Em mais de quatro séculos de existência
oficial do Ceará, enfim a primeira vice-governadora do estado do Ceará assumiu
em 2015. A história de Maria Izolda Cela de Arruda Coelho se confunde com a de
muitas mulheres que administram família e carreira e precisam ir além quando
assunto é ascensão profissional e respeito em ambientes antes ocupados
preferencialmente por homens.
Na data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a vice-governadora lembra o verdadeiro sentido de se marcar no calendário: a luta iniciada no século XX por igualdade de direitos, salários e respeito.
Psicóloga e professora do
curso de pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Izolda, assim como
a maioria das mulheres que buscam o reconhecimento profissional, percorreu um
longo caminho de formação. É mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública,
tem Especialização em Gestão Pública, além de Especialização em Educação
Infantil.Na data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a vice-governadora lembra o verdadeiro sentido de se marcar no calendário: a luta iniciada no século XX por igualdade de direitos, salários e respeito.
A professora avalia que, apesar de ainda
haver disparidades salariais, elas estão diminuindo gradativamente. “Cada vez
mais se constata um número crescente de mulheres na formação acadêmica,
técnica”. Ela comemora ainda o fato de que o número de inserções da mulher no
mercado de trabalho, inclusive em cargos mais estratégicos, enriquece as organizações.
“Traz uma perspectiva diferente. Nem melhor, nem pior. Apenas diferente”.
A vice-governadora, que ganhou
maior destaque no meio político quando assumiu a Secretaria de Educação do
Estado do Ceará, de 2007 a 2014, e levou o Ceará a ser referência no setor em
todo o País, avalia como “importantíssimo” haver participação da mulher em
ambientes considerados ‘masculinos’, como a política. “A mulher não precisa
imitar o homem, imitar o padrão masculino nesses contextos como o da política.
Ela pode e deve atuar com o seu melhor desempenho e é isso que vai fazer a
diferença. A política é de certa forma de domínio masculino e precisa
melhorar”.
Izolda afirma que um dos
pontos abordados pelo projeto ‘Ceará Pacífico’, que tem como objetivo planejar
a segurança do Estado com base na integração intersetorial e em experiências
nacionais exitosas, diz respeito ao fortalecimento da cultura de paz entre
homens e mulheres. “Queremos uma sociedade mais pacífica o mais breve possível.
Isso passa também pela relação entre homens e mulheres”.
Para que se fortaleçam as
conquistas das mulheres, Izolda afirma que é preciso também uma revolução no
universo masculino. “A inserção da mulher no mercado de trabalho é importante.
Mas temos também nossa cultura, nossos hábitos. Talvez as novas gerações
respondam melhor à divisão de tarefas dentro de casa. Se não, sobra para a
mulher um ritmo de trabalho vigoroso. Ela contribui financeiramente, tem
autonomia financeira e em casa pesa sobre ela a dinâmica da organização
familiar. Os homens também vão aprender a ser melhores”.
Ela lembra que durante toda
sua carreira, especialmente ligada à educação, sempre trabalhou na orientação
de projetos pedagógicos que busque uma mudança cultural. “Devemos atentar
sempre para isso, para não lidarmos com meninos e meninas com a cristalização
de modelos que não se adaptam mais as necessidades das famílias, da
configuração de ritmo de trabalho da mulher. Cada vez mais a gente tende para
que esse comportamento dos meninos mude, de se verem também como donos de casa,
de estarem presentes nos trabalhos de rotina de casa”, aposta.

Em seu trabalho como psicóloga
e escritora, Izolda recorda do desafio de ver a escola como um espaço de prevenção
no que diz respeito à saúde mental, na boa integração da pessoa na sociedade.
“Vi coisas importantes acontecendo, como mudanças de comportamento da criança e
dos pais. A gente trabalha com a criança e é importante que alcance a família.
Também já vi muitos relatos emocionantes de professores”.
Essas mudanças já passam pelas
leis. Após a criação da Lei Maria da Penha, inspirada na trágica história da
biofarmacêutica cearense, ela lembra que recentemente foi aprovada a lei que
torna o feminicídio crime hediondo. “A violência contra a mulher não está
aumentando. O que há é que ela está sendo mais denunciada. As mulheres estão
reagindo em buscar ajuda. A sociedade está no passo de tornar isso inaceitável.
Mas ainda temos muito a caminhar nesse sentido”, avalia.
Para ela, é importante que a
mulher reconheça um amparo na sociedade, pela dificuldade de denunciar algo que
acontece nos espaços privados, como intimidação psíquica, sexual, além da
violência física. “Essas ações ficam meio escondidas, como se fosse do
temperamento do homem, e não é. É importante as mulheres cada vez mais
perceberem aquilo que invade o seu espaço de integridade. É absolutamente
necessário combater, de não permitir aquilo. Eu sei que muitas vezes não é
fácil. Há mulheres que são ameaçadas, temem pelos filhos. Mas isso tende a
puxar outas questões de igualdade, inclusive de remuneração. - É a mulher
mostrando que é capaz”, concluiu. (Coordenadoria de Imprensa do Governo do
EstadoCasa Civil)
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