terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Motorista extermina sua família e se mata


A tragédia ocorreu na região do Jabaquara, zona sul de São Paulo. Por conta de desentendimentos familiares, o motorista José Raimundo Correia Araújo, 56, já havia assassinado a esposa horas antes. Foi à casa da filha e matou logo o genro, a filha grávida, o neto de 3 anos e, em seguida, sentou no sofá e se matou com um tiro na cabeça.
Para mim, noticiar sucintamente esse lamentável fato já é o bastante. Mas para muitos outros comunicadores isso é apenas um preâmbulo para atrair ouvintes, que serão bombardeados com um festival de sensacionalismo que vem logo em seguida. Com direito até de ouvir o choro ou a explosão de revolta dos que gostavam dos mortos. E quando se trata da imprensa escrita, que dá direito a fotografias! Alguns redatores procuram atingir o cúmulo do sensacionalismo ofertando aos leitores as mais repugnantes fotos aproximadas e ampliadas, seguindo fielmente o exemplo de alguns programas de rádio e da telinha.
Mas há quem goste. Existe, sim, um grande público cativo e ávido por cenas de violência. Tanto é que a audiência de quem as propaga explode entre seus adeptos tão logo seja publicada uma grande desgraça. Por outro lado, a prática de repassar e de escutar, ver ou ler notícias sobre violência com muita frequência pode chegar a impedir o uso bom senso. Sem ele, que garante o discernimento do que é bom ou ruim, a tendência é tornar comuns e corriqueiros todos os fatos incomuns. Isso transmite à população a ideia de que tragédias como a relatada acima podem se repetir com qualquer pessoa, a qualquer momento e, o pior, passando a ser consideradas como coisas normais.
É lógico que a imprensa não pode fechar os olhos à realidade e, de modo especial, à violência que ultimamente desconhece dia, local e horário para acontecer. Mas é dever de todo profissional responsável e ético saber como repassar através do rádio, jornal ou da televisão as notícias que envolvem violência.
O verdadeiro formador de opinião antecipadamente avalia o impacto que a informação causará em quem vai recebê-la: se lhe fará bem ou mal; se apenas lhe incitará o ódio ou um questionamento racional; enfim, se irá acrescentar algo de bom e construtivo no ouvinte, leitor ou telespectador. Há, também, os profissionais da comunicação que visam apenas ao seu bem-estar, visam somente a audiência a qualquer custo. Esses devem ser evitados, pois prestam um grande desserviço à sociedade.
Infelizmente a tragédia de Jabaquara será prato cheio durante muitos dias para centenas desses profissionais que se alimentam da violência. Mas, já que até das coisas ruins devemos tirar lições, o caso me inspirou a dar uma sugestão àqueles que trilham os caminhos da boa comunicação. Que busquem com a população algumas respostas que possivelmente livrarão muitas pessoas do mesmo fim trágico da família paulista. Por exemplo, que tal descobrir como discutir e resolver com serenidade problemas conjugais e familiares? Como não guardar rancores? Como não agir em momento de raiva? Como atrair mais Deus para as famílias?  E, a todos da imprensa, lanço meu apelo: Dá para experimentar esse enfoque diferente? Garanto: Todos sairemos ganhando.

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