O Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), comandado pelo
vice-presidente Geraldo Alckmin, informou que o governo brasileiro vem buscando
negociação, desde o anúncio das medidas unilaterais feito pelo
governo norte-americano, com "base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou
ideológica".
A informação
foi divulgada por meio de nota à imprensa na última semana antes do início do
tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Se nada for
alterado, a determinação do republicano que prevê uma sobretaxa de 50% às importações brasileiras terá
validade a partir da próxima sexta-feira (1º).
"Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de
direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá
aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também
para o governo norte-americano", declarou o MDIC, em nota à imprensa.
Avaliou,
ainda, que o Brasil e os Estados Unidos mantêm uma "relação econômica
robusta e de alto nível há mais de 200 anos".
"O
governo brasileiro espera preservar e fortalecer essa parceria histórica,
assegurando que ela continue a refletir a profundidade e a importância de
nossos laços", acrescentou.
Tarifaço dos EUA
No dia 9 de
julho, Trump publicou uma carta endereçada ao presidente Lula (PT) anunciando
a aplicação de tarifas de 50% sobre todos
os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. Ele
justificou a medida com argumentos políticos e comerciais.
No dia 23,
o presidente dos EUA disse que aplicou tarifas de 50% a países com os quais o
relacionamento "não tem sido bom".
Embora não
tenha sido citado diretamente, o Brasil está entre eles. Segundo ele, o
objetivo é pressionar outros países a abrirem seus mercados.
Neste
domingo (27), o secretário de Comércio dos Estados
Unidos, Howard Lutnick, afirmou que as tarifas impostas pelo país entrarão em
vigor no dia 1º de agosto, "sem prorrogações".
Chanceler brasileiro nos EUA
O ministro
das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou neste domingo nos Estados
Unidos e poderá ir a Washington discutir uma saída para o tarifaço se o governo
americano demonstrar interesse em dialogar.
Oficialmente,
Vieira participará de agendas na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova
York, sobre a questão palestina.
A TV Globo/GloboNews apurou que o chanceler indicou que estaria no país
em sinal de disposição para o diálogo, mas que só irá à capital americana se
houver uma sinalização positiva do governo dos EUA para retomar as negociações
sobre as tarifas.
Impacto
Segundo
números da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o
aumento da tarifa de importação dos Estados Unidos a produtos brasileiros tem o
potencial de afetar quase 10 mil empresas brasileiras que exportam para o
governo norte-americano.
Essas empresas, por sua vez, empregam
3,2 milhões de pessoas no Brasil.
Neste mês,
Geraldo Alckmin lembrou que empresas norte-americanas que atuam no Brasil, como
a General Motors, a Johnson & Johnson, a Caterpillar também teriam perdas
com a imposição da tarifa anunciada por Trump.
“Nós queremos todo mundo unido para resolver essa questão. E as empresas
têm um papel importante, tanto as brasileiras, que, aliás tem empresa
brasileira que tem indústria nos Estados Unidos, quanto as empresas americanas.
A General Motors comemorou esse ano, participei do seu centenário no Brasil. A
Johnson & Johnson tem 90 anos, a Caterpillar tem 70 anos, muitas delas
exportam para os Estados Unidos”, disse Alckmin na ocasião.
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, por sua vez, informou que a área econômica já
trabalha em um plano de contingência para ajudar os setores afetados pelo
eventual tarifaço.
"Não
vamos deixar ao desalento os trabalhadores brasileiros, vamos tomar medidas
necessárias", declarou o ministro Haddad. (g1)
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