sábado, 4 de janeiro de 2014

De Olho na Língua - Prof. Antônio da Costa - antoniodacosta53@hotmail.com – (Do Jornal Correio da Semana - 04.01.14)

POR QUE MAISENA SE ESCREVE COM “S”?
Porque “maisena” nos vem do nome nativo da planta (Mahis), conhecida cientificamente como “Zea Mays”, milho nativo da América. Muitos se deixaram levar por aquele nome da caixinha amarela, presentes nas cozinhas brasileiras, MAISENA, que não passa de mera marca registrada.

É OU SÃO UMA HORA DA TARDE?
O verbo “ser” sempre concorda com as “horas”. Exs.: São treze horas; São duas horas; É uma e vinte da madrugada; É zero hora. Assim sendo, “São doze horas”, mas “É meio dia”; “São doze horas e trinta minutos”, mas “É meio-dia e meia”.

O VERBO SOBRESSAIR JÁ PODE SER USADO COMO PRONOMINAL?
Não, de jeito nenhum! O verbo sobressair, desde que a língua portuguesa surgiu entre as Flores do Lácio, classifica-se apenas como verbo transitivo indireto (Ela sobressaiu a outras candidatas) e como verbo intransitivo (O goleiro sobressaiu nesse jogo). Há, no entanto, um dicionário por aí que registra o verbo como pronominal, abonando esta construção: O goleiro “se” sobressaiu nesse jogo. Nesse dicionário, no entanto, como você já sabe, tudo é perfeitamente normal.

AGORA EU SEI O QUE É TER MEDO DE LADRÃO / EU O ENCONTREI PREOCUPADO
Nesses dois casos, temos ambiguidade, provocada pela construção sintática. Medo de ladrão, no primeiro caso, é o medo que o ladrão sente ou provoca? Trata-se de uma construção em que “de ladrão” é adjunto adnominal ou complemento nominal?
No segundo caso, “preocupado” se refere ao sujeito “eu” ou ao objeto “o”?  Temos um predicativo do sujeito ou do objeto?
Além desses problemas de ambiguidade, a sintaxe pode ser vista como um recurso semântico altamente expressivo. É comum, por exemplo, dizer que a concordância entre entre verbo e sujeito em muitos casos é “facultativa”. Isso acontece com sujeitos formados por pronomes indefinidos plurais (muitos, poucos, alguns), seguidos de pronomes pessoais do plural (nós, vós). Diz-se que, nesses casos, o verbo concorda “indiferentemente” com o pronome pessoal (assumindo a mesma pessoa do pronome) ou com o pronome indefinido (assumindo a forma de terceira pessoa do plural): Alguns/ muitos/ poucos de nós fizeram/fizemos essa reivindicação.
Observe atentamente o exemplo acima: Numa reunião, diante de um público interessado, alguém que usasse a terceira pessoa do plural (alguns de nós fizeram) estaria negando sutilmente sua participação no movimento reivindicatório. A primeira pessoa do plural (alguns de nós fizemos), ao contrário, indicaria plena integração ao grupo que luta por alguma coisa. Aliás, a prova mais concreta contra a “opção” de usar qualquer uma das construções é colocar na declaração alguma coisa pejorativa, como no exemplo: Alguns de nós são corruptos/ Alguns de nós somos corruptos. Observe que a primeira declaração é uma acusação; a segunda, uma confissão.


(*) Professor Antonio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Contatos: (088) 9409-9922 e (088) 9762-2542.











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