No Dia Mundial das Doenças Raras, lembrado hoje
(28), associações e pacientes cobram que elas sejam amplamente discutidas
dentro das próprias faculdades de medicina, na tentativa de acelerar o
diagnóstico e melhorar o prognóstico de quem depende de tratamento.
São consideradas doenças raras as enfermidades que
acometem até 65 pessoas em um grupo de 100 mil. No Brasil, estima-se que cerca
de 15 milhões de pessoas tenham algum tipo de doença rara, como a doença de
Fabry, de Gaucher, a neurofibromatose, a esclerose lateral amiotrófica (ELA), a
síndrome de Hunter, a osteogênese imperfeita, a hipertensão pulmonar e o
angioedema hereditário.
Mônica Vilela, de 38 anos, foi diagnosticada nos
Estados Unidos com hipertensão pulmonar aos 2 anos e 8 meses de vida. Segundo
ela, trata-se de uma doença extremamente desconhecida do público e da classe
médica. “Conversamos com os pacientes e nem eles sabem ao certo sobre a doença
que têm”, disse.
Segundo Mônica, também é comum encontrar pacientes
que receberam diagnósticos errados até que se chegasse ao problema de fato, o
que pode comprometer a qualidade de vida de quem luta contra uma doença rara.
“Por serem raras, elas ficam escondidas, não chamam
a atenção tanto quanto doenças crônicas como diabetes e câncer que, embora
também sejam graves, são altamente difundidas na sociedade. No caso da doença
rara, dá pra contar nos dedos quem tem e, infelizmente, não há o investimento
necessário”, disse.
Para José Léda, diagnosticado com ELA há dez anos,
é preciso investir no aperfeiçoamento contínuo dos profissionais de saúde e
também das equipes multidisciplinares que atendem os pacientes, como
fonoaudiólogos, fisioterapeutas e enfermeiros. Sandra Mota, esposa de Léda,
também defende a notificação compulsória para o encaminhamento de pacientes com
doenças raras a centros especializados.
“Há pouca coisa a favor dessas pessoas, uma delas é
o tempo. Em um contexto social precário, até elas conseguirem chegar ao serviço
especializado, já se perdeu muito tempo. Então, precisamos de um bom
gerenciamento da saúde dos pacientes”, disse Sandra, que é diretora da
Associação Pró-Cura da ELA.
Na última quarta-feira (25), organizações sociais,
pesquisadores e parlamentares participaram do Seminário do Dia Mundial das
Doenças Raras, na Câmara dos Deputados, e cobraram mais empenho político para
dar visibilidade ao assunto, e celeridade às ações previstas na Política
Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras.
Durante o evento, a secretária de Atenção à Saúde,
Lumena Furtado, disse que em 2015 o Ministério da Saúde pretende trabalhar na
construção de protocolos clínicos para o conjunto de doenças raras. “Assim,
poderemos discutir incorporações tecnológicas e os tipos de serviços
necessários para cada conjunto de doenças”, disse. Ela explicou que também está
prevista a criação de uma plataforma online para troca de informações
entre sociedade, comunidade científica, pacientes e seus parentes. (Ag. Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário