As perdas totais representam 40,31% da água
produzida, porcentagem acima da meta de 25% definida pela Portaria 490/2021, do Ministério da
Integração e do Desenvolvimento Regional.
As regiões Norte (49,78%) e Nordeste (46,25%)
registram os piores índices. Estados como Alagoas (69,86%), Roraima (62,51%) e Acre (62,25%)
desperdiçam mais da metade da água distribuída. Já Goiás (25,68%), Distrito Federal (31,46%) e São Paulo (32,66%) têm os
melhores indicadores.
É
considerada perda de água aquela que ocorre por causa de vazamentos, erros de
medição e consumos não autorizados. Segundo o estudo, somente as perdas físicas — sobretudo vazamentos —
ultrapassam 3 bilhões de metros cúbicos por ano. Esse volume seria
capaz de garantir água às 17,2 milhões de pessoas que vivem em comunidades
vulneráveis por quase dois anos.
As perdas
também geram custos adicionais para o sistema, segundo o estudo: maior gasto
com químicos, energia, manutenção, uso excessivo de infraestrutura e captação
desnecessária em mananciais já pressionados pelas mudanças climáticas.
O impacto
ambiental é direto. A necessidade de captar mais água do que a demanda real
aumenta a pressão sobre rios, reduz a disponibilidade hídrica e amplia os
custos de mitigação. Em um país que já enfrenta secas prolongadas, calor
extremo e alteração no regime de chuvas, a tendência é de agravamento. O estudo
lembra que cerca de 34 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água
tratada.
“Ainda
vemos um progresso tímido nos índices de redução de perdas de água, enquanto
milhões de brasileiros continuam sem acesso regular e de qualidade à água
potável, fundamental para uma vida digna. Perdemos diariamente mais de 6,3 mil
piscinas de água potável, um exemplo alarmante de ineficiência”, diz Luana
Pretto, presidente-executiva do Trata Brasil.
“Eventos
como secas intensas, alterações nas chuvas e calor extremo têm agravado a
escassez hídrica, afetando nossos rios e desafiando a capacidade do país em
garantir o fornecimento de água para todos. Investir na redução de perdas e na
modernização da infraestrutura não é apenas necessário, mas urgente”,
complementa.
As
discrepâncias regionais mostram que os piores indicadores estão nos locais com
menor capacidade de investimento e maior vulnerabilidade institucional. Para os
autores, reduzir perdas é também uma estratégia de adaptação climática,
essencial no cenário discutido durante a 30ª Conferência das Nações Unidas
Sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Segundo o estudo, se o Brasil reduzisse o índice
atual para os 25% previstos pela regulação, economizaria 1,9 bilhão de m³ de
água — volume equivalente ao consumo de 31 milhões de pessoas em um ano. O ganho econômico estimado
é de R$ 17 bilhões até 2033, valor que aumentaria a resiliência dos municípios
e ampliaria a oferta de água em meio ao avanço das mudanças climáticas.
(Ag.
Brasil)

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