O Brasil ainda patinando na sua jovem
democracia, com a polarização política sempre gravitando entre os principais
partidos, PSDB e PT, protagonistas do maior tempo de governança desde a
redemocratização, não conseguiu viver novas experiências que não estivessem
vinculadas ao perfil programático destas duas agremiações.
Este enfoque inicial irá delimitar o alcance
da leitura que se faz como observador da disputa política que se apresenta
nestas eleições, sem, entretanto, deixar de divagar sobre as cinco principais
legendas que se apresentam como palatáveis ao eleitor (PT, PSDB, PDT, REDE e
PSL), e com reais possibilidades de encaixar seus projetos de poder.
Neste contexto, analisando o quadro
partidário e a ordem programática dessas legendas, encontra-se muito mais
identificação que discrepância, exceto na personificação de uma delas – PSL, na
figura do polêmico e carismático candidato – que, sem nenhuma dúvida, se
identifica mais acentuadamente com a parcela de eleitores que estiveram órfãos
por todos esses anos com o bipartidarismo (PSDB x PT) à frente dos destinos da
nação.
Não é de hoje que se decanta o perfil do
pensamento de esquerda e de direita. Basta lembrar que na Revolução Francesa, no
século XVIII, os que queriam a queda da monarquia, alinhados ao perfil
mudancista, organizavam-se à esquerda na Assembleia Geral da França, e os que
desejavam a manutenção do antigo regime e conservador, à direita. Assim também o
era o Brasil no início do período Imperial, com o partido Liberal e
Conservador.
Com a queda da monarquia, restou implantada a
chamada República Velha, ou Primeira República, e, como nos dias atuais,
eclodiram partidos de toda ordem: o Republicano Paulista, Republicano Mineiro,
Aliança Liberal e PCB, a título de exemplificação. E, cada vez mais, restou patente
o perfil ideológico de seus simpatizantes e seguidores.
Assim, desde o século iluminista, afloram as
ideologias de esquerda-direita, e esse BINÔMIO de pensamento tem caracterizado
a opção político-partidária de quantos se interessam pela vida política
brasileira.
Adentrando de vez na seara ideológica do
pensamento de esquerda e direita, nos seus conceitos e práticas, tem sido
identificado nas ruas que o eleitor - mesmo sem maiores informações e
consciência desse viés -, manifesta-se como sendo de ESQUERDA ao defender a máxima
participação do Estado para atendimento dos anseios das classes menos
favorecidas, em busca de maior igualdade social. O da DIREITA, ao contrário,
quer menos interferência do governo na vida das pessoas, com ênfase na defesa
das liberdades individuais, com o Estado mínimo.
É exatamente neste enfrentamento ideológico
que, de tempos em tempos, aflora o debate na formação das pautas políticas. Não
é exagero se dizer com mais vigor nestas eleições, notadamente, após os
governos liderados pelo místico ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Não obstante, o eleitor optar por determinado
partido político em razão da ideologia, não é menos verdade que esses mesmos
partidos estão cada vez mais afastados do pragmatismo ideológico, redundando-se
em aglomerados de interesses, mais particulares de que do Estado brasileiro. É
uma completa inversão de valores, com raras exceções dos que se mantêm fiéis ao
seu programa.
Tem sido, portanto, assunto corrente nas
ruas, principalmente entre as camadas mais letradas, que o viés ideológico é o
ponto de definição do Brasil que se quer, e para quem vai governar, mas com
possibilidade de aprofundar mais e mais a divisão das classes sociais. É a
visão pérfida de dois Brasis.
Pós-graduado em Direito Processual Civil e
Direito e Processo Eleitoral.
Especialista em Direito Civil. Sócio fundador
da Bezerra de
Menezes Advogados Associados.
(E-mail:
bezerrademenezesadv@gmail.com).
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