MESTRE JOÃO PAIVA
Atualmente ele é pouco conhecido e já
quase esquecido na cidade, o que é uma lástima. Mas esse granjense foi
merecedor do respeito e da confiança do maior benfeitor de Sobral. Com o aval
de Dom José Tupinambá da Frota, Mestre João Paiva edificou obras que
permanecerão ainda por anos e anos, desafiando o tempo e repassando lições de
engenharia às novas gerações.
João Alves de Paiva nasceu a 6 de outubro
de 1901, em Granja (CE). Passou a infância e a adolescência entre as cidades de
Granja e Camocim, onde se iniciou na arte de construtor. Logo cedo procurou a
cidade de Sobral, crendo que nela pudesse desenvolver seu talento.
Chegando aqui, passou a ser observado
pelo bispo Dom José, que escolhia “a dedo” seus colaboradores. Dada a sua
reconhecida competência, irrefutável honestidade e impressionante senso de
justiça, no ano de 1932 João Paiva “caiu nas graças” do religioso, a exemplo do
que ocorreu com o arquiteto Pedro Viana Madeira.
Começou, então, a trabalhar com Dom José
na construção do Ginásio Diocesano (hoje UVA). Tornou-se seu homem de confiança
em todos os empreendimentos, exercendo a função de mestre-de-obras com plenos
poderes.
São inúmeras as obras em que ficou a
marca do talento do Mestre João Paiva em diversas cidades da região, tais como:
Granja, Bela Cruz e outras, nas quais ele edificou belas igrejas e residências.
Mas as mais importantes concentram-se em Sobral, principalmente as idealizadas
e concretizadas por Dom José Tupinambá da Frota. Dentre elas, destacam-se as
diversas ampliações realizadas no Seminário da Betânia, na Santa Casa de
Misericórdia, na residência episcopal (atualmente Museu Dom José), no Colégio
Santana, no Patronato Maria Imaculada e também a remodelação da Catedral, em
1938. Vale ressaltar ainda que João Paiva participou ativamente da demolição da
antiga igreja de São Francisco, bem como da construção da atual.
Deve-se, também, a seu talento a
participação, em 1948, do lançamento da pedra fundamental para construção do
Abrigo Sagrado Coração de Jesus, que inclui a capela lá existente. Esteve
presente do início à inauguração, em 1953.
Ao lado do Mons. Aloísio Pinto, Mestre
João Paiva construiu a Escola Profissional São José, no bairro Dom Expedito.
Pode-se ainda encontrar em Sobral grande quantidade de residências construídas
sob seu comando. Seus serviços eram constantemente solicitados pelos
proprietários das construções a Dom José, de quem o mestre-de-obras era o
construtor oficial.
Provavelmente, como maior tristeza do
afamado Mestre, uma das realizações mais marcantes da sua vida foi a construção
do túmulo do seu grande amigo e companheiro de luta, Dom José Tupinambá da
Frota, na igreja da Sé. Mas, em sua religiosidade e resignação, Mestre João
sempre dizia que aquilo fazia parte dos ossos do ofício.
A 21 de junho de 1931 João Alves de
Paiva casou-se com Francisca Adélia Paiva. Dessa união nasceram sete filhos:
Miriam, Armando (in memoriam), Walter, Maria de Lourdes, Maria Alice,
jornalista Aluísio Paiva (in memoriam) e Maria de Jesus. Também soube ser pai
com mestria. A todos ele deu exemplar formação religiosa, ética e cultural. Em
1961 morreu a esposa Adélia, passando a exercer a função de pai e mãe.
Depois da morte de Dom José, em 25 de
setembro de 1959, o experiente mestre-de-obras ainda trabalhou muitos anos. Ele
aplicou seus conhecimentos em outras grandes obras em Sobral e região. João
Alves de Paiva faleceu a 10 de janeiro de 1993, aos 92 anos de idade.
Mestre João Paiva na velhice
É lamentável que homens como João Paiva
e muitos outros que dedicaram suas vidas ao desenvolvimento deste município,
que fizeram a história dessa terra, não recebam o devido reconhecimento da
maioria dos sobralenses. E, em especial, da Câmara Municipal. Desse modo, seus
nomes vão caindo no total esquecimento. Isto é, no mínimo, um certificado de
ingratidão. E, parafraseando o jornalista Boris Casoy, repito: “Isso é uma
vergonha”.
Daqui, da nossa sala de Redação, que
fica no prédio do Abrigo Sagrado Coração de Jesus, cuja edificação foi
acompanhada “pari passu” por Mestre João Paiva, externamos o nosso
reconhecimento e a nossa gratidão ao seu incansável e valoroso trabalho. E
aspiramos a que os demais sobralenses também façam o mesmo. Não como um simples
gesto de imitação, mas pelo dever de gratidão e de justiça.
“UMA PRECE PELA ALMA DE JOÃO ALVES DE PAIVA”
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