Consolidação
dos conceitos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que foi lançada com
a adesão confirmada de mais de 80 nações. Reafirmação do papel do G20 como
fórum de cooperação com vocação para apoiar países em desenvolvimento e atingir
os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Ênfase na transição energética e
na premência de ações ambientais. Taxação de grandes fortunas como uma das
formas de financiar as mudanças necessárias no cenário internacional. Reforma
na governança de instituições multilaterais para dar eficiência aos esforços de
paz e garantia de preservação dos direitos humanos.
Esses
foram alguns dos consensos expressos na declaração final da Cúpula do G20,
publicada no início da noite desta segunda-feira, 18 de novembro, no Rio de
Janeiro. O documento com 85 pontos inclui as principais prioridades da
presidência do Brasil à frente do grupo e reconhece que a desigualdade dentro
dos países e entre eles está na raiz da maioria dos desafios globais.
“O
mundo requer não apenas ações urgentes, mas medidas socialmente justas,
ambientalmente sustentáveis e economicamente sólidas. Por esse motivo, nós
trabalhamos em 2024 sob o lema “Construindo um mundo justo e um planeta
sustentável” –, colocando a desigualdade, em todas as suas dimensões, no centro
da agenda do G20”, indica um dos trechos.
O
texto enfatiza a necessidade de esforços globais para reduzir disparidades de
crescimento entre as nações. “Reconhecemos que as crises que enfrentamos não
afetam igualmente o mundo, sobrecarregando desproporcionalmente os mais pobres
e aqueles que já estão em situação de vulnerabilidade”.
Alguns
pontos da declaração final
(leia
a íntegra no fim da página)
INTEGRIDADE
- O
documento condena ataques contra civis e à ameaça ou uso da força contra a
integridade territorial, a soberania ou a independência política dos Estados.
Expressa preocupação com a situação humanitária na Faixa de Gaza e a escalada
de violência no Líbano, assim como cobra a necessidade de ampliar a assistência
humanitária e a proteção de civis e o cumprimento pleno de resoluções da
Organização das Nações Unidas (ONU). “Destacamos o sofrimento humano e os
impactos negativos da guerra. Afirmando o direito palestino à autodeterminação,
reiteramos nosso compromisso inabalável com a visão da solução de dois Estados,
onde Israel e um Estado palestino vivem lado a lado, em paz, dentro de
fronteiras seguras e reconhecidas, consistentes com o direito internacional e
resoluções relevantes da ONU”.
ALIANÇA
GLOBAL - O
comunicado enaltece os conceitos e potenciais da Aliança Global contra a Fome e
a Pobreza, lançada oficialmente nesta segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. com 148 adesões, incluindo 82 países. A iniciativa proposta pelo
Brasil na presidência do G20 tem como meta erradicar a fome no mundo até 2030.
"A fome é produto de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande
parte da humanidade. O G20 representa 85% dos 110 trilhões de dólares do PIB
mundial. Responde por 75% dos 32 trilhões de dólares do comércio de bens e
serviços e dois terços dos 8 bilhões de habitantes do planeta. Compete aos que
estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que
envergonha a humanidade”, afirmou o presidente Lula no lançamento da Aliança.
SUSTENTABILIDADE
- O
texto de consenso do G20 ainda reforça um compromisso de apoio aos países em
desenvolvimento para produção agrícola sustentável, reforça mecanismos de
cooperação internacional nas modalidades norte-sul, sul-sul e trilateral e
cobra uma mobilização adicional de recursos.
SANEAMENTO
- A
publicação registra, pela primeira vez na história, a necessidade de
mobilização de recursos para saneamento básico e acesso à água potável. No
plano das relações com o mundo do trabalho, o texto faz um chamado à proteção
de trabalhadores, incluindo o combate ao trabalho forçado, à escravidão moderna
e ao trabalho infantil.
IGUALDADE
- Nas
relações de gênero, reconhece a contribuição das mulheres para a economia e a
necessidade de tornar os sistemas de cuidados mais igualitários. Faz um forte
chamado ao combate à misoginia e à violência contra mulheres.
MEIO
AMBIENTE - Na
seara das mudanças climáticas, destaca a urgência de uma mobilização global,
reafirma o G20 com o multilateralismo climático e o Acordo de Paris,
reafirmando o princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas.
Reforça ainda a necessidade de implementação dos resultados da Conferência da
ONU sobre Mudanças Climáticas em Dubai, principalmente do primeiro Balanço
Global do Acordo de Paris (GST-1), e reitera o compromisso de se atingir a
neutralidade de carbono até meados do século por meio de contribuições
nacionalmente determinadas ambiciosas.
TRANSIÇÃO
ENERGÉTICA - No
mesmo tema, o texto reconhece a necessidade reduzir emissões dos gases de
efeito estufa e reafirma a urgência de medidas de adaptação, fortalecimento do
financiamento público e cooperação internacional para ajudar os países em
desenvolvimento em sua ação climática e o apoio aos esforços para triplicar a
capacidade de energia renovável e duplicar a média anual global de eficiência
energética até 2030.
FINANCIAMENTO
- Uma
das medidas para ampliar a disponibilidade financeira citada no documento é a
tributação progressiva dos chamados “super-ricos”, outra prioridade levantada
pelo Brasil na presidência do G20. “Com total respeito à soberania tributária,
nós procuraremos nos envolver cooperativamente para garantir que indivíduos de
patrimônio líquido ultra-alto sejam efetivamente tributados”, indica um dos
trechos.
INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL - Na
Inteligência artificial, exalta a promoção da cooperação internacional com
vistas à redução das desigualdades no meio digital, reconhece que a
inteligência artificial pode gerar oportunidades econômicas, mas também gera
preocupações de ordem ética e riscos aos direitos e ao bem-estar dos cidadãos.
Encomenda ao Grupo de Trabalho de Emprego um documento com princípios para o
uso confiável e seguro da inteligência artificial no mundo do trabalho e cria
uma instância de Alto Nível / Força-Tarefa sobre Governança da Inteligência
Artificial.
GOVERNANÇA
GLOBAL - Em
uma das principais prioridades da presidência brasileira, a declaração
reconhece que a reforma da governança global deve decorrer de soluções
multilateralmente acordadas. Afirma que as instituições internacionais devem
ser reformadas para refletir as realidades políticas, econômicas e sociais do
século XXI e se tornarem mais representativas, efetivas e transparentes. “Nós
nos comprometemos a reformar o Conselho de Segurança (da ONU) por meio de uma
reforma transformadora que o alinhe às realidades e demandas do século XXI, que
o torne mais representativo, inclusivo, eficiente, eficaz, democrático e
responsável, e mais transparente para toda a comunidade das Nações Unidas,
permitindo uma melhor distribuição de responsabilidades entre todos os membros,
ao mesmo tempo que melhora a eficácia e a transparência dos seus métodos de
trabalho. Reivindicamos uma composição ampliada do Conselho de Segurança que
melhore a representação das regiões e grupos sub-representados e não
representados, como a África, Ásia-Pacífico e América Latina e Caribe”, indica
o documento. (JB/Ascom da Presidência da República)
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