sábado, 13 de fevereiro de 2016

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa - antoniodacosta@hotmail.com (Do Jornal Correio da Semana - Sobral-CE - 13.02.2016)

MANDATO SE CASSA; ANIMAL SE CAÇA
Há algum tempo, um grande jornal brasileiro publicou este título: “Câmara caça o mandato de deputado acusado de corrupção”. O emprego de palavras muito parecidas entre si costuma provocar erros, com razoável frequência. No caso mencionado, a flexão verbal correta é “cassa”. O verbo cassar é que significa tornar nulo ou sem efeito, fazer cessar. 

Assim, a prefeitura pode cassar a licença de um ambulante da mesma forma que uma pessoa pode cassar a autorização concedida a outra. Por isso também é que um órgão legislativo cassa o mandato (e não mandado, que é outra coisa) de um dos membros. Caçar com “ç” significa procurar, ir em busca de, perseguir. Exs.: Gostava de caçar avoantes; Gostava de caçar perdizes; A polícia caçou os criminosos na mata; O jogador caçou o adversário em todo o campo.

OBESO (PRONÚNCIA)
Em Portugal se diz “obéso”. No Brasil, também deveríamos dizer assim, mas a influência de palavras com a mesma terminação, com “e” fechado (ê), tais como, peso, preso, surpreso, teso, etc. determinou a divulgação da pronúncia “obêso”, que ficou.

ÍDOLO/ÍDOLA
Ídolo é palavra que sempre se usa no masculino, mesmo em referência à mulher: Camila Pitanga é seu maior ídolo; Roberto Carlos é meu maior ídolo.

Outra palavra que só se emprega no masculino é bebê. Não se deve construir: Vou amamentar minha bebê. Diga corretamente: Vou amamentar meu bebê. Não vá na onda do apresentador Faustão, que só emprega ídola.

OBRIGADO/OBRIGADA (USO/EMPREGO)
Homem agradece com obrigado, mas mulher deve dizer obrigada. Obrigado significa agradecido pelo que me fez. Rege a preposição “por”: Obrigado por tudo. A resposta a um “obrigado” ou a um “obrigada” deve ser, portanto, “por nada” ou “não há de quê” ou “não seja por isso”. Muitos, no entanto, usam “de nada” à espanhola. Não erre mais. Faça como o leitor Evandro, da portaria da Cúria Diocesana de Sobral.

OBSOLETO (PRONÚNCIA)
O “e” soa fechado (ê) no Brasil, mas aberto (é) em Portugal. A propósito, pronunciamos no Brasil com “e” aberto: completo, concreto, dileto, discreto, quieto, repleto, reto, secreto, seleto, teto, etc., porém, obsoleto (ê). Não deixa de ser uma incoerência.

SE EU POR, PUZER OU PUSER?
POR (sem acento) é preposição: Eu vou por este caminho. PÔR (com acento) é o infinitivo do verbo: Eu vou pôr o livro sobre a mesa. PUSER é o futuro do subjuntivo do verbo: Se você puser o casaco sairemos.

OBSERVAÇÃO: Nas formas verbais de pôr, o som “zê” é escrito sempre com “s”: Eu pus, tu puseste, ele pôs, pusemos, puseram... Ex.: Ela só sairá se você pôr o casaco (errado); Ela só sairá se você puser o casaco (correto).



(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Escreve esta Coluna toda terça-feira. Contatos: (088) 9409-9922 e (088) 9762-2542.


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