MANDATO SE CASSA; ANIMAL SE CAÇA
Há algum tempo, um grande
jornal brasileiro publicou este título: “Câmara caça o mandato de deputado
acusado de corrupção”. O emprego de palavras muito parecidas entre si costuma
provocar erros, com razoável frequência. No caso mencionado, a flexão verbal
correta é “cassa”. O verbo cassar é que significa tornar nulo ou sem efeito,
fazer cessar.
Assim, a prefeitura pode cassar a licença de um ambulante da
mesma forma que uma pessoa pode cassar a autorização concedida a outra. Por
isso também é que um órgão legislativo cassa o mandato (e não mandado, que é
outra coisa) de um dos membros. Caçar com “ç” significa procurar, ir em busca
de, perseguir. Exs.: Gostava de caçar avoantes; Gostava de caçar perdizes; A
polícia caçou os criminosos na mata; O jogador caçou o adversário em todo o
campo.
OBESO (PRONÚNCIA)
Em Portugal se diz “obéso”.
No Brasil, também deveríamos dizer assim, mas a influência de palavras com a
mesma terminação, com “e” fechado (ê), tais como, peso, preso, surpreso, teso,
etc. determinou a divulgação da pronúncia “obêso”, que ficou.
ÍDOLO/ÍDOLA
Ídolo é palavra que sempre
se usa no masculino, mesmo em referência à mulher: Camila Pitanga é seu maior
ídolo; Roberto Carlos é meu maior ídolo.
Outra palavra que só se
emprega no masculino é bebê. Não se deve construir: Vou amamentar minha bebê.
Diga corretamente: Vou amamentar meu bebê. Não vá na onda do apresentador
Faustão, que só emprega ídola.
OBRIGADO/OBRIGADA (USO/EMPREGO)
Homem agradece com obrigado,
mas mulher deve dizer obrigada. Obrigado significa agradecido pelo que me fez.
Rege a preposição “por”: Obrigado por tudo. A resposta a um “obrigado” ou a um
“obrigada” deve ser, portanto, “por nada” ou “não há de quê” ou “não seja por
isso”. Muitos, no entanto, usam “de nada” à espanhola. Não erre mais. Faça como
o leitor Evandro, da portaria da Cúria Diocesana de Sobral.
OBSOLETO (PRONÚNCIA)
O “e” soa fechado (ê) no
Brasil, mas aberto (é) em Portugal. A propósito, pronunciamos no Brasil com “e”
aberto: completo, concreto, dileto, discreto, quieto, repleto, reto, secreto,
seleto, teto, etc., porém, obsoleto (ê). Não deixa de ser uma incoerência.
SE EU POR, PUZER OU PUSER?
POR (sem acento) é
preposição: Eu vou por este caminho. PÔR (com acento) é o infinitivo do verbo:
Eu vou pôr o livro sobre a mesa. PUSER é o futuro do subjuntivo do verbo: Se
você puser o casaco sairemos.
OBSERVAÇÃO:
Nas formas verbais de pôr, o som “zê” é escrito sempre com “s”: Eu pus, tu puseste,
ele pôs, pusemos, puseram... Ex.: Ela só sairá se você pôr o casaco (errado);
Ela só sairá se você puser o casaco (correto).
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