividade física insuficiente é responsável por 3,2 milhões de mortes a cada
ano - a quarta causa mais frequente no mundo.
A falta de exercício pode
retardar o metabolismo e afetar o crescimento e a força muscular, o que pode
causar dores, diz Honey Fine, personal trainer e instrutora da empresa global
de fitness Barry's.
"Ficar sentado por muito
tempo também pode causar todos os tipos de problemas nas costas", diz ela.
"Encontramos muito disso
em pessoas com empregos de escritório, onde as costas são constantemente
colocadas em uma posição comprimida, o que causa muito mais problemas mais
tarde na vida."
Tarefas do dia a dia que fazem
as pessoas se movimentarem já são preferíveis do que ficar parado.
"Tarefas como ficar de pé, carregar compras, lavar o chão, passar o aspirador, andar de um lado para o outro enquanto fala ao telefone – são todas as pequenas coisas que nos tornam mais ativos que nos ajudam a queimar calorias com mais eficiência", diz ela.
(Fonte: BBC)
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