Em uma tarde fria, no dia 13 de fevereiro de
1943, nascia em Campo Grande, hoje Guaraciaba do Norte, uma criança que na pia
batismal recebeu o nome de José e no Cartório do “seu” Catunda o nome de José
Elisiário de Melo Nobre. Nasceu em uma casa humilde, alugada do Sr. José
Ribeiro, que após demolida deu lugar a avenida que segue até a praça da Igreja
Matriz.
Filho de Vicente Nobre de Sousa e Francisca
de Melo Nobre. Ele agricultor, político, exerceu em Guaraciaba do Norte o cargo
de Prefeito, no período de 1950 a 1954. Foi Funcionário Público Federal dos
Correios, trabalhando inicialmente em Guaraciaba do Norte e posteriormente
transferido para Fortaleza, onde já aposentado, aos 74 anos, partiu para a
eternidade em 1º de novembro de 1983. Ela, de prendas do lar, mulher muito
corajosa, destemida, mãe carinhosa e responsável, chegou aos 101 anos e 7
meses, voltando para a casa do Pai em 16 de outubro de 2014.
Elisiário tem como irmãos: Eulene Maria Ferro
de Sousa (in memoriam), Luiz Orlando de Sousa Nobre (in memoriam), Maria Emilda
Melo de Sousa, Francisco Eudes Melo de Sousa,
Ana Neusa de Melo Sousa, Maria Anicilda de Melo Sousa, Maria Célia Melo
Odísio e Maria do Carmo Rocha Lima.
Elisiário teve seus primeiros estudos em
Guaraciaba do Norte onde aprendeu suas primeiras letras, estudando com a
professora Dayse Lemos e depois na Escola Reunida.
Durante um ano estudou no convento dos frades
em Tianguá. Após concluir o primário mudou-se para a fazenda Riacho Seco,
aproximadamente uma légua de Reriutaba, de onde se deslocava diariamente, a pé,
para assistir aulas no Instituto José Macedo. Nos dias de educação física (às
segundas-feiras) era preciso chegar às 5 horas da manhã, saindo de casa por
volta de 3 horas.
A infância, em Guaraciaba do Norte, foi de
muita diversão, muitas brincadeiras, reunia-se um grupo formado por
Ferreirinha, José Neudo, Leunam, José Abner, Solimar, Elianice, Edilma e vários
outros jovens que, após a escola, enchiam o tempo jogando futebol, com passeio
pelos sítios, para chupar cana, beber garapa, comer rapadura quente. À noite
reuniam-se novamente com novas brincadeiras, porque naquele tempo não existia
televisão.
Às 9 horas da noite recolhiam-se todos em
suas casas, porque a luz do motor que iluminava a cidade só ia até às 21,30
horas.
Desde pequeno, com os pais profundamente
religiosos, acostumei-me a rezar o terço em família, todos os dias, às 18
horas, em frente ao santuário, em casa. Por ser um momento de muita seriedade,
era geralmente a ocasião em que os irmãos por qualquer coisa começavam a rir, e
contavam sempre com a repreensão imediata do pai.
Fui acólito, ou coroinha, ajudando sempre o
Vigário, na celebração das missas ou outros atos religiosos. Assim,
praticamente durante a semana e aos domingos estava sempre ajudando o padre na
igreja. Essa convivência com as coisas da Igreja e o estímulo que o
Monsenhor Antonino dava aos acólitos, àqueles que demonstravam algum
interesse em ingressarem no Seminário, foi uma motivação a mais para que se
pensasse mais positivamente na possibilidade de estudar para ser padre,
começando daí uma conversa com os pais para amadurecerem a ideia.
Quando já estava em Reriutaba, em 1956, já com um novo vigário, Monsenhor Otalício
assumiu com mais interesse a ideia de encaminhar-me ao seminário de Sobral,
inclusive fazendo os primeiros contactos com o reitor.
Ingressei no seminário da Betânia, em Sobral
em 1957, permanecendo até o ano de 1962.
Os primeiros dias e meses foram bastante difíceis: muita saudade dos
pais, sistema de vida totalmente diferente, muito rigor nos horários, muitas
horas de silêncio durante o dia, deslocamento para capela, refeitório sempre em
filas e em silêncio. O início realmente foi difícil, mas depois, com uma certa
adaptação, as coisas foram mudando e a vida parecia mais normal. Vieram o
estudo, o campeonato de futebol, as visitas à cidade e já se estava adaptado a uma nova realidade
O Seminário menor da Betânia era muito rico
de ensinamentos e exemplos de vida. A cada ano que passava os conhecimentos se
avolumavam e se ia amadurecendo, tomando consciência da nossa responsabilidade.
No seminário vivia-se para estudar, rezar e brincar. Havia um clima de muita
harmonia e um ambiente agradável em que todos se sentiam bem. Os padres muito
amigos: Pe. Marconi Montezuma, Pe. José Linhares, Pe. Oswaldo, Pe. Lira, Mons.
Arnóbio, Pe. Austregésilo e outros. Tudo passava rápido, porque, além dos
horários de estudo, os campeonatos de futebol e outros esportes preenchiam
muito o tempo. O passeio na serra da Meruoca, em setembro, na Semana da
Pátria, era esperado por todos.
O período em que passei no seminário
deixou marcas indeléveis, além dos conhecimentos e como pesquisar esses
conhecimentos e os valores morais que ficaram arraigados na personalidade. Se
não tivesse sido seminarista, hoje, com certeza, não seria a pessoa que sou.
Agradeço a Deus por ter passado esses anos no Seminário da Betânia.
Após concluir o curso no Seminário da Betânia
fui para o Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde fiz três anos de Filosofia.
Concluída a Filosofia, discordando da maneira como estava implantado o sistema
de educação dos padres lazaristas,
educando padres seculares, alguns seminaristas resolvemos abandonar o
seminário.
Fiz o vestibular na Faculdade de Direito, no
final de 1966, concluindo o curso em 1970. Recebida a inscrição da OAB-Ce no
início de 1971, comecei a advogar em
Fortaleza e atendendo também algumas comarcas do interior. Fui Assessor Jurídico e Educacional das
Prefeituras de Hidrolândia, Ipueiras, Guaraciaba do Norte, Carnaubal no período de 1971 a 1976.
Terminada a faculdade de Direito, fiz o Curso
de Licenciatura em Direito e Legislação na Universidade Estadual do Ceará; Habilitação em Administração Escolar também
pela Universidade Estadual do Ceará. Fiz
o Curso de Administração Pública para Prefeitos de nível superior, promoção da
Faculdade de Direito da UFC.
No ano de 1976 , em Guaraciaba do Norte,
ingressei na política, com o apoio do ex-prefeito José Maria Melo, exercendo o mandato de 1977 a 1982. Vim a exercer
o mandato de Prefeito novamente em 24/10/2004 até 30/12/2004 em face da
renúncia do Prefeito Assis Teixeira Lopes. Por dois mandatos exerci a função de
Vice-Prefeito.
Fui o único Prefeito do Brasil convidado a
participar de uma Interparlamentar em Praga (República Tcheca em 1979) como
representante oficial do Brasil, com Passaporte Diplomático, onde estavam representantes de mais de 100
Países.
Fui condecorado três vezes, como um dos 10
melhores prefeitos do Ceará, nos anos de 1980, 1981 e 1982.
Em Fortaleza, fui Professor de História no
Instituto Christus, e de Direito e Legislação nos colégios Capistrano de Abreu,
Nossa Senhora das Graças, Imaculada Conceição, Joaquim Nogueira, Presidente
Castelo Branco e Colégio Castelo.
Fui Diretor do Instituto Carneiro de Mendonça
da Fundação do Bem-Estar do Menor do Ceará; Diretor do Núcleo de Menores Desembargador Olívio Câmara da FBEMCE; Diretor da Fundação do Bem-Estar
do Menor do Ceará; Diretor CDA-1 da Secretaria para Assuntos Municipais do
Governo do Estado; Assessor da Comissão de Estudos da Assembleia Legislativa do
Estado do Ceará, que reformulou a Lei Orgânica dos Municípios e da Carta
Constitucional do Estado do Ceará por ato do Governador do Estado de
15/12/1983. Fui também Professor e Vice-Diretor da Escola Mons. Antonino, em Guaraciaba.
Em 1971, casei-me com Sonha Malaquias Nobre e
tivemos os seguintes filhos: José Elisiário de Melo Nobre Júnior, formado em
Direito e habilitado em História e Geografia e trabalha na Secretaria de
Polícia do Estado. Érika Marques Nobre, formada em Terapia Educacional,
trabalha na Secretaria de Saúde da
Prefeitura de Fortaleza, e atende sua clientela particular e presta
assessoria a empresas. Karenina Marques Nobre formada em Informática e trabalha
em empresas da área.
Divorciado do primeiro casamento, constituí
uma nova família com Gláucia Nívea Torquato de Sousa, formada em Biologia e Química e com Pós-Graduação em
Biologia. Nasceram Luís Orlando de Sousa Nobre, hoje com 12 anos e Luís Eduardo
de Sousa Nobre, atualmente com 6 anos.
Aposentei-me como Professor do Estado
e da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará como Técnico de Instrução
Legislativa. Em rápidas pinceladas está aí a vida do betanista Elisiário Nobre.
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