segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Lula e Trump conversam sobre tarifaço por vídeo e acertam novo encontro para 'breve'; o que se sabe

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou com o americano Donald Trump por videoconferência nesta segunda-feira (6/10).

Em nota, o Planalto afirmou que a conversa ocorreu por 30 minutos "em tom amistoso" e informou que ambos concordaram em se encontrar pessoalmente "em breve".

"O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos."

Participaram, do lado brasileiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Sidônio Palmeira (Comunicação) e o assessor especial Celso Amorim.

"O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente", diz a nota.

"[Lula] Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras", segue o texto.

Ainda segundo o Planalto, Trump designou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad.

Mais cedo, Haddad havia dito à imprensa que o encontro foi "positivo".

Passaram-se mais de dez dias desde que Trump mencionou em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) a possibilidade de um encontro com Lula.

Na ocasião, o republicano disse que um encontro poderia acontecer na "semana que vem", prazo que terminou no sábado (4/6).

Naquele dia, em 23 de setembro, Trump contou que havia interagido com Lula por alguns breves segundos nos bastidores da assembleia, em Nova York.

O americano, que discursou logo após o brasileiro, disse diante do plenário da ONU que ambos tiveram uma "química excelente", trocaram um abraço e combinaram o encontro.

Em seguida, Lula disse em entrevista coletiva que estava "otimista" com o encontro e que esperava que a conversa fosse "civilizada".

Havia um temor de que um eventual encontro entre ambos poderia terminar com Trump constrangendo Lula, como ocorreu com o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky, e o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa.

"Trump faz 80 anos em junho do ano que vem. Eu faço 80 anos em outubro desse ano. Não há por que ter brincadeira numa relação entre dois homens de 80 anos de idade. Eu vou tratá-lo com o respeito que merece o presidente dos Estados Unidos, e ele certamente vai me tratar com o respeito que merece o presidente da República Federativa do Brasil", disse Lula na ONU.

Sobre o que poderia estar na mesa de negociação, o mandatário brasileiro mencionou os minerais de terras raras.

"Queremos discutir com mundo inteiro nossos minerais críticos, queremos que empresas que queiram explorar vão para o Brasil", disse Lula, reforçando que as companhias interessadas devem realizar o processo industrial no Brasil e não apenas exportar os minérios.

"Tenho lido bastante. Estou estudando pra ninguém me enganar", brincou o presidente.

Essa reunião formal entre Lula e Trump foi a primeira depois da escalada da tensão entre os dois países desencadeada pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciado pelo americano no início de julho.

A conversa representa uma oportunidade de destravar negociações.

Há meses, o governo americano vem impondo tarifas comerciais e outras medidas contra o Brasil em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro — que é aliado ideológico de Trump e foi condenado em setembro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão por golpe de Estado após perder a eleição de 2022.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro, mudou-se para os Estados Unidos neste ano e desde então tem se empenhado em articulações junto à Casa Branca por sanções ao Brasil, tentando pressionar pela absolvição e anistia do pai.

As sanções mais recentes foram anunciadas pelos EUA apenas um dia antes do aceno de Trump na ONU: Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro do STF Alexandre de Moraes, e a empresa LEX - Instituto de Estudos Jurídicos, que pertence à família do magistrado, foram submetidas à Lei Magnitsky, que pune estrangeiros considerados pelo governo americano como autores de graves violações de direitos humanos e práticas de corrupção.

Desde o início, Trump deixou claro que as medidas contra o Brasil tinham natureza política e se referiu diversas vezes ao julgamento de Bolsonaro como uma "caça às bruxas".

(Fonte: BBC)

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