
A
procuradora da República Priscila Costa Schreiner, coordenadora do Grupo de
Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério Público Federal (MPF) paulista,
entende que é necessário estimular as denúncias sobre assédio e apologia de
violência contra crianças pela internet.
"A
família deve preservar as provas, fotografar ou imprimir a página e denunciar
atitudes como essa. Isso ajuda na investigação", recomenda a procuradora
da república Priscila Costa Schreiner.
Segundo
Schreiner, a tendência é que a família envolvida prefira deletar imediatamente
as publicações, antes de encaminhar a denúncia ao Ministério Público Federal.
Contudo, os procuradores recomendam sobre a necessidade de colher as provas e
qualquer indício que possa ser visto como crime.
"As
pessoas têm liberdade de expressão, mas isso tem limite", diz Priscila.
Ela explica que, assim que uma denúncia chega ao MPF, o material é distribuído
entre os procuradores.
"Todos os casos são analisados pelo contexto das
mensagens." A procuradora salienta que a incitação a abuso sexual de
crianças pode ser entendida como apologia ao crime, denúncia que é encaminhada
para a Justiça estadual.
De acordo
com a assessoria do Ministério Público de São Paulo, um procurador regional foi
destacado para analisar diferentes denúncias que chegaram até o final da tarde
desta quinta-feira à procuradoria relacionadas ao caso da participante do
programa Masterchef Junior.
Internet não é terra sem lei - O diretor
de educação da ONG Safernet, o psicólogo Rodrigo Nejm, considera muito graves
os comentários a respeito da garota de 12 anos. "Esses discursos
agressivos que fazem apologia a sexo e à violência contra crianças são
reflexos de uma cultura do estupro e do machismo."
Nejm conta
que a Safernet tem um canal de denúncias anônimas que são encaminhadas à
Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. "É importante
deixar claro que, na internet, as leis valem da mesma forma", ressalta.
Ele acrescenta que devem ser repudiadas mensagens que tratam sobre alegação de
consenso, com relação a menores de idade, na relação sexual. "Isso é
considerado abuso de vulnerável. É crime também a conversa de teor sexual com
crianças e adolescentes."
O artigo
241 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê as situações de crimes,
que incluem a posse e a distribuição de imagens de crianças com teor sexual. O
psicólogo recomenda que ninguém compartilhe mensagens como essas, mesmo que
seja para repudiar ou denunciar. "Essas pessoas que publicam mensagens
ofensivas querem, na verdade, audiência a esses discursos. É importante não dar
essa audiência".
Saiba onde denunciar crimes cibernéticos
Site da Safernet: mantido pela equipe
da Safernet, o site recolhe denúncias anônimas relacionadas
a crimes de pornografia infantil, racismo, apologia e incitação a crimes contra
a vida, entre outros.
Canal do Cidadão do MPF: O Ministério
Público Federal recebe denúncias de diferentes tipos. A pessoa pode optar por
manter os seus dados sigilosos ou não. A Procuradoria-Geral da República
recomenda aos cidadãos apresentarem o maior número de provas para que o
processo possa ter mais agilidade.
Disque 100: Outro canal para realizar denúncias de
casos de abuso ou violência sexual é o Disque 100, serviço coordenado pelo
Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. O Disque 100
funciona 24 horas por dia, as ligações são gratuitas e podem ser feitas de
qualquer local no Brasil. A denúncia é anônima e as demandas são encaminhas
para as autoridades competentes.
Dicas aos se deparar com um crime cibernético
1) Guarde
todas as provas e indícios possíveis
2) Tire
fotos das denúncias, "print screen" e imprima o material
3)
Registre as denúncias com o maior número de detalhes
4) Não
compartilhe ou replique comentários ofensivos ou que incitem ao crime
5) Crie
uma rede de proteção às crianças vítimas de assédio, não permitindo que ela
fique exposta aos comentários ofensivos nas redes sociais
(Fonte:
Jornal do Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário