sábado, 4 de outubro de 2025

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa (Do Jornal Correio da Semana - Sobral-CE - Sábado - 04.10.25)

“À cavalo” ou “A cavalo”?

A forma correta é: a cavalo. Esse “a” não deve ser craseado, pois seria isso um erro grotesco. Antes de palavras do gênero masculino não se usa crase. Existem exceções: sapato à Luís XV; Escrever à Machado de Assis (à moda, à maneira como o grande escritor escrevia). 

História ou estória?

A grafia correta é história, seja ficção ou a história real. O gramático Francisco Silveira Bueno, em seu Dicionário Escolar (FENAME), diz textualmente que “store” é inútil, imitação do Inglês. 

Acender X Ascender

É muito comum a confusão que os leigos fazem com essas duas palavras. Acender significa atear fogo, queimar, fazer arder. O segundo termo - ascender (com s) - significa subir, elevar-se. Ex.: Paulo, funcionário muito dedicado ao trabalho, ascendeu rapidamente na empresa, isto é, ocupou cargos elevados. 

Devem haver três semanas

Solecismo crasso. O auxiliar do verbo haver, impessoal, fica invariável. Logo, deve dizer-se: Deve haver três semanas. 

Ele fez eu tropeçar

O correto será: Ele fez-me tropeçar. Toda vez que o pronome for complemento de um verbo e, ao mesmo tempo, sujeitou de outro (no caso, “eu” é complemento de “fez” e sujeito de “tropeçar”) deve estar no caso oblíquo. E assim diremos: Mandou-me passear (e não: Mandou eu passear). 

Ela mesmo

Erro flagrante. Sendo “mesmo” e “próprio” demonstrativos de identidade, concordam com o termo a que se referem. Ex.: Ela mesma se castigou; Eles mesmos... Nós próprios. 

Ele tinha pego o ladrão

O único particípio do verbo pegar é pegado. Logo, diga se: Ele tinha pegado o ladrão. 

A gente estava muito ocupada

Na linguagem comum, “a gente” costuma empregar-se em lugar de “eu”. Neste caso, a concordância com “a gente” (separado) deve ser feita por silepse. Isto é: deverá dar-se com a ideia oculta que está por trás de “a gente”, saber se é pessoa do sexo masculino ou do sexo feminino. Ex.: A gente estava muito ocupada ou ocupado. Depende do sexo do falante. Não devemos dizer como estão fazendo atualmente: A gente queremos; A gente fizemos.

Expressar-se assim é cometer erro crasso de concordância. A Banda Ultraje a Rigor tem uma música cujo título é “A gente somos inútil”, mas isso é uma sátira, uma gozação que os compositores fizeram. 

Doente grave

É muito comum ouvir-se a frase: O doente estava muito grave. A impropriedade da expressão ressalta logo. Não é o doente que está grave, é a doença que é grave. Diga corretamente: O doente está mal. 

Dizer para ele

Este solecismo muito em voga deve ser intransigentemente evitado. Diga corretamente: Dizer-lhe. É verdade que se pode empregar a expressão “Dizer para ele vir” ou, mais elegantemente: “Dizer que ele venha”. 

Diminuitivo

Esse barbarismo deve ser corrigido para diminutivo, pois é a forma correta. Porque deriva do latim “diminutivus”. 

Duvidar que

Este verbo também admite a regência “de que”. Ex.: Duvido que (ou, de que) isso se tenha passado. 

(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.

 

 

 

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