A Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada nesta sexta-feira (15) pelo Conselho
Nacional de Educação (CNE), servirá como referência para a formulação dos
currículos dos sistemas e das redes escolares estaduais e municipais e das
propostas pedagógicas das instituições escolares. Seu papel será o de orientar
a revisão e a elaboração dos currículos nos estados e nos municípios.
A BNCC é um documento
de caráter normativo, que define o conjunto de aprendizagens essenciais que
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação
infantil e do ensino fundamental, de modo a que tenham assegurados seus
direitos de aprendizagem e desenvolvimento, como determina o Plano Nacional de
Educação (PNE).
A base nacional
estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os
estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Segundo o CNE, o
objetivo da base é elevar a qualidade do ensino no país, indicando com clareza
o que se espera que os estudantes aprendam na educação básica, além de promover
equidade nos sistemas de ensino.
O documento aprovado
hoje não estabelece as diretrizes para os currículos das escolas de ensino
médio. A base para o ensino médio deverá ser enviada pelo Ministério da
Educação ao CNE só no início do ano que vem.
Alfabetização - Uma das mudanças
trazidas pela BNCC é a antecipação da alfabetização das crianças até o 2º ano
do ensino fundamental. Atualmente, as diretrizes curriculares determinam que o
período da alfabetização deve ser organizado pelas escolas até o 3º ano do
ensino fundamental.
“Nos dois primeiros
anos do ensino fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a
alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se
apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao
desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu
envolvimento em práticas diversificadas de letramentos”, diz o texto da base
nacional.
Religião - O texto aprovado pelo
CNE incluiu novamente orientações sobre o ensino religioso nas escolas. O
assunto estava nas versões anteriores da base, mas tinha sido excluído da
terceira verão enviada pelo MEC em abril, e foi recolocado antes da votação.
Segundo o texto
previsto na base nacional, o ensino religioso deve ser oferecido nas
instituições públicas e privadas, mas como já ocorre e está previsto na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a matrícula poderá ser optativa aos
alunos do ensino fundamental. Entre as competências para esse ensino estão a
convivência com a diversidade de identidades, crenças, pensamentos, convicções,
modos de ser e viver.
O CNE ainda deverá
decidir se o ensino religioso terá tratamento como área do conhecimento ou como
componente curricular da área de Ciências Humanas, no Ensino Fundamental.
Gênero - O CNE decidiu avaliar
posteriormente a temática gênero, que foi objeto de muita polêmica durante as
audiências públicas realizada para debater a BNCC. “O CNE deve, em resposta às
demandas sociais, aprofundar os debates sobre esta temática, podendo emitir,
posteriormente, orientações para o tratamento da questão, considerando as diretrizes
curriculares nacionais vigentes”, diz a minuta de resolução divulgada pelo
conselho.
Na versão encaminhada
pelo MEC em abril, uma das competências gerais da BNCC era o exercício da
empatia e o respeito aos indivíduos, “sem preconceitos de origem, etnia,
gênero, idade, habilidade/necessidade, convicção religiosa ou de qualquer outra
natureza”. Esse trecho foi modificado, e o texto aprovado hoje fala apenas “sem
preconceitos de qualquer natureza”.
Competências - Ao longo da Educação
Básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem concorrer para
assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que
resumem, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento
dos alunos.
Conheça as 10 competências
gerais da Base Nacional Comum Curricular:
1. Valorizar e
utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico,
social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e
inclusiva.
2. Exercitar a
curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo
a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos
das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir
as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e
também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar
diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita),
corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens
artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos
que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender,
utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma
crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na
vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a
diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e
experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com
base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e
defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os
direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em
âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado
de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se,
apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na
diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica
e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a
empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se
respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.
10. Agir pessoal e
coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários. (Jornal do Brasil)
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