Professor Pedro van Ool
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Há mais de quarenta anos prestando relevantes serviços, o
educador foi responsável pela formação de milhares de jovens que atualmente são
destaques em diversas atividades profissionais. Foi sepultado na terça-feira, 13,
no Cemitério Jardim Eterno deste município, com a presença de familiares,
autoridades, colegas, amigos, alunos, ex-alunos e admiradores.
Petrus Johannes van Ool (nome
oficial) nasceu em 18 de fevereiro de 1934, em Waalre, Holanda. Oriundo de
família humilde, desde cedo demonstrava rara inteligência e amor aos estudos.
Foi merecedor do respeito de seus mestres e colegas em toda a sua trajetória
escolar, quando demonstrou forte vocação para História e Línguas, o que
justifica ter-se tornado brilhante poliglota. No final da década de cinquenta,
ainda como intérprete de viagens, conheceu o Brasil e decidiu que retornaria
para nele trabalhar.
Depois de ordenado pela
Congregação do Santíssimo Sacramento em 1963, ainda na Holanda, adotou o nome
de Pe. Clemente e veio para o Brasil. Sentiu mais próximo a concretização do
sonho de colaborar com a Igreja Católica na função de padre da roça. Não se
podendo fixar no campo, exerceu o sacerdócio na área urbana durante o período
de
Em 1967, por razões pessoais
resolveu deixar o sacerdócio, passando a dedicar exclusivamente ao magistério.
Mas continuou a manter boas relações com a Igreja e colegas do clero, inclusive
permanentemente prestando-lhes importante colaboração. Passados quase quatro
anos afastado da batina, optou pelo matrimônio. Em 12 de julho de 1970 casou-se
com Zuneide Pontes van Ool, com quem teve os filhos Francismine e João Felipe.
No magistério, onde mais atuou e tornou-se
conhecido e respeitado, o trabalho do Professor Pedro ocupa capítulo especial
na história do Colégio Sobralense. Como seu diretor fez uma visível revolução,
conforme atesta Pe. Osvaldo Carneiro Chaves: “De novembro de 1966 a junho de 1967 assumiu
a direção do Colégio Sobralense o Prof. Pedro van Ool. Petrus Johannes van Ool
foi um mágico em administração escolar: finanças equilibradas, novo
professorado, matrícula quase triplicada, pela primeira vez com classes mistas,
disciplina reorganizada. Pela primeira vez professores e simples pessoal de
serviço tiveram assinada sua carteira de Ministério do Trabalho.
Era uma nova
ordem de coisas. Não lhe sendo, entretanto, possível, por motivos pessoais,
continuar na direção do Colégio, entregou-a ao Pe. José Linhares Ponte que
voltava da Alemanha nesse mesmo ano de 1967. Pe. José Linhares dirigiu o
Colégio até 1979” .
E Pe. Osvaldo Chaves arrematou: “Mons. Aloísio foi grande em 32 anos, Petrus
van Ool foi imenso em 7 meses e alguns dias. Particularmente grande foi Pe.
José Linhares como Diretor. Soube com mão de mestre e lucidez incomum continuar
a ampliar a ordem de coisas estabelecida pelo extraordinário holandês, meu
Diretor sete meses”.
O afamado educador holandês, Cidadão Sobralense por Título concedido pela
Câmara Municipal, também dirigiu outros estabelecimentos de ensino de Sobral,
como a Escola dos Meus Filhos, e um em Itapipoca (CE).
Em Sobral lecionou principalmente
Inglês, Português e História nos Colégios: Estadual Dom José Tupinambá da
Frota, Santana, Luciano Feijão e Centro Educacional Maria Imaculada
(Patronato). Por muitos anos também foi professor da Universidade Estadual Vale
do Acaraú (UVA). Depois de aposentado, ensinava particular Inglês, Francês,
Alemão, Português, dentre outros idiomas. Foi o fundador do primeiro Pensionato
para alunos de outros municípios que vinham estudar nesta cidade. Hoje, sob a
administração do filho João Felipe, é um dos melhores pensionatos de Sobral.
Na área literária, em 1997 Prof.
Pedro publicou o livro “Retorno - Lembranças e Reflexões” (02 edições),
narrativa emocionante de fatos por ele vividos ou vistos na Segunda Guerra
Mundial, e “Uma análise da cultura ocidental” (1980). Além desses, escreveu a
História do município de Amontada (CE), a pedido do prefeito da época.
Professor Pedro também se destacou
na área cultural como diretor do Teatro São João. Atuou como autor e diretor de
várias peças, tais como, Luzia Homem, de Domingos Olímpio, dentre outras.
Prestou valiosa colaboração nos corais da Catedral, regendo e cantando nos Atos
da Semana Santa.
Na imprensa local, foi
colaborador do Correio da Semana e do Programa Artemísio da Costa, inicialmente
na Rádio Educadora, depois na Ressurreição, toda quarta-feira, às 10h. Antes
disso, teve brilhante participação nos programas do poeta e radialista Pinto
Carneiro. Como poliglota e intérprete, Professor van Ool era muito requisitado
para fazer traduções para grandes empresas e para profissionais liberais que desejavam
visitar o exterior ou apenas aprender um novo idioma.
Foi-se Professor Pedro. Mas ficou
a lição de um homem de vastíssima cultura, de extrema facilidade na transmissão
de suas ideias, atualizado e atento aos mais importantes temas locais,
nacionais e mundiais, e detentor de inolvidável experiência de vida. Às vezes,
considerado zangado, birrento e até mesmo “brigão”, mas isso quando se tratava da defesa dos seus
ideais e dos seus (e nossos) direitos. Por conta disso, muitas vezes foi incompreendido,
e até perseguido, por aqueles a quem direcionava sua crítica. Por outro lado,
era humilde bastante para abrir mão de suas convicções, quando contestadas de
forma convincente e com a devida comprovação de que não estavam corretas.
Provavelmente devido à sua
riqueza cultural, Prof. Pedro van Ool tinha uma maneira de viver muito simples,
humilde e era sempre prestativo. Infelizmente, chegou a amargar a falta do
devido reconhecimento e a gratidão de muitos que por ele foram beneficiados.
Mas, certamente, hoje recebe a recompensa de Deus.
(Publicado novamente a pedido de ex-alunos e admiradores do Prof. Pedro
van Ool)
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