Estima-se que 422 milhões de pessoas vivem com diabetes em todo o mundo, quatro vezes mais do que há 40 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O diabetes ocorre
quando o corpo não consegue processar toda a glicose da corrente sanguínea.
A glicose não faz
mal, pelo contrário, é o combustível para todas as células do corpo.
As complicações do
diabetes podem causar ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC),
cegueira, insuficiência renal e amputação de membros inferiores.
Apesar dos riscos, muitas
pessoas que têm diabetes não sabem disso. Mudanças no estilo de vida podem
evitar muitos casos.
No Dia Mundial do
Diabetes, em 14 de novembro, a BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC)
apurou quais são as perguntas mais frequentes no Google sobre a doença e as
respondeu com a ajuda de três especialistas.
1. Quais são os
primeiros sintomas do diabetes? E em crianças?
Victor Montori,
endocrinologista de diabetes da Clínica Mayo, nos Estados Unidos:
"Normalmente, um médico avisa o paciente que ele tem diabetes tipo 2 com
base nos resultados de exames laboratoriais que medem o açúcar no sangue. A
maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 não apresenta sintomas. Os sintomas
são mais comuns em pacientes com diabetes tipo 1, quando os níveis permanecem
muito altos por muito tempo. Pode ocorrer fadiga, sede, fome, micção excessiva,
visão turva e perda de peso.”
José Agustín Mesa
Pérez, endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana de Diabetes: “Nas crianças, o
diabetes se apresenta mais frequentemente do tipo 1. Os sintomas geralmente são
mais intensos e ocorrem em menor tempo: sede intensa, perda de peso, micção
frequente, cansaço e sonolência."
Fabiana Vazquez,
membro da Sociedade Argentina de Diabetes: “Nas últimas décadas, registramos
um aumento alarmante de casos de diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes,
ligados ao aumento da obesidade e ao sedentarismo.”
2. Quando o nível
de açúcar no sangue é perigoso?
Fabiana Vazquez,
membro da Sociedade Argentina de Diabetes: “Com o estômago vazio, o nível
normal de açúcar no sangue é de 70 a 110 miligramas por decilitro (mg/dL). Após
as refeições, esses valores aumentam, mas a insulina garante que eles retornem
rapidamente ao normal (geralmente em duas horas). Valores maiores que 180
mg/dL mantidos por mais de 2 horas são tóxicos para as células e, se repetidos
muitas vezes, podem causar danos permanentes a elas, especialmente aos rins,
olhos, coração e nervos das pernas."
“No longo prazo,
todo o corpo é afetado se os valores estiverem elevados. Portanto, pessoas com
diabetes devem ter níveis de glicose no sangue entre 70 e 180 mg/dl na maior
parte do dia."
Victor Montori,
médico endocrinologista especializado em diabetes da Clínica Mayo, nos Estados
Unidos: “O paciente com diabetes tipo 2 pode começar a ficar desidratado
quando o nível de açúcar ultrapassa 200 mg/dL, mas pessoas sem nenhum outro
problema podem manter níveis elevados de açúcar sem maiores riscos. Quando o
nível está muito alto, por exemplo acima de 300 mg/dL, o risco é maior e requer
atenção."
José Agustín Mesa
Pérez, endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana de Diabetes: “Também devemos
falar sobre valores mais baixos. Pessoas que têm diabetes, mesmo aquelas que
apresentam alguma complicação, devem evitar ter valores de glicose abaixo de 70
mg/dl tanto em jejum quanto após a ingestão de alimentos."
3. Quais são as
diferenças entre diabetes tipo 1 e tipo 2?
José Agustín Mesa
Pérez, endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana de Diabetes: “Na classificação
do diabetes existem quatro tipos, mas na prática ele é expresso como tipo 1 ou
2. O tipo 1 geralmente ocorre em jovens com menos de 30 anos, magros e que não
têm histórico hereditário de diabetes. Normalmente, vem com sintomas agudos.”
"O diabetes
tipo 2 geralmente ocorre em adultos com mais de 40 anos, normalmente
relacionado ao sobrepeso ou obesidade, com circunferência da cintura abdominal
acima de 80 cm nas mulheres e 90 cm nos homens. Também é associado a outros
fatores de risco, como triglicerídeos elevados, pressão alta e fígado
gorduroso."
Victor Montori,
médico endocrinologista especializado em diabetes da Clínica Mayo, nos Estados
Unidos: “No diabetes tipo 1, o uso adequado da insulina (tarefa trabalhosa e
cara) oferece a esses pacientes a possibilidade de uma vida sem limitações. Nos
pacientes com diabetes tipo 2, por ser mais leve, as alterações podem ser bem
controladas com dieta, exercícios, controle do estresse e medicamentos
(comprimidos, injeções, insulina)."
4. O diabetes tem
cura? Pode ser evitado?
Fabiana Vazquez,
membro da Sociedade Argentina de Diabetes: “O diabetes não tem cura, mas se
for bem controlado, a pessoa pode levar uma vida normal. Não há como saber quem
terá diabetes tipo 1, nem como evitá-lo. Por outro lado, o diabetes tipo 2 tem
fatores desencadeantes muito claros. Manter um peso adequado, seguir uma
alimentação saudável e balanceada e praticar exercícios físicos regularmente
podem prevenir ou retardar o aparecimento do diabetes em quem tem predisposição
genética."
Victor Montori,
médico endocrinologista especializado em diabetes da Clínica Mayo, nos Estados
Unidos: “O transplante de pâncreas é uma alternativa agressiva que
resolve em muitos casos a falta de insulina no diabetes tipo 1”.
José Agustín Mesa
Pérez, endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana de Diabetes: “Não há cura e
devemos ter muito cuidado com os mentirosos e charlatões que a prometem. Mas é
uma doença crônica perfeitamente controlável e, quanto mais cedo for
diagnosticada e mais intenso for o trabalho para reduzir os fatores de risco,
mais fácil será evitar outras complicações."
5. Quais alimentos
causam diabetes?
José Agustín Mesa
Pérez, endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana de Diabetes: "Nenhum. Não
existem alimentos que possam desenvolver diabetes por si só. A confusão surge
porque o homem pré-histórico precisava economizar energia para poder viver e
ele conseguiu isso através de mecanismos de economia de insulina."
“Mas, com o passar do
tempo e a grande disponibilidade de alimentos, começamos a ter problemas: o
consumo do excesso de energia que começou a chegar com o desenvolvimento
industrial. E não eram mais alimentos naturais, mas sim alimentos enlatados
para os quais a digestão não está preparada. Começou a haver um excesso na
deposição de calorias no tecido adiposo, no fígado e em outras estruturas. A
consequência foi o desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes,
obesidade, câncer etc."
Fabiana Vazquez,
membro da Sociedade Argentina de Diabetes: “O consumo adequado de vegetais
(crus e cozidos e de diversas cores) e frutas pode ajudar a equilibrar a dieta
e incorporar antioxidantes naturais que auxiliam na prevenção do diabetes”.
“Dietas ricas em
gorduras, principalmente se forem de origem animal, assim como carboidratos
simples (açúcares) e alimentos industrializados estão associadas à maior
possibilidade de desenvolver diabetes tipo 2. O excesso de fast food e
lanches é uma das causas da maior frequência com que detectamos diabetes tipo 2
em crianças."
(BBC)
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