O
presidente destacou que, mesmo diante dos avanços tecnológicos e da capacidade
global de produção de alimentos, o mundo ainda convive com a injustiça da fome
e da exclusão. "Hoje, tanto nossa capacidade de agir coletivamente quanto
o otimismo que nos animava estão abalados. Os desafios se aprofundaram, mas não
temos alternativa, senão persistir. Enquanto houver fome, a FAO permanecerá
indispensável".
PLATAFORMA GLOBAL — Criado em
1945, o Fórum Mundial da Alimentação é uma plataforma global para acelerar a
transformação dos sistemas agroalimentares, em consonância com a Agenda 2030 e
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
Estruturado em três pilares — Juventude, Ciência e Inovação, e Investimentos —,
o Fórum adota os “quatro melhores” (four betters) que orientam a gestão do
diretor-geral, Qu Dongyu: melhor produção, melhor nutrição, melhor meio
ambiente e melhor vida. A edição de 2025 será marcada por uma série de
atividades comemorativas e de reconhecimento de boas práticas em segurança
alimentar e agricultura sustentável.
IMPACTOS — Os impactos
dos conflitos armados e das barreiras comerciais no agravamento da fome também
foram citados pelo presidente. "A fome é a irmã da guerra, seja ela
travada com armas e bombas ou com tarifas e subsídios. Conflitos armados
desorganizam cadeias de insumos e alimentos. Barreiras e políticas
protecionistas de países ricos desestruturam a produção agrícola no mundo em
desenvolvimento", pontuou.
Na
visão de Lula, combater a fome requer enfrentar também as causas estruturais da
desigualdade e fortalecer o papel das instituições multilaterais. "A FAO é
exemplo de um multilateralismo que escuta os países em desenvolvimento,
valoriza o conhecimento local e constrói soluções adaptadas a cada realidade. O
Brasil tem orgulho de fazer parte da história desta organização",
completou.
COMPROMISSO BRASILEIRO — O papel do
Brasil na reconstrução das políticas sociais e na retomada da segurança
alimentar como política de Estado é uma das agendas prioritárias do governo
brasileiro. "Desde 2023, temos trabalhado incansavelmente para reconstruir
políticas sociais. As sementes que plantamos frutificaram. Neste ano, a FAO
anunciou que o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome. Trinta milhões de pessoas
começaram a almoçar, jantar e tomar café", afirmou.
Segundo
Lula, o país alcançou, em 2024, a menor proporção de domicílios em situação de
insegurança alimentar grave da história, interrompendo um ciclo de exclusão e
reafirmando a soberania nacional.
"Um país soberano é um país capaz de alimentar o seu povo. O
combate à fome devia ser uma luta perene. Não se trata de assistencialismo — é
preciso colocar os pobres no orçamento e transformar este objetivo em política
de Estado", disse.
FINANCIAMENTO — Ao defender
a ampliação do financiamento internacional para o desenvolvimento, Lula
ressaltou que os governos precisam ter condições concretas de agir. "A
fome é inimiga da democracia e do pleno exercício da cidadania. É possível
superá-la por meio de ação governamental. Mas governos só podem agir se
dispuserem de meios. Por isso, ampliar o financiamento ao desenvolvimento,
reduzir custos de empréstimos, aperfeiçoar sistemas tributários e aliviar
dívidas dos países mais pobres são medidas cruciais", explicou.
Ele
assegurou ainda que a fome é um problema político e que as decisões sobre o
destino dos recursos públicos refletem as prioridades de cada Estado. “A fome
é, sobretudo, um problema político. É uma questão de opção, de saber para onde
vai o dinheiro que o Estado arrecada".
MUDANÇAS CLIMÁTICAS — O presidente
também relacionou o combate à fome à crise climática, alertando que os impactos
ambientais ameaçam a produção de alimentos. Para Lula, não haverá justiça
climática sem segurança alimentar e combate à pobreza. "Um planeta mais
quente será um planeta com mais fome. A escassez de água, a perda da
biodiversidade e as catástrofes naturais afetarão a produtividade agrícola e o
preço dos alimentos. A mudança do clima exigirá de nós uma revolução mais verde
e mais inclusiva", informou.
COP30 — O presidente
destacou que a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro, terá papel
central na integração entre as agendas climática e alimentar, e anunciou que o
Brasil lançará, durante a conferência, o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre
(TFFF), que vai remunerar tanto quem investe quanto quem cuida para manter as
florestas em pé.
"Entrelaçar
essas duas lutas será a missão da COP30 em Belém. As contribuições
nacionalmente determinadas podem se tornar veículos para a promoção da
segurança alimentar e nutricional. Isso é possível fomentando a agropecuária de
baixo impacto ambiental, apoiando a agricultura familiar, produzindo bioenergia
e compensando quem preserva a natureza", declarou. (JB com
Assessoria de Comunicação da Presidência)
(JB)
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